Ex-ministro da Educação Milton Ribeiro disse à filha que o presidente o avisou sobre ação da PF de busca e apreensão
A líder do PSol na Câmara, Sâmia Bomfim (SP), informou nesta sexta-feira (24/6) que o partido pedirá nova convocação do ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, para que ele explique, na Câmara, as suspeitas de interferência do presidente Jair Bolsonaro (PL) no trabalho da Polícia Federal nas investigações sobre o suposto esquema de corrupção no Ministério da Educação, que envolveria o ex-ministro Milton Ribeiro.
A deputada considerou “gravíssimas” as notícias de que o presidente teria telefonado ao pastor Milton Ribeiro, avisando sobre a possibilidade de uma busca e apreensão. A informação consta em um áudio interceptado pela PF.
No áudio, o ex-ministro fala: “Hoje o presidente me ligou. Ele está com um pressentimento, novamente, de que podem querer atingi-lo através de mim”, disse Ribeiro a uma filha, no último dia 9 de junho.
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“Ele acha que podem querer fazer uma busca e apreensão em casa. É muito triste”, declarou o ex-ministro.
MAIS UMA EXPLICAÇÃO
Caso o pedido seja aprovado, essa será mais uma das explicações que o atual ministro terá que prestar aos deputados. Na semana passada, Torres foi cobrado pela morte de morte de Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, em Umbaúba, Sergipe, em uma abordagem da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Outros assuntos que estão no rol de cobranças já feitas ao ministro da Justiça são as mortes do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira, no Amazonas, além da participação em uma motociata de Bolsonaro, em Miami, com a presença de Allan do Santos, blogueiro bolsonarista, fugitivo da Justiça brasileira.
INTERFERÊNCIA
No caso do escândalo envolvendo o MEC, as suspeitas de interferência de Bolsonaro no trabalho da PF também são reforçadas pelo delegado Bruno Calandrini, responsável pelo cumprimento do pedido de prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro.
Ele afirmou, em mensagem enviada a colegas, que houve “interferência na condução da investigação” e que a investigação foi “prejudicada” em razão de tratamento diferenciado dado pela polícia ao ex-ministro.
No texto encaminhado a outras pessoas que participaram da operação deflagrada nessa quarta (22/6), o delegado agradece o empenho, mas diz não ter “autonomia investigativa para conduzir o inquérito deste caso com independência e segurança institucional”.
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Calandrini conduz a apuração que culminou na Acesso Pago, ação que mirou os desvios no Ministério da Educação.
Fonte: Metrópoles