28 de Marco de 2024 - Ano 10
NOTÍCIAS
Mulher
11/05/2019

Fotógrafa lança projeto 'Enfim... mãe' para homenagear mulheres que enfrentam os desafios da maternidade

Foto: Manu Antunes / Divulgação

Manu Antunes reuniu 14 mães de Belo Horizonte para abordar as dificuldades e as felicidades trazidas pela maternidade; projeto está em exposição na capital.

“Eu venho construindo o diário aprendizado do que é ser mãe”. O relato de Letícia, de 39 anos, moradora de Belo Horizonte, é um dos muitos reunidos no projeto “Enfim... Mãe”, idealizado pela fotógrafa Manu Antunes.

 

Manu reuniu 14 mães para compartilhar com o público os desafios da maternidade em uma exposição. O projeto reúne relatos de várias dificuldades e situações dolorosas pelas quais essas mães passaram. E mostra que a felicidade de ser mãe supera todos os obstáculos.

 

Veja também 

Cartilha da Mulher é distribuída na maternidade Moura Tapajós em alusão ao Dia das Mães

 

“Eu fui vendo que várias mulheres tinham muitos problemas e problemas muito próximos umas das outras. E como a mulher é forte para superar tantas dificuldades!”, resumiu a fotógrafa.


Manu conta que sempre sonhou ser mãe. Desejou se casar cedo para concretizar o sonho o mais rápido possível. Hoje tem duas meninas. “Sou mãe e acho que isso foi o que mais me envolveu [no projeto]”, disse.

 

Fotógrafa Manu Antunes, as filhas Eduarda e Rafaela, e o marido

Ronnie Faria (Foto: Sara Fonseca / Divulgação)

 

Formada em fisioterapia, Manu trabalhou, antes mesmo de engravidar, com grávidas e bebês prematuros. Mas, percebeu que seu caminho não era a fisioterapia e mudou de carreira.

 

Fotógrafa e depois de passar algumas dificuldades na gravidez da primeira filha, aos 29 anos. Hoje, com duas filhas, ela se denomina uma “mãezona”. “Atendo muitas famílias e sou meio mãe de todas as crianças que fotografo”, resumiu rindo e bastante feliz com o caminho escolhido.


O projeto foi executado pela Manu e a equipe Sara Fonseca, Danilo Martucheli e Poliana Martins e Humberto Teixeira, da Rocambole Filmes. A exposição com fotos e relatos de todas as mães participantes está no Shopping Cidade, no centro de Belo Horizonte, durante todo o mês de maio.

 

Cada mãe ainda tem um vídeo que relata sua caminhada pela maternidade. Eles podem ser acessados gratuitamente através de um QR Code em cada foto.

 

Leia abaixo o relato de cada uma das mães participantes do projeto.

 

Sâmia, 35 anos


Sâmia, 35 anos, participante do projeto 'Enfim... mãe'

(Foto: Manu Antunes / Divulgação)

 

Sâmia descobriu em 2013 que precisaria de algumas cirurgias no útero e nas trompas para conseguir engravidar. Mesmo com todo tratamento médico, ela e o marido ainda precisaram fazer a fertilização in vitro (FIV).

 


Na segunda tentativa, engravidaram do Enzo em 2014. E daí foram duas batalhas. A primeira foi entrar em trabalho de parto na 20ª semana. Sâmia ficou em repouso por seis semanas e depois nasceu o filho tão desejado. Apesar de prematuro, Enzo evoluía bem até descobrirem, aos 60 dias de vida dele, um cisto em um dos pulmões. O cisto era tão grande que afetou todos os órgãos do lado direito, além de parar o coração.

 

A cirurgia, com 1% de chance de sucesso, foi feita sem maiores problemas e hoje Enzo é um menino lindo.

 

Simone, 39 anos


Simone, 39 anos, participante do projeto 'Enfim... mãe'

(Foto: Manu Antunes / Divulgação)

 

Aos 27 anos, no primeiro casamento, Simone descobriu, ao tentar engravidar, um problema no sistema reprodutivo que a impediria de fazê-lo por vias naturais. A única opção seria fazer a fertilização in vitro com óvulo doado. Ela enfrentou uma fila para receber o óvulo doado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A resposta positiva só veio depois de sete anos, quando estava se divorciando do primeiro marido.

 

Dois anos depois, conheceu seu atual marido e recomeçou o processo para a fertilização e doação de óvulos ainda pelo SUS. O casal ainda está na fila para receber o óvulo.

 

Mas, em maio de 2018, ela engravidou espontaneamente, contrariando todos os diagnósticos de que ela não seria capaz de produzir óvulos.


