19 de Marco de 2024 - Ano 10
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Política
27/05/2020

Governador do Rio sobre ação da PF: Investigação partiu do gabinete do procurador-geral, com ciência de Bolsonaro

Foto: Divulgação

Governador Wilson Witzel durante pronunciamento sobre ser alvo da Operação Placebo da PF

Alvo de investigações da Operação Placebo da Polícia Federal, o governador do Rio, Wilson Witzel, afirmou que a ação foi ordenada pelo gabinete do procurador-geral da República, Augusto Aras, com a ciência do presidente Jair Bolsonaro.

 

Na terça-feira, dia 26, a PF deflagrou uma ação e cumpriu 12 mandados de busca e apreensão no Palácio Laranjeiras, residência oficial do governo, entre outros locais.

 

Em entrevista ao jornal "Bom Dia Rio", da TV Globo, Witzel voltou a negar qualquer envolvimento no esquema de fraudes na saúde, assim como as informações de que empresas atendidas pela primeira-dama, Helena Witzel, estejam ligadas por contrato com o governo do estado.

 

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— Vou tomar providências junto ao Senado, ao Conselho Nacional do Ministério Público. Chegou ao meu conhecimento que essa investigação partiu de dentro do gabinete do procurador-geral da República, com aquiescência do presidente da República. Uma narrativa fantasiosa e com uma busca e apreensão que não resultou em absolutamente em nada. E nós vamos desmontar tudo — disse o governador, que ainda foi taxativo.

 

— Estão jogando meu nome na lama de forma absolutamente inadequada. Isso é uma farsa, é uma perseguição política, vou desmontar essa farsa. Eu vou tomar providências junto ao Senado. Se essa investigação partiu de coluio do procurador-geral da República para induzir ao erro o ministro, que nada, nada vai ser encontrado, responsabilidades terão que ser assumidas pelo procurador-geral da República e pelo presidente.

 

Em encontro com apoiadores, nesta manhã, Bolsonaro foi indagado sobre a operação da Polícia Federal tem Witzel como alvo, e afirmou que "enquanto for presidente, vai ter mais (operação)". O presidente disse, ainda, que fato de ter ciência nas ações da PF "não é informação privilegiada".

 

Defesa da primeira-dama

 

 

Foto: Reprodução

 

Witzel ainda explicou que sua mulher já está montando uma defesa entre esta quarta até sexta-feira para marcar um depoimento. A empresa citada que é cliente da primeira-dama e tem contrato com o governo é a DPAD Serviços Diagnósticos.

 

O MPF informou ao STJ que "novo compartilhamento de provas proveniente da Justiça Federal do Rio de Janeiro demonstra vínculo bastante estreito e suspeito entre a primeira-dama do estado e as empresas de interesse de M.P. (Mário Peixoto), em especial o contrato de prestação de serviços e honorários advocatícios entre seu escritório de advocacia e a empresa DPAD Serviços Diagnósticos LTDA, bem como comprovantes de transferência de recursos entre as duas empresas". Na operação da PF, documentos foram encontrados no escritória de Helena Witzel.

 

— Eu desconheço essa documentação apresentada. Helena não tem nenhuma empresa que mantém contrato com o governo. Ela tem esse cuidado para exigir que qualquer cliente que apresente uma documentação. Isso tudo será apresentado. Ela está preparando a defesa dela hoje, talvez amanhã ou depois de amanhã. Ela vai marcar o depoimento e apresentar os documentos. Nós não temos nada a esconder. Temos a convicção de que isso é uma perseguição política — afirmou.

 

Sobre o escritório de Helena, que recebia R$ 15 mil mensais da DPAD Serviços Diagnósticos, que tem como sócios Alessandro Duarte e Juan de Paula, que são ligados ao empresário Mário Peixoto, segundo informou o "Jornal Nacional", da TV Globo, o governador afirmou que não vê crime pelo fato de a sua mulher atender um cliente que tem suspeita de estar envolvido em atividade ilícita.

 

— Se ela recebeu, se ela tem contrato, se ela é advogada, isso é atividade específica da advocacia. E essa empresa mencionada há suspeita de estar envolvida com esse tipo de atividade ilícita. Tudo precisa ser investigado. Estamos no início da investigação. Se ela é advogada, não tenho dúvida de que ela vai continuar advogando, ela poderia estar inclusive advogando o próprio processo criminal. Qual é o problema se ela é advogada? Quando fui defensor público, advoguei no tribunal do júri para acusados de homicídios, de roubo, de estelionato, advogado não pode ser confundida com a figura do cliente — afirmou.

 

Desqualificação de OS


No dia 23 de março, Witzel revogou a decisão que desqualificou o Instituto Unir Saúde como organização social (OS) apta a prestar serviço ao estado. Com esta ação, o governador desprezou dois pareceres jurídicos contrários a um recurso apresentado pela entidade. O Unir, conforme foi demonstrado pela Operação Favorito, desencadeada pela força-tarefa da Lava-Jato na semana passada, tem como sócio oculto o empresário Mário Peixoto, que foi preso. Witzel dedafiou qualquer jurista para analisar e provar que ele cometeu alguma irregularidade.

