26 de Abril de 2024 - Ano 10
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10/10/2017

‘Pensam que você quer arrumar namorado’, diz Cris Cyborg sobre ser mulher no mundo da luta

Foto: Divulgação

Brasileira conquistou segundo cinturão em julho deste ano e falou com a QUEM sobre o machismo no esporte, a rivalidade com Ronda Roussey e a carreira

A música eletrônica marcava o ritmo da academia de luxo Les Cinq Gym, nos Jardins, em São Paulo, cenário do nosso ensaio.

 

Em uma das salas do admnistrativo, Cristiane Justino Venâncio, mais conhecida como Cris Cyborg, recebia os últimos retoques na maquiagem para começar a fazer fotos para a revista Quem. Em bate-papo descontraído, ela contou detalhes do início da sua carreira como lutadora de MMA.

 

Supervaidosa, ao contrário do que muita gente imagina de uma lutadora, Cris gostou tanto dos figurinos do ensaio que acabou levando para ela um moletom da marca TIG by Renata Figueiredo com os dizeres "Women Strong Power" (Mulheres, força, poder), tudo a ver com essa curitibana que ganhou o cinturão do UFC aos 32 anos - antes, já tinha levado no extinto torneio Strikeforce.

 

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Cyborg diz ter sido uma adolescente ativa, participando dos times de atletismo e handebol da escola. Aos 19 anos, enquanto treinava com sua turma da faculdade, foi abordada por um treinador da Chute Boxe e se interessou pelo mundo das lutas. Mas ela relata que no início enfrentou dificuldades para ser levada a sério no esporte.

 

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"Sempre separavam a galera profissional no treino e me colocavam do outro lado. Eu ficava brava, porque eu queria estar com eles. Você tem que buscar seu espaço para chegar aonde cheguei. Eu consegui, me esforcei", diz. Com apenas seis meses de treino, ela já estava pronta para a primeira luta, e única derrota, no MMA.

 

Nocautes

 



Cris Cyborg (Fotos: Marcos Rosa / Ed. Globo)


Uma das características mais marcantes de Cyborg é sua explosão na hora de bater. Com golpes potentes, ela conseguiu nocautear seus últimos adversários com facilidade. A lutadora tem apenas uma derrota na carreira: das 19 lutas que realizou no MMA, 10 delas foram finalizadas logo no primeiro round.

 

Nem a ala masculina escapa dos poderosos golpes de Cris. "Já nocauteei [homens durante o treino]. Eles vão de boa, acham que você não vai bater por ser mulher. Meu treinador sempre falava: 'Vai duro com ela, porque ela vai duro'. Aí, uma vez, dei uma giratória, que pegou no queixo dele e ele caiu. Às vezes, acham que mulher é frágil... Tem que ir conforme a música. Meu treinador até briga comigo, porque eu não quero nocautear meus colegas, né? [risos]. Eu deixo para a hora da luta de verdade!", brinca.

 

Em 2009, Cris Cyborg deu uma entrevista para um site especializado em MMA e viralizou na web ao aparecer em vídeo dando um mata-leão no repórter. "Todo mundo achou que eu era a malvada! Na verdade, assinei um contrato com ele, era uma brincadeira. Ele queria que eu o colocasse para dormir e eu não queria um processo. Tive que fingir que foi aquilo mesmo que aconteceu. Por um tempo, não pude falar pra ninguém. Ele fez muita fama. Deu muita audiência", conta a lutadora.

 

Lute como uma mulher

 

Cris Cyborg (Foto: Marcos Rosa / Ed. Globo)


Como quase toda mulher que se interessa por esportes de luta, Cris Cyborg conta que recebeu tratamento diferenciado. "Mulher é tipo café com leite. Eles brincavam muito. Ninguém leva a sério que você está ali para treinar, para lutar mesmo. Pensam que você está lá para arrumar um namorado, caçar, que é maria-tatame [risos]. Até você chegar na academia e provar que só quer lutar, é difícil. Tem mulheres que vão com essa intenção [arrumar namorado]. Cada treino para mim era muito difícil. Eu tinha que mostrar que eu estava lá pelo esporte e os homens ficam fazendo gracinha", revela.

 

Com o crescimento da popularidade do esporte, principalmente na categoria feminina - Amanda Nunes é outro nome nacional do UFC -, Cris sente que as coisas já estão mudando para as profissionais. "A luta feminina não era vista como um esporte. 'Ela não pode ser forte, porque falam que ela parece um homem'. Tinha muito preconceito. Agora que o UFC está crescendo bastante, não tem tanto isso. Os homens guardam isso para eles, não falam mais", diz Cris.

 

Mais vitórias

 

Cris Cyborg ( Foto: Marcos Rosa / Ed. Globo )


Em julho deste ano, Cyborg enfrentou a norte-americana Tonya Evinger na disputa pelo cinturão na categoria Peso Pena do UFC (66 kg). Sua marca registrada fez parte, mais uma vez, da luta: Cris nocauteou a adversária com joelhadas.

 

Antes da luta, a curitibana prometeu que o cinturão conquistado já teria um destino: o Hospital Erasto Gaertner, em sua cidade-natal, especializado em tratamento do câncer. "Antes de viajar para o UFC 214, eu tive a oportunidade de vir ao Brasil visitar as crianças e recebi de presente um cinturão de papel como forma de incentivo e motivação. Depois disso, prometi para mim mesma que traria o cinturão para elas quando o conquistasse. Essas crianças são mais que campeãs, elas lutam todos os dias pelas suas vidas. E um pequeno gesto como esse já faz uma diferença muito grande na vida delas. Eu sempre falo isso, da importância de lutar por aqueles que não podem lutar. E é tão bom fazer alguém feliz, porque isso também faz a gente feliz. Foi muito gratificante ter vindo aqui hoje", declarou a campeã ao visitar o hospital no final de agosto.

 

Rivalidade

 

Cris Cyborg ( Foto: Marcos Rosa / Ed. Globo )


Desde 2011, os fãs do UFC torcem por uma luta de Cris Cyborg contra Ronda Roussey. As duas pertencem a categorias diferentes e Cyborg teria que emagrecer alguns quilos para se encaixar na modalidade.

 

A rivalidade e troca de farpas entre as duas se manteve por anos, mas após as derrotas consecutivas de Ronda - para Holly Holm e para a brasileira Amanda Nunes -, Cris descarta a possibilidade.

 

"Eu acho que ela [Ronda Rousey] me odeia, mas eu não a odeio. Essa rivalidade foi boa para mim também, porque eu usei isso para eu melhorar como atleta. Por exemplo, se eu não tivesse tido essa rivalidade eu não teria treinado judô. Estou amando, sou faixa amarela. Tenho melhorado. É importante ter briga", explica.

 

Questionada sobre guardar rancor de suas adversárias - algo frequente na imprensa -, Cris nega. "Quando eu luto, não fico com raiva delas. Mas aí já não sei se elas ficam com raiva de mim. Luto e até abraço depois, converso, convido para festa. Eu vejo ali um esporte. Infelizmente, alguém tem que perder [risos]". 

 

Revista Quem

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