26 de Abril de 2024 - Ano 10
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30/05/2016

Emissoras insistem fazer de Suzane Richthofen vilã ou heroína de novela

Foto: Reprodução / Internet

Suzane se tornou protagonista da crônica policial brasileira

A princesa que virou um monstro aos olhos do público. Confesso, a premissa é atrativa. O tipo de história capaz de prender a atenção do telespectador (algo cada vez mais raro), gerar muitos cliques em sites, mobilizar as redes sociais e fazer com que todos – ou quase – sintam-se mais humanos e íntegros ao se comparar com a protagonista de uma barbárie familiar.

 

Quase catorze anos depois de ajudar a executar os pais, Suzane Von Richthofen ainda fascina significativa parcela da mídia. Difícil acreditar que haja algum detalhe novo a ser acrescentado à crônica do crime.

 

Porém os repórteres insistem em correr atrás da ex-estudante de Direito, hoje com 32 anos. Parecem tê-la elegido personagem preferencial e inesgotável. Mas será que o público ainda quer saber dela?

 

Sim, a maioria de nós tem indisfarçável interesse mórbido por tragédias e seus protagonistas. O sucesso secular das peças de Shakespeare comprova essa teoria.

 

Parricídios, matricídios e outras aberrações domésticas despertam mais atenção (e audiência) do que notícias positivas. Testemunhar pela TV a desgraça alheia quase nos conforta. “Ok, até que minha vida não é tão ruim assim.”

 

Globo e Record são as emissoras a dar mais espaço a Suzane Von Richthofen. No domingo (29), ambas exibiram material sobre a detenta, condenada a 39 anos por participar do assassinato dos pais, em 2002.

 

No Fantástico, o experiente Valmir Salaro fez reportagem a respeito do pedido de Suzane para cursar Administração de Empresas pela internet e as possíveis punições que ela poderá sofrer por ter informado endereço errado onde se hospedaria, na saída do Dia das Mães. No Domingo Show, o apresentador Geraldo Luís conversou por uma hora com o novo namorado de Richthofen, Rogério Olberg.

 

Os passos da reeducanda do presídio de Tremembé são monitorados com afinco pelas equipes de TV. Como ela se comporta? O que conversa? Com quem se relaciona? O que planeja para o futuro? A curiosidade jornalística quase transforma Suzane em personagem de ficção.

 

Às vezes, ela é mostrada como uma heroína de novela, tal qual Júlia Matos (Sônia Braga), a ex-presidiária da novela Dancin´ Days. Em outras matérias é pintada como vilã folhetinesca em processo de redenção, a exemplo de Carminha (Adriana Esteves) em Avenida Brasil.

 

Em algumas entrelinhas, vira um tipo ambíguo (boa ou má? Sincera ou dissimulada?), como se revela a babá Nice (Gloria Pires na segunda versão, reprisada atualmente no Vale a Pena Ver de Novo), de Anjo Mau.

 

O incontestável é que Suzane gera Ibope. Já entrou para a galeria de personalidades de mídia lúgubres, cultivadas pela imprensa ao longo de muitos anos, tais como Maníaco do Parque (serial killer de mulheres), Champinha (assassino dos namorados Liana Friedenbach e Felipe Caffé) e o casal Nardoni (sentenciado pela morte da menina Isabella).

 

Por fim, chegou a hora de fazer um mea culpa. Eis que caí na mesma armadilha (ou, talvez, tenha repetido a artimanha): elevei Suzane Von Richthofen à categoria de ‘celebridade’ merecedora de manchete e análise.

 

Talvez seja mesmo impossível resistir a uma personagem tão bem desenhada. O infortúnio dos Richthofen virou uma franquia. Todos nós – imprensa e público – estamos sempre à espera do próximo episódio.

 

Fonte: Terra

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