 

— Desafio qualquer jurista a pegar o processo e ver se cometi qualquer irregularidade. O parecer dos procuradores do estado são informativos, eu tenho capacidade jurídica suficiente para tomar uma decisão e não ser injusto. Na obra do Maracanã, no contrato do Maracanã, eu tomei a decisão de rescindir com a empresa ligada à Odebrecht. Depois houve embargo de declaração pedindo para eu suspender a inabilitação por dois anos para contratar no serviço público e eu dei a inabilitação. Pareceres não são vinculantes — disse o governador, que complementou:

 

— Essa investigação do Ministério Público alega que a decisão que eu dei tem suspeita de que ela, de alguma forma, foi favorecida. É mentira, não foi favorecida por ninguém. O meu assessor, que me ajudou a habilitar essa decisão como jurista, foi feita com base dos autos. Ninguém avaliou os autos. Estão jogando meu nome na lama absolutamente inadequada. Não admito que alguém venha a dizer que vendi decisão. Em 17 anos de magistratura, eu nunca vendi decisão. Estou absolutamente tranquilo.

 

Atrasos nos hospitais de campanha


Witzel ainda foi indagado sobre os atrasos na entrega dos hospitais de campanha do estado. No total, o governo do Rio empenhou cerca de R$ 1 bilhão para fechar contratos emergenciais, sem licitação, para o combate da Covid-19. Os valores seriam destinados para a compra de respiradores, máscaras e testes rápidos. A maior parte deste dinheiro, quase R$ 836 milhões, seria destinada para a Organização Social (OS) Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde (Iabas), responsável pelo Hospital de Campanha do Maracanã e pelas outras sete unidades que ainda não foram entregues.

 

O governador negou que tenha perdido o controle no combate à pademia. Porém, só o hospital de campanha do Maracanã está em funcionamento, mesmo com denúncias de irregularidades por parte dos profissionais. Witzel tinha prometido inaugurá-los até 30 de abril. O de São Gonçalo deve ser aberto nesta quarta.

 

— Não perdemos o controle. Precisam chamar as pessoas para esclarecerem corretamente para não serem induzidos no erro. Chama o engenheiro para explicar a dificuldade de profissionais, de médicos, de estudo. O mundo inteiro está vivendo a pandemia. São contratos sem licitação, mas têm procedimentos para contratação emergencial, não é uma coisa que você olha e compra.

 

Estamos fazendo o máximo que podemos fazer, estamos vencendo todas a adversidades, ainda sofrendo com esses ataques políticos e de perseguição, que inibem a nossa ação. A União não está nos dando nenhuma ajuda, os ministros da Saúde. Só não está pior porque os governadores assumiram o protagonismo, se não tínhamos corpos empilhados nas ruas, e as pessoas estariam sofrendo — disse.

 

Em nota, a Iabas informou que a abertura do hospital de campanha de São Gonçalo foi prejudicada pela operação de busca e apreensão realizada pela Polícia Federal nos escritórios do instituto.

 

"Os policiais apreenderam indistintamente computadores e documentos, prejudicando a aquisição de medicamentos e equipamentos de proteção individual que e não puderam ser comprados devido ao embaraço causado pela operação. A operação impediu que o Iabas antecipasse a entrega do hospital para o dia 26 e cumpre hoje o cronograma de entregar o hospital nesta quarta-feira à Secretaria de Estado da Saúde. A unidade começará a receber pacientes na manhã de quinta-feira", diz o comunicado.


Avaliação positiva da Covid-19


Mesmo com atrasos na entrega de hospitais, reclamações e denúncias de profissionais, e uma investigação no esquema de corrupção da saúde, Witzel ainda avalia seu trabalho no combate à Covid-19 como positivo.

 

— Eu avalio muito positivo. Nós fizemos várias ações. Eu fui o primeiro a adotar as medidas no Brasil. Não perdemos controle nenhum. Nós inauguramos mais de 1.400 leitos desde o dia 15 de março. Quando eu decretei o lockdown, nós tínhamos zero leito de Covid-19 — afirmou.

 

O governador ainda defendeu seu ex-secretário de Saúde Edmar Santos, que também foi um dos alvos da PF na Operação Placebo. O médico foi exonerado há duas semanas, mas assumiu a Secretaria Extraordinária de Acompanhamento das Ações Governamentais Integradas da Covid-19. Witzel negou que criou a pasta para manter o foro privilegiado a Edmar.

 

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— O Dr. Edmar estava se dividindo entre administrar a secretaria, verificar todos os fatos, e olhar especificamente o que estava acontecendo com o empresariado. O Dr. Edmar estava sobrecarregado. Em hipótese alguma. Foro privilegiado não é garantia de impunidade para ninguém, muito pelo contrário. Com duas estruturas, fica mais fácil de a gente trabalhar — disse.

 

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