Para Aloisio Campelo, trajetória de recuperação deve ser longa
A economia brasileira já saiu da maior recessão das últimas quatro décadas. Mas a trajetória de recuperação deve ser longa, já que o PIB ainda está em patamar próximo ao de 2011. Na avaliação do economista Aloisio Campelo, superintendente de Estatísticas Públicas do Ibre/FGV, a economia brasileira só voltará ao patamar pré-crise em 2019.
Como o senhor avalia o ritmo de retomada atual, em relação a outras crises?
- Em relação ao consumo das famílias, apesar do impulso do FGTS, com disseminação do crédito pela economia, estamos com desempenho bastante comparável (ao visto em outras saídas de recessão). O que está muito atrás é a formação bruta de capital fixo (indicador de investimentos). Isso por causa da construção, que responde por 60% (do setor). A economia minguou nos últimos anos e tem problemas até de oferta, porque algumas empresas ficaram muito prejudicadas por causa da Lava-Jato. A questão do setor da construção está segurando (a recuperação dos investimentos).
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Quando voltaremos ao patamar pré-crise?
- Acho que dificilmente a gente vai conseguir retornar no ano que vem ao pico (da atividade econômica, antes de 2014). Deve ficar para 2019 mesmo. É possível que, no cenário mais favorável, seja no segundo ou terceiro trimestre de 2019. Mesmo que a gente cresça 4% em 2018, não voltamos ao pico.
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Quais são os riscos pela frente?
- Essa crise tem algumas características que dificultam um pouco (a recuperação). A gente tem um problema fiscal e tem a questão da Lava-Jato, que não está resolvida. E há ainda uma incerteza grande com o que vai acontecer nas eleições do ano que vem. E incerteza impacta as decisões estratégicas das empresas. São características importantes do Brasil neste momento.
O Globo