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Mulher
10/11/2020

Violência obstétrica: saiba o que você pode recusar no momento de parir

Foto: Reprodução

Atos como aplicar hormônios sintéticos, agressões verbais e até o ponto do marido são parte de um conjunto de ações que não devem ser aceitas por gestantes na sala de parto; entenda mais sobre violência obstétrica

A violência obstétrica ocorre quando alguém toma decisões sobre o parto sem consultar a gestante, utilizando de métodos invasivos e até mesmo perigosos para a saúde física e psicológica da mulher.

 

Nos últimos anos, o Brasil e o mundo avançou na discussão sobre violência obstétrica . Mesmo assim, a noção do que é uma violência em uma sala de parto pode ser vaga para muitas mulheres. Para ajudar a reconhecer essas situações conversamos com Luciana Teixeira Morais, bacharel em jornalismo e direito, doula desde 2017 e pesquisadora sobre parto humanizado desde 2013.

 

Ao passo em que muitos direitos foram conquistados para a garantir a segurança da mulher que está parindo, como a instituição da Rede Cegonha pelo Ministério da Saúde pela portaria Portaria GM/MS nº1.459, em 2001 , por exemplo, mulheres ainda seguem experienciando violências na sala de parto, sobretudo pretas e indígenas.

 

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A violência obstétrica ocorre quando alguém toma decisões sobre o parto sem consultar a gestante, utilizando de métodos invasivos e até mesmo perigosos para a saúde física e psicológica da mulher.

 

Nos últimos anos, o Brasil e o mundo avançou na discussão sobre violência obstétrica . Mesmo assim, a noção do que é uma violência em uma sala de parto pode ser vaga para muitas mulheres. Para ajudar a reconhecer essas situações conversamos com Luciana Teixeira Morais, bacharel em jornalismo e direito, doula desde 2017 e pesquisadora sobre parto humanizado desde 2013.

 

Hora do parto: o que é considerado violência obstétrica | Bebe.com.br

 

Ao passo em que muitos direitos foram conquistados para a garantir a segurança da mulher que está parindo, como a instituição da Rede Cegonha pelo Ministério da Saúde pela portaria Portaria GM/MS nº1.459, em 2001 , por exemplo, mulheres ainda seguem experienciando violências na sala de parto, sobretudo pretas e indígenas.


Em entrevista ao iG Delas, Luciana explica situações que não devem acontecer de jeito nenhum na sala de parto, pois são consideradas violência obstétrica.

 

Realização de lavagem intestinal


A lavagem intestinal era mais comum há alguns anos e era realizada para que a gestante não defecasse na hora do parto. Hoje não é considerada necessária, mas ainda acontece. “Enquanto a mulher está em trabalho de parto , onde as contrações evoluem em tempo, ritmo e intensidade, as mulheres podem fazer cocô nos intervalos”, explica Luciana.

 

Para evitar que isso aconteça, a mulher pode ir ao vaso sanitário e tentar fazer força antes de parir. Para Luciana, no entanto, é importante entender que essa é uma questão natural. “O bebê não vai sair pelo ânus, as fezes não vão vazar para frente. O que sai é residual, em quantidade mínima. É um processo natural, todo mundo faz”, diz.

 

Aplicação de hormônios sintéticos


O uso da ocitocina sintética para ajudar nas contrações uterinas e agilizar o parto, mas na realidade pode causar mais dor. Luciana explica que a ocitocina é liberada no momento do parto pelo próprio corpo, que ajuda para fazer as contrações evoluírem para a dilatação do colo do útero para que a criança possa passar.

 

Só que ao aplicar esse hormônio de maneira sintética, a mulher não tem tempo de se preparar psicologicamente para a dor da dilatação e o processo deixa de ser natural. “Se uma mulher está com 1 centímetro de dilatação, ela está no nível um na escala de dor. No momento que aplicam a ocitocina, você pula do nível 4 para o nível 10. E isso pode ser por meia hora, duas horas, até seis horas, não tem previsão exata do tempo para a ocitocina realmente agir e agilizar”, justifica Luciana.

 

No Brasil 25% das mulheres já sofreram violência obstétrica – Assembleia  Legislativa de Sergipe

 

Colocar a gestante em posição ginecológica


Apesar de ser um posicionamento padrão, a posição ginecológica (quando a mulher se deita com as pernas apoiadas para cima) não precisa e nem deve ser o padrão em um parto humanizado. “Ela [a posição] não favorece a mulher em nada para parir. Existe a lei da gravidade: se o neném tem que sair para baixo e você usa o períneo, como quando vai urinar ou defecar, ela precisa estar sentada ou de cócoras”, orienta Luciana.

