O presidente Jair Bolsonaro abraça a deputada alemã Beatrix von Storch e o marido dela, Sven von Storch
O presidente Jair Bolsonaro recebeu a deputada alemã de extrema direita Beatrix von Storch no Palácio do Planalto. O encontro não constou da agenda oficial. Von Storch é vice-líder do partido Alternativa para a Alemanha (AfD), que foi posto sob vigilância da Inteligência alemã em março deste ano como ameaça em potencial à ordem democrática do país.
A reunião foi revelada por Von Storch, que publicou uma foto nesta segunda-feira no Instagram em que aparece ao lado de Bolsonaro e de seu marido, Sven von Storch. Na semana passada, a parlamentar já havia se reunido com os deputados federais Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e Bia Kicis (PSL-DF). Os encontros com os deputados foram criticados pelo Museu do Holocausto e pela Confederação Israelita do Brasil (Conib). O ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, também recebeu a parlamentar alemã, na quinta-feira.
Von Storch deu diversas declarações xenófobas nos últimos anos, especialmente contra imigrantes. Em 2016, ela sugeriu que a seleção de futebol alemã deveria jogar com menos jogadores imigrantes, depois de o time ser eliminado da competição europeia. Em 2018, ela foi alvo de uma investigação por possível incitamento ao ódio contra os muçulmanos, ao criticar a polícia do estado da Renânia do Norte-Vestfália por publicar uma mensagem de Ano Novo em árabe.
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Em março, o Escritório para a Proteção da Constituição pôs a AfD na categoria de “casos suspeitos”, permitindo a vigilância de suas comunicações ou a introdução de informantes em seus quadros. Foi a primeira vez desde o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, que um partido com representação no Parlamento do país, o Bundestag, foi alvo de tal medida.
Foto: Reprodução
Anteriormente, a ala considerada mais radical da AfD, com base no estado da Turíngia, estava sob monitoramento. Depois disso, o partido decidiu dissolver essa facção interna, chamada A Asa.
Na publicação em que registra o encontro com Bolsonaro, Von Storch afirmou que o Brasil é um "parceiro estratégico" para sua força política.
"Em um momento em que a esquerda está promovendo sua ideologia por meio de suas redes e organizações internacionais em nível global, nós conservadores devemos nos unir mais e defender nossos valores conservadores em nível internacional", escreveu ela. "Além dos EUA e da Rússia, o Brasil é um parceiro estratégico global para nós, com quem queremos construir o futuro juntos."
Ao criticar a reunião de Bia Kicis com a deputada, o Museu do Holocausto, de Curitiba, disse que a AfD tem "tendências racistas, sexistas, islamofóbicas, antissemitas, xenófobas e forte discurso anti-imigração". Já a Conib lamentou a recepção dada a Von Storch e afirmou que a AfD é um "partido extremista, xenófobo, cujos líderes minimizam as atrocidades nazistas e o Holocausto".
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"É evidente a preocupação e a inquietude que esta aproximação entre tal figura parlamentar brasileira e Beatrix von Storch representam para os esforços de construção de uma memória coletiva do Holocausto no Brasil e para nossa própria democracia", escreveu o Museu do Holocausto.
Fonte: O Globo