Em fevereiro deste ano, nasceu a Antonella. “Um milagre aconteceu comigo e eu só tenho a agradecer a Deus por me deixar ser mãe e sentir o amor mais puro e genuíno que alguém possa ter”, disse.

 

Verlaine, 46 anos


Verlaine, 46 anos, participante do projeto 'Enfim... mãe'

(Foto: Manu Antunes / Divulgação)

 

Verlaine e o marido decidiram engravidar em 2011, ela com 39 anos. As três primeiras gestações aconteceram de forma natural, mas o casal perdeu os três primeiros bebês.

 

Depois, decidiram fazer a fertilização in vitro, que resultou na gestação dos gêmeos Theo e Isis. A família estava, então, completa. Na 29ª semana da gravidez, Verlaine e o marido descobriram que Theo não havia resistido.

 

Verlaine ficou internada e, na 30ª, nasceu Isis, prematura. A pequena precisou ser reanimada ao nascimento e, após dez dias de internação, também não sobreviveu.

 

Após todo o trauma, o casal conseguiu adotar a Natasha, que chegou com um ano de vida para colorir ainda mais a família. “É a coisa mais maravilhosa em nossas vidas e na vida das nossas famílias. Em meio a tantas perdas somos gratos por tudo que vivemos!”, disse.

Naiara, 39 anos


Naiara, 39 anos, participante do projeto 'Enfim... mãe'

(Foto: Manu Antunes / Divulgação)


Naiara e o marido Leo já eram pais do Enzo, que hoje tem cinco anos, quando a Liz chegou.

 

Ela conta que a gravidez estava tranquila, quando na 31ª semana de gestação os médicos viram malformação no coração da pequena . E o exame nesta época revelou a possibilidade de a bebê ser portadora da Síndrome de Down. Foram momentos de angústia, mas também de esperança, antes de a menina nascer.

 

Naiara conta que Liz nasceu com 37 semanas e seu estado de saúde era tão bom e ela estava tão bem desenvolvida que não precisou ficar no CTI.

 

Mas a batalha maior foi quando, com cinco meses, os médicos tiveram que operar o pequeno coração. Após 25 dias e vencendo algumas intercorrências, Liz foi para casa para se tornar a alegria da família. “Nessa história toda, não foi só o coração da Liz que saiu mais fortalecido, foi o coração de todos nós”, disse a mãe.

 

Nayomara, de 35 anos, e Fabiana, de 36 anos


Nayomara, 35 anos, e Fabiana, 36 anos, participante do projeto 'Enfim...

mãe' (Foto: Manu Antunes / Divulgação)

 

Nayomara e Fabiana começaram a namorar em 2008. E em abril de 2010, quando já moravam juntas, as duas decidiram adotar uma criança. Com 147 pedidos de adoção na frente, elas esperaram mais de três anos na fila.


Durante a espera, elas pensaram em engravidar juntas. Mas os exames da Fabiana apontaram que ela não conseguiria. Então, Nayomara fez uma fertilização in vitro com o óvulo da Fabiana.

 

Em 15 dias, o resultado do exame deu positivo e o casal começou a se preparar para a chegada do Salomão. No terceiro mês de vida, os médicos descobriram que o menino teve um torcicolo congênito e precisou ficar um ano em tratamento com fisioterapeutas.

 

Perto do aniversário de dois anos do Salomão, um telefonema anunciou ao casal que havia um menino de mais de 1 ano destinado a elas. Felipe agora é o filho mais novo da família.

 

Ligia, 37 anos


Ligia, 37 anos, participante do projeto 'Enfim... mãe'

(Foto: Manu Antunes / Divulgação)

 

Ligia descobriu, em 2015, a gravidez da primeira filha, Esther. Ela conta que a gestação foi muito tranquila e feliz.

 

No dia do nascimento, após 14 horas de parto, o coração da pequena parou de bater. E mesmo com uma cesárea de emergência e todo o esforço da equipe médica, Esther partiu.

 

A mãe conta que, seis meses após este dia, e apesar do luto, ela e o marido começaram a tentar engravidar novamente. E depois de várias tentativas, ela descobriu que, na cesárea, os médicos haviam deixado o útero rotacionado, o que a tinha tornado infértil. A situação foi revertida após cirurgia.


Dois meses depois, Ligia conseguiu engravidar de novo. Em agosto de 2018, Lorenzo chegou “cheio de saúde e enchendo nossas vidas de esperança e amor”.