 

A mulher pode pedir para fazer posições diferentes no momento do parto. Luciana explica que doulas e participantes do movimento de parto humanizado orientam que mulheres possam se movimentar livremente enquanto aguardam o momento de dar à luz. Segundo ela, a gestante pode escolher se movimentar livremente e caminhar pelo espaço, por exemplo.

 

Realização de episiotomia


A episiotomia é um corte feito pelo médico no períneo (músculo que fica entre a vagina e ânus) com a intenção de aumentar o espaço para a saída do bebê. No entanto, porcentagem de casos que realmente necessitam desse procedimento é de 15%. O corte realizado sem necessidade pode impactar a vida de muitas mulheres, desde a tornar as relações sexuais doloridas até a não sustentação de órgãos internos como a bexiga e o intestino.

 

Ela aponta que a maior justificativa para a realização de uma episiotomia é para evitar uma laceração perineal, que é quando o períneo se rompe por conta de uma força brusca. No entanto, Luciana aponta que a chance de uma laceração acontecer é muito menor ao acontecem em menor escala quando a mulher está em uma posição confortável ou quando não é pressionada a fazer força quando sente que não deve.

 

“Isso vai machucar muito menos do que um corte e uma costura no local”, diz. É geralmente nesses procedimentos que o médico faz o chamado ponto do marido, que dá mais pontos no períneo para deixar a área mais “apertada” para o marido penetrar. “Esse ponto é simplesmente desnecessário”, afirma Luciana.

 

Resolução retira autonomia da mulher no parto e dá margem à violência  obstétrica - Filhos - iG

Fotos: Reprodução

 

Omissão no momento do parto


Realizar procedimentos ou aplicar medicamentos e hormônios sem que a gestante saiba, bem como esconder algo que possa ter “dado errado” na hora do parto, são omissões e, portanto, parte dessa cadeia de violência obstétrica. Para que isso não aconteça, o médico precisa conversar com a gestante e comunicá-la sobre tudo o que está acontecendo a todo instante.

 

Além disso, Luciana diz que é muito importante que mulheres tirem tempo para pesquisar e estudar para saber que tipo de parto elas querem ter. “Se ela não está com saco para fazer isso, vale pesquisar por grupo de gestantes, doulas, buscar documentários e ter o mínimo de informação para ter consciência do que pode e o que não pode”, diz Luciana.

 

Agressões verbais e psicológica


Também entra no conceito de violência obstétrica quando a pessoa que está realizando o parto faz piadas, ameaças e gritos durante o parto, já que isso se configura como agressão psicológica. “É um momento em que a gente está muito vulnerável, com dor, e aí dizem que se a gente não dizer ‘de tal jeito’ vamos morrer e nossos filhos também. Uma coisa é falar isso e outra coisa é conversar quando a gestante não está com dor e dizer ‘olha, está acontecendo tal coisa, temos tais alternativas, o que você quer fazer?’”, conta a doula.

 

Banalização das cesáreas


De acordo com a lógica do parto humanizado, o momento de parir é mais seguro quando existe o mínimo de intervenção médica possível . “Se a cesárea for acontecer, precisa ser de maneira respeitosa e com embasamento.”


Como garantir que um parto humanizado seja realizado?


Segundo Luciana, a ideia de parto humanizado caiu em um lugar estereotipado para as pessoas, mas ela explica que nada mais é do que devolver o controle do procedimento para a pessoa que está realizando toda operação: a própria mulher.

 

Por isso, ela considera que é importante que a gestante esteja por dentro de tudo o que vai acontecer e realize um plano de parto. “Independente do que um médico falou sobre como vai ser um parto, ela tem que pensar na maneira como quer fazer isso. Se quer acompanhante, se quer analgésico, se não quer que a chame de ‘mãezinha’ ou que não falem sobre outros assuntos durante o parto”, exemplifica.

 

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Para ela, é um momento que exige respeito e estudos mínimos para pensar nos mínimos detalhes. “As mulheres hoje têm muito menos filhos do que antes. O momento do parto é um momento único e precisa ser respeitado”. 

 

iG

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