Técnico admite que teve reunião com diretoria, deixou o clube como primeira opção para 2021, mas ressaltou que, para aceitar voltar após 17 anos, precisaria de estrutura e time competitivo
Neste sábado, a diretoria do São Raimundo anunciou a volta do técnico Aderbal Lana. O treinador, que viveu glórias no passado à frente do clube com conquistas estaduais e Copa Norte, seria o comandante da equipe no Campeonato Amazonense de 2021.
Após o anúncio do clube, Aderbal Lana explicou que ainda não tem nenhum contrato assinado com o clube. O que houve, de acordo com ele, foi apenas uma reunião com a diretoria e que ele fez exigências para poder assumir o comando da equipe futuramente.
"Não estou dizendo que eles estão errados. Eles sabem o que estão fazendo. Nós tivemos realmente a reunião, mas nada ficou definido, nada ficou assinado, nada ficou como definitivo. A opção de eu ir para algum clube é primeiramente para o São Raimundo dentro daquilo que eu especifiquei para eles e que vou querer para trabalhar", Aderbal Lana.
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- Dei a palavra para eles que se eu aceitasse o projeto, precisaria saber do orçamento, onde a equipe vai treinar, como vai ser a moradia. É uma série de coisas que têm que ser conversadas.
Acerto financeiro... Então tudo isso ficou em aberto. Eu só dei a minha palavra que se eu concordasse com tudo aquilo que eles iam expor pra mim, a nível de futuro, teriam prioridade, eu iria para lá. Gostaria - completou.
Com três títulos estaduais pelo Tufão (1997 a 199) e um tricampeonato da Copa Norte (1999 a 2001), Aderbal Lana explica que, para assinar com o São Raimundo, precisa da garantia de ter um time competitivo para brigar na parte de cima da tabela e não contra o rebaixamento.
"Fazer time para disputar lá na parte de baixo é fácil. Agora, indo para lá (São Raimundo), vou ser muito cobrado, a torcida me respeita bastante. Mas eu preciso ter um time que vá bater de frente com o Manaus, com o Amazonas, com o Fast.
Não digo Nacional, mas você tem que se preocupar. Tem o Penarol, que é uma equipe forte quando no interior. Então a gente tem que ter condições. Foi exposto isso para eles. Se eles estão anunciando que me contrataram é porque tem coisa boa vindo por aí. Mas nada definitivo, nada foi assinado e nada foi sacramentado", Aderbal Lana.
A velha raposa, que dirigiu o clube pela última vez em 2003, quando a equipe disputava ainda a Série B do Brasileiro, explica que ainda há muito tempo pela frente para chegar a um acerto definitivo e, quem sabe, ter as condições para fazer um trabalho que possa bater de frente com as equipes postulantes ao título.
- Temos muito tempo para conversar. Temos aí uns três meses para começar a montar uma equipe em novembro, dezembro. Não digo em treinamento, mas contactando jogadores.
Mas o que tenho a dizer é que cansei de sofrer porque você está no futebol há muito tempo e vai para um Nacional daquele não tem um p***, não tem dinheiro, não tem nada. Você tem que montar time usando amizade com pessoas de fora, pegando jogadores baratos. E fica um punhado de torcedor enchendo o saco que quer time. Não é fácil não. E eu não vou sofrer mais isso não - completou.
Cobrança por resultados
Lana, que o técnico mais vitorioso do Amazonense, com nove títulos, explicou ainda que, por ter um respeito do torcedor do São Raimundo, tem a confiança. Mas disse que é preciso que é preciso ter uma estrutura e, para ele assinar, precisa montar uma equipe competitiva para não ocorrer como em outros times como o Nacional, quando assumiu o time em condições financeiras ruins e a torcida ainda o criticava.
- Vou pra lá e os caras acham que você vai ganhar jogo. E ganhar jogo não é assim. Você não quer trabalhar só com estrelas também. Evidentemente que você vai trabalhar com as dificuldades.
Agora, se vai para lá você tem que brigar com o Amazonas, com o Fast, com o Manaus, com o Penarol. Aí você tem que ter uma certa qualidade para esse trabalho. São pessoas boas (diretoria), gente boa, que vieram aqui conversar comigo. Vieram na minha casa. Acredito neles, dei para eles a opção. Vamos ver o que vai ser daqui para a frente. Vamos voltar a conversar várias vezes e, se me agradar, eles estão certos em me anunciar - disse.
Fotos: Emanuel Mendes
Tufão de antes e de agora
Lana explicou que o São Raimundo de hoje é parecido com o que assumiu em 1996. Na época, apenas ele e o hoje diretor da FAF Ivan Guirmarães (na época diretor do clube) estavam à frente para montar a equipe. No entanto, apesar das dificuldades, conseguiram reverter a situção.
- O Tufão hoje é o Tufão que eu peguei quando cheguei aqui. Acho que até pior. Porque na época não tinha nenhum jogador. Era eu e o Ivan (Guimarães). Nós conseguimos montar a equipe e tivemos uma sequência. A gente estava numa situação, num momento difícil financeiramente. Mas muito difícil, mais do que é agora. Mas conseguimos sair daquela situação - explicou Lana, ao ressaltar:
"Em tudo na vida a gente sabe que tem dificuldades. Ninguém quer pegar só o manjar não. Mas você tem que ter hoje, pela situação que está o futebol amazonense, que brigar lá em cima.
Brigar embaixo é brigar para não cair e aí fica difícil. Eu não me preocupo se a torcida acha que eu sou bom, que vou fazer as coisas e não der conta de fazer.
O que me preocupa é fazer um bom trabalho e ter peças para que eu possa trabalhar aquilo que eu quero", Aderbal Lana.
Neste ano, Lana esteve à frente do Nacional, nas cinco primeiras rodadas do estadual, e depois rumou para o Penarol, onde ficou até a interrupção definitiva do torneio por conta da pandemia da Covid-19. O Leão da Velha Serpa arrancou no returno, com três vitórias em três jogos.