Família tenta adiar a transferência do menino de delegacia para centro de internação por temer pela vida dele. Ação resultou na morte de dois colegas e quatro feridos.
O estudante que abriu fogo em sala de aula está arrependido e abalado, disse ao G1 neste domingo (22) a advogada da família do aluno, Rosângela Magalhães.
Filho de policiais militares, o adolescente está apreendido em uma cela separada de uma delegacia de Goiânia, mas deve ser transferido a um centro de internação provisória. Dois colegas morreram e quatro ficaram feridos.
“Ele disse que está arrependido. Ele está abalado, como o pai, a mãe, todo mundo. A mãe está internada, o pai visivelmente não está bem. Ninguém imaginava que isso pudesse acontecer”, disse a advogada.
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Após um pedido do Ministério Público de Goiás, a juíza Mônica Cezar Moreno determinou na noite de sábado (21) a internação provisória do estudante por 45 dias, com transferência imediata para o Centro de Internação Provisória de adolescentes em Goiânia. A família teme pela vida do menino e tenta adiar a saída da delegacia.
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“O centro de internações daqui não é seguro por conta da repercussão do caso, por conta dos pais serem militares, e o pai já coordenou a segurança do batalhão do sistema prisional, o que traz mais insegurança para a vida do menino”, explicou.
De acordo com a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO), o menor deverá se apresentar ao Juizado da Infância e Juventude na segunda-feira (23).
Atentado ocorreu em sala do 8º ano do Colégio Goyases,
em Goiânia (Foto: Sílvio Túlio/ G1)
O crime aconteceu na manhã de sexta-feira (20), no Conjunto Riviera. Além das mortes de João Vitor Gomes e João Pedro Calembo, ambos de 13 anos, outros quatros alunos, da mesma sala, foram baleados. Um deles recebeu alta neste domingo e já se recupera em casa, mas outros três continuam internados.
Bullying
O coronel da Polícia Militar Anésio Barbosa da Cruz informou que o autor dos disparos era alvo de chacotas de colegas. “Ele estaria sofrendo bullying, se revoltou contra isso, pegou a arma em casa e efetuou os disparos”, disse.
Um aluno de 15 anos, que estava na sala no momento do tiroteio, também contou que o adolescente era vítima de piadas maldosas.
Tenente-coronel Marcelo Granja, assessor de imprensa da Polícia Militar, revelou ao G1 a conversa que teve com o pai do autor dos disparos, que é major da corporação. Segundo ele, o policial - seu amigo há mais de 15 anos - ainda está profundamente abalado com o que aconteceu.
O assessor informou que tanto o major quando a esposa, que também é policial e dona da arma usada pelo adolescente, serão ouvidos pela Corregedoria da PM. A oitiva deve ocorrer na próxima semana, mas ainda não há data definida.
Escola
O Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino (Sepe) de Goiânia junto ao Conselho Estadual informou à TV Anhanguera, por meio de nota, na sexta-feira, que estão dando todo apoio à escola e aos parentes dos alunos da instituição.
João Pedro Calembo (à esquerda) e João Vitor Gomes foram mortos a tiros
durante ataque em escola (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)
Ainda conforme os órgãos, representantes foram até o colégio, conversaram com professores e direção e apuraram que o estudante autor dos disparos não apresentava comportamento suspeito. O texto destaca que as aulas no Colégio Goyases estão suspensas sem previsão de retorno.
Enterros
João Pedro Calembo e João Vitor Gomes, ambos de 13 anos, mortos no atentado, foram enterrados no sábado, em cemitérios de Goiânia.
O primeiro a ser enterrado foi João Pedro. O sepultamento ocorreu às 10h45 no cemitério Parque Memorial. Durante a cerimônia, a família fez orações e, por volta 9h, celebrou um culto em homenagem ao adolescente. O pai do menino disse que perdoa o atirador.
Já o corpo de João Vitor foi enterrado no Cemitério Jardim das Palmeiras, por volta das 11h20. Segundo colegas da vítima, ele e o atirador eram amigos e andavam juntos com frequência.
Feridos
Além de Hyago, três estudantes do 8º ano também ficaram feridas. No Hugo, ainda estão internadas Isadora de Morais, 14, e Marcela Rocha Macedo, 13. No entanto, a assessoria de imprensa da unidade de saúde informou não irá mais divulgar informações sobre elas a pedido dos familiares.
O G1 conseguiu contato, no sábado (21), com um parente de Isadora, que levou um tiro no tórax que perfurou o pulmão e já foi operada. A pessoa, que preferiu não se identificar, havia dito que ela segue com estado grave, mas "em melhora e estabilizando".
Já Marcela, segundo o boletim divulgado às 10h de sábado, tem quadro regular e respira espontaneamente. Ela foi transferida para a UTI para melhor observação.
Hyago, 13 anos, se recupara com a família após ser baleado durante atentado
em escola de Goiânia (Foto: Giovanna Dourado/TV Anhanguera)
A única que não está internada no Hugo é Lara Fleury Borges, de 14 anos, que, até sábado, estava se recuperando em um apartamento do Hospital dos Acidentados. De acordo com a unidade de saúde, ela foi operada para reconstruir o osso do antebraço, onde foi baleada. O quadro dela é considerado bom.
O que se sabe até agora. Veja a sequência dos fatos
Colegas relatam que ouviram um barulho.
Em seguida, os alunos viram o adolescente tirando a arma da mochila e atirando.
Alunos correram para fora da sala de aula.
O aluno descarregou um cartucho, carregou o segundo e deu um tiro, mas foi convencido pela coordenadora a travar a arma.
Estudante foi levado para a biblioteca até a chegada dos policiais.
(Foto: Editoria de Arte / G1)
G1