24 de Abril de 2024 - Ano 10
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18/05/2022

Suécia e Finlândia entregam pedidos de adesão à Otan e abdicam de neutralidade histórica

Foto: Reprodução

Autoridades dos dois países nórdicos participaram de cerimônia na sede da aliança, em Bruxelas, na Bélgica, nesta quarta-feira (18).

Na maior guinada da geopolítica mundial desde o início da guerra na Ucrânia, a Finlândia e a Suécia entregaram nesta quarta-feira (18) o pedido formal de entrada na Organização do Tratado do Atlântico Norte ( Otan), a aliança militar do Ocidente considerada pela Rússia seu principal inimigo atual.

 

Os países nórdicos, que abdicaram oficialmente da neutralidade que adotavam a décadas, devem agora esperar a análise e o aval dos demais integrantes da Otan, o que alguns governos querem tentar acelerar para meados deste ano, embora especialistas apontem um prazo de até um ano.
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, que recebeu os pedidos nesta manhã na sede da aliança, em Bruxelas, na Bélgica, disse que o ato marca "um momento histórico" para o mundo. A adesão da Finlândia e da Súecia devem criar um escudo militar contra o avanço russo no mar Báltico e consolidar a presença da aliança do Ocidente em países próximos à Rússia.

 

Atualmente, Letônia, Estônia e Lituânia, vizinhas da Rússia, já fazem parte da aliança. A entrada da Finlândia, no entanto, expande a fronteira entre membros da Otan e o território russo para mais que o dobro.

 

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Já a Suécia vem desde 2020 reforçando as operações no mar Báltico e os gastos militares, que atualmente representa pouco mais de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) do país - porcentagem que terá que aumentar para 2% caso o país passe a integrar a Otan.

 

ENTRAVE DA TURQUIA 


Mas a Turquia, que faz parte da Otan, pode ser o primeiro obstáculo às novas adesões.

 

Para que um novo país entre na aliança, é preciso a aprovação de todos os atuais integrantes, por unanimidade. O presidente turco, Tayip Erdogan, voltou a afirmar nesta quarta-feira (18) que é contra as novas entradas. Erdogan critica os dois países nórdicos por terem concedido asilo e refúgio a turcos que integram o PKK, o grupo nacionalista curdo que Ancara considera terrorista.

 

Neutras durante a Guerra Fria, a decisão da Suécia e da Finlândia de aderir à Otan é uma das mudanças mais significativas na arquitetura de segurança da Europa em décadas, refletindo uma alteração radical na opinião pública da região nórdica desde a invasão russa da Ucrânia em 24 de fevereiro.

 

Com a candidatura entregue, começa agora a corrida pelo aval dos membros da Otan. A primeira-ministra sueca, Magdalena Andersson, e o presidente finlandês, Sauli Niinistö, irão a Washington, nos Estados Unidos, na quinta-feira (19), para se encontrar com o presidente Joe Biden.

 

TURQUIA SE OPÕE 


Enquanto o presidente russo, Vladimir Putin, pareceu se calar na segunda-feira (16) sobre possíveis retaliações à adesão sueco-finlandesa, o principal obstáculo agora parece vir de dentro da Aliança.

 

A Turquia, cuja ratificação é imperativa, como a dos outros 30 membros da Otan, reafirmou ontem sua hostilidade à entrada de Suécia e Finlândia, apesar das discussões diplomáticas durante o fim de semana.

 

O governo turco não vai ceder, disse o presidente Recep Tayyip Erdogan. Ele acusa a Suécia de ser "o berçário de organizações terroristas" e de ter adotado sanções contra seu país.


Analistas acreditam que a Turquia busque vantagens em troca de sua autorização, como, por exemplo, o levantamento da recusa dos Estados Unidos em vender-lhes caças F-35.

 

O governo turco critica Suécia e Finlândia por não aprovarem seus pedidos de extradição de pessoas que acusa de serem membros de "organizações terroristas", como o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) curdo, ou por terem congelado as exportações de armas para a Turquia.

 

CANDIDATOS ESTÃO OTIMISTAS 


Apesar destas disputas, o presidente finlandês disse estar otimista em obter o apoio da Turquia, por meio do que ele descreveu como discussões construtivas.

 

"A Suécia deseja trabalhar com a Turquia na Otan, e esta cooperação pode ser um elemento da nossa relação bilateral", afirmou Andersson, da Suécia. Ela disse que o país dela "está empenhado na luta contra todas as formas de terrorismo".

 

Consequência da invasão da Ucrânia pela Rússia, as candidaturas de Finlândia e Suécia avançaram nesta terça-feira. No final de uma sessão parlamentar de dois dias, o projeto de adesão foi aprovado pelo Parlamento finlandês por 188 votos a favor, oito contra e nenhuma abstenção.

 

"É um resultado excepcional, não esperava que fosse tão claro. A votação é clara, chega de discussão", disse o chanceler finlandês, Pekka Haavisto, antes de assinar o formulário de candidatura de seu país.

 

A ministra das Relações Exteriores da Suécia, Ann Linde, assinou o formulário de inscrição da Suécia esta manhã, durante uma cerimônia.

 

Após uma guinada a favor da adesão, Suécia e Finlândia consideram necessário colocar-se sob o guarda-chuva da Otan, diante de uma Rússia capaz de invadir militarmente um de seus vizinhos.

 

Com isso, os dois países virariam a página de décadas de neutralidade e de não alinhamento militar, em busca de garantias de segurança de seus vizinhos nórdicos e das principais potências da Otan nas últimas semanas. Apenas os membros da Aliança se beneficiam do famoso artigo 5º de proteção mútua, não os candidatos.

 

OUTROS MEMBROS DA OTAN 


O chanceler alemão, Olaf Scholz, disse que seu país "intensificaria" sua cooperação militar com as duas nações nórdicas.

 

A França afirmou que "ficará ao lado da Finlândia e da Suécia", em caso de agressão.

 

"Qualquer Estado que pretenda pôr a solidariedade europeia à prova, mediante uma ameaça, ou agressão, à sua soberania por qualquer meio, deve ter a certeza de que a França estará ao lado da Finlândia e da Suécia", escreveu a Presidência francesa em um comunicado à imprensa.

 

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Em geral, a adesão à Otan leva vários meses. A Suécia disse esperar que o processo leve no máximo um ano. 

 

Fonte: G1

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