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Carnaval 2020
15/02/2019

Mishel Finlayson será primeira musa australiana do Grupo Especial do Rio: 'Ensino qualquer um a sambar em 5 minutos'

Foto: Reuters

A professora dá aulas de samba ao redor do mundo e organizou o primeiro desfile de Carnaval na Austrália

Quem diz que gringa não sabe sambar certamente nunca conheceu Mishel Finlayson. Aos 38 anos, a nativa de Brisbane será a primeira musa australiana do história do Grupo Especial do Carnaval carioca, representando a Império Serrano.


"Eu estava na Europa dando aula de samba e sabia que a Quitéria Chagas morava em Milão. Fiz questão de ir conhecê-la porque admirava muito o trabalho dela. Fiz, então, algumas aulas particulares com ela para saber mais do seu estilo, para ela me passar truques da avenida...", conta Mishel, em português perfeito, durante entrevista exclusiva à QUEM. "Na aula, ela comentou que eu tinha muito samba no pé e me disse que eu precisava desfilar como musa. Eu disse que não, que já estava ficando velha, mas ela insistiu e eu aceitei!", revela.

 

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A relação de Mishel com o samba, porém, é muito mais antiga. Há pelo menos 20 anos, seu contato com o Brasil é o mais estreito possível. "Eu tinha 18 anos e fui para uma academia de dança na Austrália cujo dono era brasileiro. Fui em busca da aula de salsa, mas todo dia na academia, estava tocando uma batucada. Fiquei encantada com o batuque, com a música. Depois, me formei como professora de inglês numa época que tinham muitos brasileiros chegando na Austrália. Tive muito contato com eles. Achei um povo muito alegre, sempre querendo festejar, cheio de amor para dar. Fiquei apaixonada pelo brasileiro", relembra.

 

Mishel Finlayson (Foto: Brown / Divulgação)


"Depois de um tempo, decidi vir ao Rio aos 21 anos, passar um ano aqui sem falar nada de português. Foi um grande choque de cultura. Fui aprendendo a língua e também fazendo aulas de dança de salão. Depois, voltei para a Austrália para conseguir juntar tudo para vir pra cá mais uma vez e ficar para estudar", conta Mishel. "Nessa época, conheci meu ex-marido carioca que era professor de dança de salão. A gente ficou um ano aqui, depois eu fui para Austrália de volta e abrimos uma academia de dança lá, focado em ritmos como samba de gafieira e lambada, que se dança a dois. Ficamos um tempo juntos, depois nos separamos", revela.


Sem um parceiro para dançar, Mishel decidiu investir em danças mais solitárias e se apaixonou pelo samba de avenida. Na academia, decidiu abrir aulas de samba no pé para mulheres. O que começou com uma ou duas alunas de repente se transformou num espaço inteiro lotado de mulheres querendo sambar.


"Eu criei uma didática para poder ensinar estrangeiros a sambar. Porque não crescemos com o samba. Os corpos delas não estão bem preparados fisicamente para pegar o molejo, o suingue. Então eu tenho que fazer preparação física. Elas malham, trabalhamos muito no bumbum, abdominal, perna. Trabalho com postura. Leva tempo. Porque trabalho com corpo, com mente, com autoestima", explica Mishel. Sua didática acabou formando professoras ao redor do mundo em lugares como Inglaterra, Bélgica, Suíça, Suécia, Dinamarca e Holanda.

 

Mishel Finlayson (Foto: Instagram / Reprodução)


O tempo de preparação das alunas pode levar de um a três anos, contando com cerca de três aulas semanais, e sempre termina de maneira mais do que especial: todas desfilam na Sapucaí! "Eu posso ensinar qualquer pessoa a sambar em cinco minutos. Pegar o surdo, flexionar o joelho, jogar o quadril. Mas realmente entender a musicalidade, expressão corporal leva muito tempo", pondera.


A relação de Mishel com o samba a levou ainda mais além. Além de dar aulas, em 2016, ela lançou o Concurso de Rainha da Australasia que reúne competidoras da Austrália, Nova Zelândia e Ásia para eleger a toda-poderosa do samba no pé.


"Notei que tinham vários concursos de dança latina na Austrália, mas o samba era misturado com outros ritmos e julgado por pessoas que não eram especialistas em samba. Então, eu decidi lançar um concurso bem verdadeiro, com batucada ao vivo, preparação física para as meninas treinarem, se apresentarem com fantasia, com direito a jurados brasileiros e australianos que sejam professores de samba", conta.

 

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Mishel ainda vive na Austrália, mas vem pelo menos uma vez por ano ao Brasil trazendo suas alunas para a Sapucaí. Se ela tem planos de se fixar no Rio? "Quem sabe um dia vou me casar de novo com um brasileiro e me mudar de vez!", brinca.

 

Mishel Finlayson (Foto: Divulgação/Reprodução)


Relação com o Brasil

 

"Os brasileiros costumam dizer que a Austrália é o Brasil que deu certo. Todos comentam que temos personalidades bem parecidas porque os australianos também gostam de festejar, abraçar estrangeiros. Vocês tem uma cultura muito definida. A Austrália é muito multicultural. Vocês tem comida própria, dança própria. Tem muitos australianos apaixonados pela cultura brasileira. A gente vem pra cá em busca dessa coisa de ficar juntos, fazer churrasco, caipirinha"


Dificuldade com o português

 

"Eu já tinha estudado espanhol e francês na escola. Essas duas línguas latinas me ajudaram muito, mas na prática não significou nada. Mas eu acredito que se você gosta muito de uma cultura, de um país, de um povo, você vai se esforçando para aprender essa língua. Sendo professora de inglês, você tem que gostar acima de tudo da cultura da língua que está aprendendo. Vocês tem muitas conjugações, acentos, sotaques, gírias. Eu realmente amo a cultura e isso me leva pra frente tentando melhorar meu português"


Preparação para a avenida

 

"Como eu trabalho com dança, dou aula todos os dias. Sou professora de yoga, então faço muitos alongamentos, faço pilates. Também malho de quatro a cinco vezes por semana. Tento evitar muita gordura e carboidrato, mas nada muito estressante. Também queria aproveitar esse tempo aqui no Brasil. Passou da fase de ficar ligando tanto pro corpo. Percebo aqui que eu não tenho um corpo brasileiro. Eu nunca vou parecer com as rainhas e musas brasileiras porque tenho um corpo diferente. Faço o que é bom para o meu corpo. Eu sambo muito. Coloco a caneleira para sambar e gerar mais resistência. Fico escutando o enredo mil vezes"


Primeiro desfile de carnaval na Austrália


"Sidney vai ter o primeiro carnaval na Austrália com um desfile e eu vou ser a musa. A gente está lançando esse desfile junto com um festival multicultural de Sidney. Acabamos de abrir uma escola de samba também. Temos a previsão de tentar abrir uma escola de samba em cada capital de estado na Austrália para ir crescendo esse Carnaval a cada ano"

 

 

 

 

 

Mishel Finlayson (Foto: Instagram / Reprodução)


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