 

Viviane, 37 anos


Viviane, 37 anos, participante do projeto 'Enfim... mãe'

(Foto: Manu Antunes / Divulgação)

 

Viviane e o marido decidiram engravidar em 2010. E após nove meses de tentativas e com diagnósticos médicos contrários à possibilidade de engravidar de forma natural, o resultado positivo animou a família.

 

Após cinco meses de uma gestação tranquila, um sangramento indicou o descolamento da placenta. E os sangramentos continuaram constantes até o dia 5 de março de 2012.

 

Viviane tinha 32 semanas de gestação quando teve uma forte hemorragia e, no hospital e sem nenhum planejamento, ela foi avisada que Pedro iria nascer.

 

A mãe teve uma grande perda de sangue e foi encaminhada ao CTI logo após o parto. O bebê também precisou de atendimento na UTIP por ser prematuro. Eles ficaram separados durante sete dias. No 15º dia, os dois foram para casa juntos.

 

Entre 2012 e 2015, mesmo sendo desencorajada pela família, Viviane engravidou novamente. Desta vez, uma gestação “super tranquila”. Depois de 40 semanas, chegou a Gabriela que, segundo a mãe, é “aquela enviada por Deus”.

 

Kennia, 35 anos


Kennia, 35 anos, participante do projeto 'Enfim... mãe'

(Foto: Manu Antunes/Divulgação)


Após um ano de tentativas para engravidar, Kennia e o marido receberam o resultado positivo da chegada da primeira filha. A gestação de Mariana seguiu de forma muito tranquila e sem problema.

 

Logo após nascer, a mãe descobriu uma malformação nas orelhinhas de Mariana. Por um tempo, este era o maior problema do casal até que a pequena começou a ter crises constantes de convulsão. Aos dez meses, a bebê foi internada no CTI, onde passou nove dias. Foram mais seis internações. A família estava angustiada porque ainda não havia diagnóstico.

 

Kennia conta que a filha acabou perdendo todo o desenvolvimento motor que havia adquirido até o início do problema.

 

Foi só quando o médico sugeriu uma dieta cetogênica que o quadro começou a se controlar e a vida da Mariana voltou quase ao normal. A medicação foi reduzida e a pequena recomeçou a adquirir desenvolvimento motor.

 

“E hoje, temos também nossa filhinha Júlia, que chegou cheia de saúde para completar nossa família, no mesmo dia do aniversário da irmã!”, disse.

 

Virgínia, 78 anos


Virgínia, 78 anos, participante do projeto 'Enfim... mãe'

(Foto: Manu Antunes / Divulgação)

 

Após encarar preconceito na família do marido, Virgínia engravidou pela primeira vez em 1963. Ainda grávida, trabalhou em plantação de arroz com o marido, que adoeceu precocemente. Virgínia precisou assumir todas as tarefas sozinhas.


Após a primeira filha vieram mais duas, ainda na roça, todas nascidas com a ajuda de parteiras. Com as três pequenas, o marido teve que se mudar para Belo Horizonte para ser submetido a uma cirurgia, onde ficou por seis meses.

 

Depois, toda a família foi para a capital. Moraram de favor por pouco mais de três anos, e neste momento já com quatro filhas. Com muita dificuldade, a família cresceu até nove filhas.

 

Em 2004, Virgínia encarou sua maior dor. A filha número 4 morreu aos 33 anos. “Hoje sei bem o que é ter a alegria de gerar 9 filhas e a tristeza e a dor de ter perdido uma. Dou graças a Deus por ter me dado o privilégio de ser mãe”, disse.

 

Fabiana, 45 anos


Fabiana, 45 anos, participante do projeto 'Enfim... mãe'

(Foto: Manu Antunes / Divulgação)

 

Fabiana engravidou rapidamente. A gestação seguia sem problemas até o terceiro mês, quando os médicos diagnosticaram um mioma fora do útero. No quarto mês, foi necessário fazer uma cesárea para retirar o mioma, que começou a apresentar um risco para mãe e filha.

 

Passado o susto da cirurgia, Luana crescia forte ainda no útero quando, no sétimo mês, um exame revelou um derrame no pulmão que poderia causar insuficiência cardíaca na pequena.


O tratamento foi uma injeção de corticoide, que deveria fazer o derrame regredir. A mãe era submetida a exames a cada dois dias para saber se o tratamento estava fazendo efeito. E fez! Luana nasceu na 38º semana e foi para o CTI só para monitoramento no pulmão. No dia seguinte, Luana estava com os pais e fora de risco.

 

“Hoje ela está com 13 anos, desfruta do pulmão com muita garra através do esporte que lembra a luta no útero; a minha guerreirinha, é atleta de natação e nos enche de orgulho!”, disse.

