Por Lúcio Carril - “Chega um tempo em que as nuvens não te reconhecem”.
O poeta e amigo Aníbal Beça tinha razão neste verso do poema Constatação.
Como reconhecer o artista como parte ativa da violência, se na história sempre foi resistência ?
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Mesmo quando “podaram seus momentos /Desviaram seu destino /Seu sorriso de menino”, lá estava ele, com sua verve humanística a bradar com a garra de um Capitão Vitorino, do Fogo Morto de José Lins do Rego.
Será se existe um ser que não aprendeu com a Mãe, de Gorki, que a consciência das coisas do mundo pode brotar do amor ? ou que temos cheiro, sim, e não somos o assassino frio de O Perfume, de Patrick Suskind?
Ora, a arte não se concilia com a violência, tampouco se torna sua cúmplice. Qualquer tentativa em contrário é uma excrecência condenável e repugnante.
Tem muito artista da Amazônia que não se reconhece na sua arte e nela pisa com a força dos coturnos e dos fuzis, esquecendo a herança literária de um Inglês de Souza, de um Paes Loureiro,a forte presença crítica de Milton Hatoum, ou sequer desperta para um Satori de Luiz Bacellar.
Ah, um satori para mexer com a alma expurgada do artista da guerra.
Melhor seria se fosse um Artista da Fome kafkiano.
Tem muito artista da minha terra a bater continência para o Capitão do Mato. Que horror!!!
Que diabo de artista que não vê cultura na Amazônia e aplaude o etnocídio e o genocídio não lhe incomoda? seria um artista ou um ser em plena metamorfose de Franz Kafka, se tornando um inseto asqueroso?
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**Lúcio Carril é sociólogo, ex-secretário executivo da Secretaria de Política Fundiária do Estado do Amazonas, ex-delegado federal do Ministério do Desenvolvimento Agrário e especialista em gestão e políticas públicas pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo.