Bandeira dos Estados Unidos tremula próximo à pista em que cruza a Ferrari de Michael Schumacher no GP da Itália de 2001
Em um 11 de setembro de 2001, o mundo acompanhou pela televisão o momento em que o segundo avião sequestrado por terroristas atingia a torre sul do World Trade Center em Manhattan na cidade de Nova York, nos Estados Unidos.
O atentado completa 20 anos justamente neste sábado do GP da Itália da Fórmula 1, prova cuja edição no ano em questão também foi abalada pelo ocorrido: deixando de lado excepcionalmente a tradicional festa da Ferrari, o Autódromo de Monza trocou o vermelho pela consternação e o preto do luto; até Michel Schumacher, estrela do time, considerou não correr.
- Esse evento esportivo será bem diferente das nossas expectativas após os eventos na América. Não podemos dizer às pessoas para não vir, porém, podemos dizer que a Ferrari tratará Monza não como uma festa, um evento feliz, mas como uma corrida normal - disse na ocasião Luca di Montezemolo, então presidente da Ferrari.
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Além da repercussão provocada pelo 11 de setembro, a prova também foi marcada pela lembrança da morte do fiscal de pista Paolo Gislimberti, morto durante a corrida do ano anterior, e o acidente sofrido por Alex Zanardi um dia antes da disputa em Monza, na etapa alemã da CART (atual Fórmula Indy) e que levou à amputação das duas pernas do hoje medalhista paralímpico.
Mesmo desembarcando na Itália após o tetracampeonato de Michael Schumacher na Hungria, as palavras de Montezemolo se confirmaram. O primeiro ato da escuderia foi cancelar o tradicional jantar oferecido no sábado para a imprensa, justificando que a celebração seria vazia no momento.
Carros de Schumacher e Barrichello tiveram patrocínios removidos e receberam cor preta em
homenagem às vítimas do 11 de setembro no GP da Itália (Foto: Mark Thompson)
A ação seguinte foi adotar a cor preta nos carros de Schumacher e Rubens Barrichello, em memória das mais de 3200 vítimas fatais do atentado em Nova York, e retirar todas as marcas de patrocinadores dos dois carros, fazendo o mesmo com os macacões dos pilotos e funcionários - que prestaram um minuto de silêncio antes da corrida.
- A Ferrari tomou a decisão de mostrar que compartilha o sentimento de luto com o povo americano, com o qual sempre teve laços próximos. Assim, com total concordância dos patrocinadores, como sinal de respeito os carros não vão carregar logos relacionadas aos parceiros técnicos e comerciais. Para a Ferrari e seus parceiros, a corrida no domingo será um evento puramente esportivo sem implicações comerciais, ou um evento feliz - comunicou a escuderia na época.
Barrichello, Montoya e Ralf no pódio do GP da Itália de 2001
(Foto: Getty Images)
Schumacher não escondeu o pesar com o atentado e o acidente de Zanardi e repensou sua participação na prova. Mesmo assim, o então tetracampeão, que ainda tentou promover um "pacto de não agressão" no início da disputa por temer o acidente fatal em 2000, participou da corrida, terminando em quarto lugar.
- Era um período chave na minha vida com o ataque às Torres Gêmeas e a lesão dramática de Alex Zanardi. Foi difícil entrar no carro e pilotar como se nada tivesse acontecido. Eu não queria. Fui muito resistente, mas depois decidi correr mesmo que meu coração não estivesse ali. Foi importante mostrar que a vida continua e fazer todo esforço possível porque eventos assim não devem se repetir - disse o alemão em 2002.
Dentro da pista, a prova foi marcada pela grande atuação do novato Juan Pablo Montoya, da Williams. O colombiano faturou a primeira pole position da carreira e também a primeira de suas sete vitórias, tendo Barrichello e Ralf Schumacher no pódio. A cerimônia, dado o contexto, não teve a tradicional chuva de champanhe.
Jarno Trulli guia carro da Jordan com bandeira dos EUA no GP da
Itália de 2001 (Foto: Andreas Rentz)
Além da Ferrari, a Jordan e a Jaguar também prestaram homenagens aos americanos após o atentado terrorista. A equipe de Pedro de la Rosa e Eddie Irvine cobriu a parte traseira do carro de preto, incluindo a bandeira dos EUA, semelhantemente ao time de Jean Alesi e Jarno Trulli, que trocou a marca de um patrocinador pela bandeira americana.
Essa não foi a única vez em que a Ferrari prestou homenagens com seu carro. No GP do Bahrein de 2005, a escuderia voltou a usar o bico preto em memória do Papa João Paulo II, morto naquele ano. Mais recentemente, no GP da Hungria de 2018, Kimi Raikkonen e Sebastian Vettel correram com uma faixa preta de luto no carro após o falecimento de Sergio Marchionne, ex-presidente da marca.
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Info e horários do GP da Itália (Foto: Infoesporte)
Fonte: GE