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29/06/2020

Mulher, indígena e primeira transexual da aldeia: conheça Katryna MalBem

Foto: Reprodução

Primeira mulher trans da aldeia Bororó, ela abriu espaço para outros LGBTQ+ na Reserva Indígena de Dourados (MS)

Katryna, que é da etnia Guarani, fala que até existiam homossexuais na aldeia, mas eram reservados e como a transexualidade era algo desconhecido, os olhares se voltaram para ela.

 

Katryna, que é da etnia Guarani, fala que até existiam homossexuais na aldeia, mas eram reservados e como a transexualidade era algo desconhecido, os olhares se voltaram para ela.

 

Ela conta que tinha apenas 14 anos quando começou a fazer a transição de fato. “Eu já não me sentia bem vestido de homem e comecei a usar hormônios. Cheguei em casa montada da noite pro dia”, relata. Apesar do baque para os outros moradores, em casa a situação foi mais tranquila.

 

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A mãe já desconfiava, mas nunca tinha tocado no assunto. “Minha mãe não falou nada. Só conversou com meus irmãos para me respeitarem e pronto. Eles conversaram muito comigo e foram me aceitando”, conta.

 

Katryna passou por esse momento de transição sem saber que existiam outras transexuais e indígenas. “Eu achava que era a única”, lembra. Só aos 17 anos que ela começou a ter contato com outras mulheres como ela de diferentes aldeias pelo Brasil. “Fui me sentindo mais acolhida com elas e hoje já não me sinto sozinha”.

 

Com o apoio da família e o conhecimento de outras transexuais, Katryna foi ganhando força e abriu espaço para mais LGBTQ+ na Reserva de Dourados.

 

“Fui uma porta voz das trans indígenas”

 

mulher indígena

Foto: Reprodução

 

“Eu fui uma porta voz das trans indígenas. Depois que eu me transformei em mulher, tirei outras armário”, fala. Katryna conta que o seu processo de transição foi um exemplo para que outras transexuais, gays e lésbicas da aldeia se sentissem mais seguros para se expor.

 

Ela explica que mora na aldeia Bororó, mas os LGBTQ+ também estão na Jaguapirú e a tiveram como referência. “Eles me perguntavam como era e tiveram o meu apoio”, fala. Porém, Katryna diz que, apesar dessa troca, não há muita união entre eles na aldeia.

 

A jovem acredita que isso pode ser um reflexo do fato da comunidade LGBTQ+ indígena ainda ser muito nova, além do preconceito que existe na aldeia. Ela explica que, no geral, tudo é liberado pelos caciques e lideranças, porém, ainda há olhares tortos e comentários.

 

“Eu tento conversar com as lideranças e buscar ajuda, porque eu tenho a minha certeza de sair de casa, mas eu não sei se eu volto”, fala. Katryna diz isso porque o Brasil é o país que mais mata transexuais e travestis no mundo, segundo a ANTRA (Associação Nacional de Travestis e Transexuais).

 

Por isso, para ela é fundamental manter uma boa relação com caciques e capitães. “Eu não me sinto acolhida, mas me sinto segura”, pontua. Apesar da falta de acolhimento na aldeia, Katryna tenta se concentrar no apoio da família.

 

E além de romper barreiras onde mora, ela fala que precisa romper as barreiras do movimento LGBTQ+. “Por enquanto, a gente [indígenas] ainda está se encaixando nas pautas do movimento. Ser LGBT indígena é uma coisa nova, mas eles precisam lembrar de que não existe trans só na cidade”, fala.

 

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Entre uma luta e outra, Katryna conta que está tirando um ano de descanso após terminar o Ensino Médio. Ela pretende se dedicar ao Enem em 2021 e usar a nota do exame para cursar enfermagem em alguma universidade federal. “Hoje em dia, conseguir trabalho como trans é complicado. Mas eu busco o meu direito e o meu respeito, como qualquer ser humano”.  

 

iG

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