06 de Maio de 2024 - Ano 10
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09/09/2018

‘Podemos ter a semente de um novo ‘crash’, diz economista que previu crise de 2008

Foto: Reprodução

Raghuram Rajan, ex-economista-chefe do FMI, atribui o crescimento excessivo do crédito a políticas monetárias frouxas demais

Um dos economistas que previram a crise de 2008, Rajan atribui o crescimento excessivo do crédito a políticas monetárias excessivamente frouxas, com juros baixos demais e injeção de recursos no sistema.

 

Essa é a principal preocupação do ex-economista-chefe do FMI e professor da Universidade de Chicago.


Quais foram as principais consequências e lições?


Aprendemos algumas lições. Os reguladores têm sido mais restritivos ao capital bancário. Isso foi positivo. Os bancos estão mais capitalizados hoje. Mas avançamos menos no chamado sistema financeiro shadow (paralelo, em inglês), sobretudo no que diz respeito à alavancagem (tamanho do crédito em relação ao patrimônio).

 

Tem havido maior tomada de crédito em novos lugares, parte dela financiada por instituições não bancárias, como fundos de pensão, fundos hedge e private equity (participação em empresas de capital fechado). Acredita-se que essas instituições sejam capazes de absorver eventuais perdas, mas é possível que haja problemas.


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Quais medidas podem ser tomadas?


Não há medidas óbvias imediatas. Uma das preocupações é que, se você deixa a alavancagem crescer, a reação pode vir tarde demais. O que deve ser feito é evitar o crescimento da alavancagem.

 

A pergunta que fica é qual a responsabilidade que políticas monetárias frouxas tiveram nesse crescimento.

 


Raghuram Rajan (Foto: Reuters)


E como o senhor avalia a atuação dos bancos centrais?


Essa é a questão central. Todos sabemos o papel que os bancos tiveram na crise. O que não discutimos muito foi o papel dos BCs na precipitação dessa crise.

 

A importância do “dinheiro fácil” nos EUA antes da crise para criar o nível de alavancagem que se tornaria problemática. O que foi feito para recuperar os mercados foi muito bom, como a intervenção do Fed (BC dos EUA) sobre ativos lastreados em hipotecas e a do BCE (Banco Central Europeu) sobre os mercados de dívida soberana.

 

Mas, no caso de programas de estímulo como o quantitative easing (QE, de injeção de recursos no mercado), eles não proporcionaram o crescimento desejado, enquanto impulsionaram a alavancagem financeira indesejada. Eu preferiria uma política monetária menos agressiva. Isso teria pressionado mais os governos para tentar alternativas como a reestruturação fiscal.


Os BCs voltarão a ter papel tão importante em novas crises?


Certamente sim. E, em algum momento, teremos de nos perguntar: estamos criando as sementes da próxima crise com uma política monetária tão acomodativa no pós-crise?

 

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Como o senhor avalia a redução da regulamentação do setor bancário no governo Trump?


Tivemos um crescimento enorme da regulação. Mas isso provavelmente deu origem a uma quantidade de regras que grandes bancos conseguem cumprir, mas os menores, não.

 

Então, são razoáveis algumas das medidas para reduzir a carga regulatória sobre bancos pequenos e médios. Mas a desregulamentação sobre grandes bancos precisa ser feita com muito cuidado. E, com a alavancagem crescendo, não é a hora de mudar regras sobre restrições a ela.


O que isso poderia causar?


Isso poderia estimular ainda mais o crédito, o que seria problemático.

 

O Globo

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