18 de Abril de 2024 - Ano 10
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19/09/2019

General Braga Netto: 'Homens armados de fuzil não podem ser vistos como uma situação normal'

Foto: Ailton de Freitas

General Walter Braga Netto, interventor na segurança do Estado do Rio de Janeiro

A presença de homens armados de fuzil e dispostos a morrer não pode ser vista como uma situação normal. A afirmação é do general de Exército Walter Braga Netto, 62 anos. Ex-interventor federal na área de segurança do estado, o atual chefe do Estado-Maior do Exército recebe no Rio nesta quinta o prêmio General Joaquim de Sousa Mursa pelos resultados alcançados durante a intervenção federal.

 

Oferecida pelo Sindicato Nacional das Indústrias de Materiais de Defesa (SIMDE) e a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), a honraria contará em sua cerimônia de entrega com a presença do vice-presidente Hamilton Mourão e do governador Wilson Witzel.

 

Durante as eleições de 2018, Witzel recebeu críticas de especialistas e militares por prometer transformar em secretários os responsáveis pelas polícias Civil, Militar e Corpo de Bombeiros. Eleito, o governador cumpriu a promessa.

 

Em entrevista por email ao GLOBO, Braga Netto falou sobre o caso Marielle, a capacidade operativa da polícia e outras questões.

 

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Durante a intervenção federal foram feitas críticas sobre o aumento das mortes em confronto. Hoje o governo Witzel também tem sido criticado. Como o senhor avalia a criminalidade no Estado do Rio, com homens armados com armas de guerra atuando em áreas urbanas?

 

Braga Netto: Os criminosos no Rio de Janeiro têm optado por afrontar as autoridades e as leis vigentes de modo irracional. Nas operações realizadas durante a intervenção, normalmente empregávamos grandes efetivos para, entre outros objetivos, desencorajar a reação dos criminosos e, consequentemente, diminuir os riscos para a população. Entretanto, muitos criminosos preferiam o confronto com possibilidade de morte. Em síntese, homens armados de fuzil circulando no meio da população cotidianamente não podem ser vistos como uma situação normal, pois os criminosos não se rendem à chegada da polícia. Ao contrário, reagem sem medir consequências para a população local. Há de se considerar, também, o ambiente operacional, onde a configuração desordenada das comunidades dificulta o movimento das forças de segurança e o cumprimento de mandados. Assim, entendo que o combate à criminalidade deve envolver as ações sociais para que o Estado ocupe efetivamente os espaços urbanos e conquiste a confiança da população na sua capacidade de proteger a sociedade.

 

O que foi mais difícil durante a intervenção federal?

 

Braga Netto: O mais difícil na intervenção foi a tristeza pela perda dos militares e policiais que tombaram no cumprimento do seu dever. Esses verdadeiros heróis deram suas vidas para proteger a sociedade. Não há palavras que possam descrever a dor de informar os familiares sobre a perda de seu ente querido.

 

O senhor considera ter cumprido todos os objetivos da intervenção federal?

 

Braga Netto: Considero que os objetivos fixados pela intervenção foram atingidos. O prazo de 10 meses para a intervenção fez com que fossem definidos objetivos possíveis de serem atingidos naquele prazo. Ao final da missão, os índices de criminalidade apresentaram redução significativa, bem como se iniciou um processo de reequipamento dos Órgãos de Segurança Pública. Além disso, há de se considerar o legado intangível deixado pela intervenção como a valorização do policial, a melhoria das condições de trabalho e a atuação integrada das polícias.

 

Hoje, analisando tudo que já foi publicado sobre a morte da vereadora Marielle Franco, o senhor acredita que o assassinato foi um fator complicador no trabalho da intervenção federal?

 

Braga Netto: O assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes foi um fato lamentável enfrentado pela intervenção, que priorizou sua investigação, em conjunto com o Ministério Público estadual do Rio, resultando em volumosa produção de provas para sua elucidação.

 

O que a intervenção federal já entregou ao Estado do Rio e o que ainda falta? Todo o recurso já foi empenhado?

 

Braga Netto: A intervenção recebeu R$ 1,2 bilhões para investir. Empenhou, no ano passado, 97,16% desse recurso, sendo adquiridos 251 itens, dos quais 216 foram entregues até o dia 18 Set 19. Dentre os itens entregues, merece destaque mais de 4000 veículos, 27.000 pistolas, sistemas de monitoramento para presídios e motocicletas. Os últimos itens previstos para serem entregues são os helicópteros.

 

O senhor acredita que as polícias podem recuperar a capacidade operativa com o material que recebeu?


Braga Netto: Acredito na recuperação da capacidade operativa das polícias. Visualizo que a melhoria da capacidade operativa é uma equação constituída por gestão, motivação, recursos materiais e humanos, cujo resultado dependerá da continuidade dos diversos processos envolvidos.

 

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O senhor será homenageado como a “Personalidade do Ano de 2018 na Área da Segurança Pública”, pelos excepcionais resultados alcançados na intervenção federal. O que isso significa no seu currículo?

 

Braga Netto: Obter o reconhecimento deste segmento da sociedade – o empresariado - pelo trabalho realizado significa no meu currículo a satisfação de ter cumprido a minha missão dentro das condições que me foram impostas, contribuindo para garantir melhores condições de vida ao povo do Rio de Janeiro. 

 

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