Arthur Neto
*Por Lúcio Carril - Arthur Neto passa longe de Policarpo Quaresma. O personagem de Lima Barreto tinha inspirações louváveis e sonhos juvenis de um Brasil melhor.
Arthur foi consumido pelos mesmos valores dominantes na primeira República (época da publicação de Triste Fim de Policarpo Quaresma), onde o patrimonialismo teve papel de destaque na condução da coisa pública. Uma confusão estrutural de uma elite acostumada a mamar nas tetas do Estado.
Para engordar a conta bancária e se manter no poder, Arthur traiu até mesmo a memória de seu pai, o senador cassado Arthur Virgílio Filho, homem honrado, honesto e coerente. Arthur não herdou uma só qualidade.
Veja também
O atual prefeito de Manaus vem num processo descendente - ou seria decadente? - há décadas, pontilhando uma trajetória incongruente, sem essência e desenhada com traços de oportunismo e utilização da máquina pública para interesses pessoais.
Quando foi prefeito pela primeira vez (1989 - 1992) era dono de grande expectativa de rompimento com os grupos dominantes, mas resolveu virar as costas para o povo e para sociedade e trilhar o caminho das velhas práticas.
Conseguiu em poucos meses nomear sua gestão com a marca da violência contra os camelôs. Ficou a mancha, que foi mais forte do que suas pequenas obras em benefício da cidade.
Está agora no seu terceiro mandato, e só piorou como gestor, como político e como cidadão responsável. Não há qualquer indicativo de mudança, mas é claro seu envolvimento com as velhas práticas.
Sem nada para se sobrepor, sua gestao ficará marcada pelo "Caso Flávio", considerando seu envolvimento com mentiras para esconder um crime.
É um fim triste, sem valores morais de referência e atolado em práticas reprováveis, além de indolente como gestor. É uma pena, já que Manaus continua pagando pela escolha errada do seu povo.
*Lúcio Carril é sociólogo e especialista em gestão e políticas públicas pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo.