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22/11/2020

Histórico de viradas em São Paulo: qual a chance real de vitória do Boulos?

Foto: Reprodução

Para chegar ao Edifício Matarazzo, sede da Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL) precisa superar o feito do ex-prefeito Fernando Haddad (PT), que foi o único candidato a largar na segunda colocação para o segundo turno e a conseguir vencer a el

A uma semana do segundo turno da eleição para prefeito de São Paulo, o candidato Guilherme Boulos (PSOL) faz campanha com foco na adesão do eleitorado ao movimento de virada em relação à vantagem construída pelo atual prefeito Bruno Covas (PSDB) - que alcançou 32,85% dos votos válidos contra 20,24% do psolista.

 

Apesar de ter a campanha com maior engajamento virtual, Boulos tem um grande desafio pela frente. Nos 32 anos de eleições municipais em São Paulo, desde a redemocratização, o único candidato a alcançar a virada em relação às pesquisas de intenção de votos e ao resultado do primeiro turno foi o ex-prefeito Fernando Haddad (PT), que venceu com 55,57% dos votos válidos o tucano José Serra contra (PSDB) que obteve 44,43% dos votos.

 

Serra havia vencido o primeiro turno com 30,75% contra 28,98% do petista. Um dos elementos que garantiram a vitória de Haddad naquele ano foi a construção de uma aliança com o Partido Progresista (PP) e o apoio do seu líder Paulo Maluf . Neste ano, Boulos conta com a construção de uma frente ampla de esquerda que já garante o apoio das lideranças de PT, PDT, PCdoB, PSTU, PCB e UP, além de buscar o apoio do PSB de Márcio França.

 

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Em 2012, antes de alcançar o feito, Haddad nem aparecia nas pesquisas como um dos mais cotados para avançar ao segundo turno. A última pesquisa Datafolha antes da eleição, divulgada no dia 6 de outubro de 2012, dava 24% da intenção de votos para o petista, contra 27% para Celso Russomanno (PRB) e 28% José Serra (PSDB).

 

Em certa medida, Boulos já protagonizou uma virada em relação às pesquisas eleitorais que apontavam um segundo turno entre Covas e Russomanno, muito embora a maioria dos institutos de pesquisa já indicassem a possibilidade do psolista seguir na disputa há uma semana da eleição.

 

Com 1.080.736 votos, Boulos carimbou a passagem para o segundo turno, mas ainda precisa recuperar mais de 700 mil votos e conquistar o rescaldo de políticos de centro, como Márcio França (PSB) , e de direita, como Russomanno, Joice Hasselman (PSL) e Artur do Val (Patriota), que ficaram entre os seis mais votados, assim como Jilmar Tatto (PT) que já declarou apoio ao socialista.

 

Quais as chances?


Para o cientista político Sergio Praça, doutor em ciência política pela USP (Universidade de São Paulo) e pesquisador do CPDOC (Centro de Pesquisa e Documentação da História) da Fundação Getúlio Vargas, as chances de uma possível virada de Boulos estão ligadas a uma guinada ao centro e ao eventual agravamento da crise do novo coronavírus na cidade.

 

"São Paulo, às vezes, elege prefeitos de esquerda, mas é uma cidade bastante conservadora. O Boulos , ainda mais não tendo um partido grande por trás e uma campanha com pouco dinheiro, teria pouca chance. Mas a pandemia pode ajudá-lo a virar o jogo. Ele precisa vir mais para o centro para tirar essa pecha de radical que colaram a ele , e assim conquistar os eleitores do Márcio França (PSB). E algo precisa acontecer para aumentar a rejeição ao Covas ", analisa Praça.

 

Além da mudança da mudança de perfil, o candidato do PSOL pode faturar com o agravamento da pandemia em São Paulo. A capital paulista registrou um aumento de 29,5% dos novos casos de Covid-19 nos primeiros 17 dias de novembro comparado ao mesmo intervalo no mês anterior. Segundo o site da Fundação Seade, foram 15.794 novos caso em novembro. A cidade convive com a possibilidade de uma segunda onda da doença em hospitais particulares de eleite e classe média já apresentam lotação.

 

"A pandemia pode ajudar a virar o jogo para o Boulos. Hospitais lotados e mais casos podem tirar votos do Covas, embora não sejam tantos", afirma.

 

Erros e bombas políticas


Há ainda outros elementos multifatoriais que podem resultar em viradas, indo desde erros estratégicos à bombas políticas nas vésperas do pleitos e, até mesmo, deslizes em debates na televisão aberta, como aponta Marcos Juliboni, mestre em ciência política pela USP.

 

"Viradas acontecem por alguns fatores,os principais são escândalos e denúncias de última hora . Sejam elas falsas ou verdadeira, o eleitor acaba abandonando esse candidato na última hora. Outro fator são os erros cometidos pelo próprio candidato, como declarações polêmicas ”, afirma.

 

Segundo o cientista político, Boulos tem um outro ponto a seu favor que pode acabar colaborando para virar o jogo que é a militância dedicada ao convencimento de eleitores indecisos e propensos a mudarem o voto.

 

“A militância aguerrida pode gerar viradas. Neste ano a gente deve não ter por causa da pandemia. O isolamento social faz com que os eleitores circulam menos pela cidade e vejam menos campanhas”, aponta.

 

Menos abstenções


“Um grande fator que também pode gerar virada é a abstenção no dia da votação. Embora a votação seja obrigatória, não é todo mundo que está disposto a ir votar, com medo do contágio pelo novo coronavírus. A abstenção pode ajudar ou prejudicar determinados candidatos. Se isso acontecer em bairros em que as bases de alguns candidatos, a gente pode ter surpresas”, afirma.

 

Analistas já apontaram para o fato da grande abstenção em São Paulo, de 29,5% neste ano, principalmente entre os eleitores mais velhos e escolarizados, que geralmente compõem a base do PSDB, podem ter levado Bruno Covas a obter 32% dos votos, diferente dos 38% e 37% estimados por Ibope e Datafolha respectivamente.

 

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Quem conseguir mobilizar a base, agitar a militância e adequar o discurso para prejudicar o adversário no campo do enfrentamente à pandemia pode ser eleito prefeito de São Paulo pelos próximos quatro anos, no próximo dia 29 de outubro. 

 

Fonte: iG

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