 

Thaysa, 39 anos



Thaysa, 39 anos, participante do projeto 'Enfim... mãe'

(Foto: Manu Antunes / Divulgação)

 

Aos 14 anos, Thaysa descobriu que era portadora da Síndrome de Rokitansky e, portanto, não tinha útero. Ela conta que sofreu muito até decidir, aos 14, que este diagnóstico não seria um “não” para a maternidade. Nesta semana, a mãe dela prometeu que, se fosse possível, ela geraria o filho de Thaysa quando a hora chegasse.

 

Aos 30, após cinco anos de casamento, ela avisou a mãe que a hora havia chegado. A mãe, aos 55 anos, já estava na menopausa, mas aceitou gerar o filho da filha por fertilização in vitro. Mãe e filha foram morar juntas para que Thaysa acompanhasse o dia a dia da maternidade.


Aos cinco, Isadora pediu um irmão e perguntou à mãe “quem será a nossa barriga desta vez?”. A avó, então com 60 anos, já não poderia mais. Foi quando a cunhada, irmã do marido, se dispôs a ajudar a família.

 

Cinco tentativas de fertilização in vitro e nove meses depois, nascia Ana Victoria, para homenagear a tia Ana Carolina e a vitória que representava todo o progresso.

 

E para completar, em 2018, o marido de Thaysa soube de que tinha um filho de 20 anos. A família, então estava completa. “Uma surpresa tão boa que só veio pra somar nossa, agora, grande família. Isadora começou o ano de 2018 como filha única e terminou como irmã do meio, feliz da vida!”, disse.

 

Karla, 46 anos


Karla, 46 anos, participante do projeto 'Enfim... mãe'

(Foto: Manu Antunes / Divulgação)

 

Karla e o marido decidiram que queriam engravidar logo após o casamento. Mas, com a demora, se submeteram a vários tratamentos de reprodução assistida. Aos 39 anos, ela foi submetida a uma fertilização in vitro e, enfim, chegou o momento. Eram três bebês.

 

Em determinado momento da gravidez, um descolamento de placenta causou a perda de dois deles. Karla passou o restante da gestação de repouso para não colocar em risco a filha já tão amada.


Logo após o nascimento de Chiara, Karla soube que seu bebê tinha uma malformação chamada atresia de esôfago, que é a ausência do esôfago. A pequena, que não tinha a ligação entre a garganta e o estômago, foi submetida a uma cirurgia com apenas 36 horas de vida.

 

Após dois meses de angústia, enfim chegou a notícia de que a filha poderia receber o abraço da mãe. O primeiro da vida dela.

 

Foram vários anos até que a saúde da Chiara que recuperasse completamente. “Chiara hoje tem 6 anos, cabelos ruivos e cacheados, nossa linda guerreira Valente, como a princesa da Disney”, disse.

 

Letícia, 39 anos



Letícia, 39 anos, participante do projeto 'Enfim... mãe'

(Foto: Manu Antunes / Divulgação)

 

Letícia sempre teve o sonho de ser mãe. E este sonho se realizou três meses após o casamento.

 

No sétimo mês de gestação da Alice, os pais descobriram que a bebê tinha hidrocefalia. Letícia conta que sentiu o chão se abrir mas, mesmo assim, manteve a fé.

 

Uma pediatra que acompanharia a Alice em seu nascimento disse à mãe, 15 dias antes do parto, que estava para começar a pior fase da vida dela e que “sua maternidade não será cor de rosa cheia de coraçõezinhos”. Letícia e o marido dispensaram a médica logo depois.

 

Curtiu? Siga o PORTAL DO ZACARIAS no Facebook e no Twitter.


Alice nasceu com 38 semanas, respirando sozinha e mamando. As dificuldades e limitações da pequena foram sendo conhecidas ao longo dos primeiros meses. Ela venceu uma correção nas perninhas e crises convulsivas.

 

Alice ainda precisa de acompanhamento médico e terapias para ajudá-la. Mas nada diminui o amor. “E eu? Eu venho construindo o diário aprendizado do que é ser mãe! Mãe de uma criança especial, mãe com fé, mãe com alegrias a cada conquista!”, disse.

 

G1

LEIA MAIS
DEIXE SEU COMENTÁRIO

Nome:

Mensagem:

publicidade

publicidade

publicidade

publicidade

publicidade

Acompanhe o Portal do Zacarias nas redes sociais

Copyright © 2013 - 2024. Portal do Zacarias - Todos os direitos reservados.