08 de Maio de 2024 - Ano 10
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Internacional
10/06/2018

França critica retirada de apoio a acordo do G7 por parte de Trump

Foto: Reprodução

Ministro das Relações Exteriores alemão também condenou postura do presidente

A França criticou, neste domingo, a mudança do presidente americano, Donald Trump, em realção ao acordo estabelecido no G7. "A cooperação internacional não pode depender de ataques de raiva e palavras mesquinhas: sejamos sérios e dignos de nossos povos", informou uma nota divulgada pelo Palácio do Eliseu.

 

O presidente francês Emmanuel Macron já havia comentado a postura do líder americano pelo Twitter. "Trump viu que enfrentava uma frente unida no G7. Isolar-se em uma reunião de nações é contrário à história americana", escreveu.

 

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O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Mass, também se manifestou pela rede social. Ele acusou o presidente de "destruir" a credibilidade do G7 com os seus tuítes. "É ainda mais importante que a Europa fique unida e represente os seus interesses", escreveu. "#EuropeUnited é a resposta ao #AmericaFirst."

 

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No sábado, Trump retirou abruptamente seu apoio a uma declaração final da cúpula de dois dias realizada em La Malbaie (Quebec, Canadá), apesar de um compromisso que foi alcançado após árduas discussões sobre questões comerciais.

 

Sua delegação e ele próprio endossaram esse documento final, composto por 28 pontos negociados duramente pelo Grupo dos Sete - Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, França, Alemanha, Itália e Japão.

 

Trump justificou a mudança de postura pelas declarações de Justin Trudeau, anfitrião da cúpula, durante a coletiva de imprensa que encerrou a reunião.

 

Os próprios jornalistas que viajavam a bordo do Air Force One para Cingapura com Trump foram surpreendidos pela mudança. Eles só descobriram a mudança quando o avião pousou na ilha grega de Creta para reabastecer.

 

A nota do Palácio do Eliseu também enfatiza a "incoerência" e a "inconsistência" de Trump. "Nós passamos dois dias negociando para concluir um texto e compromissos. Vamos permanecer ligados a ele, e qualquer um que der as costas (ao acordo) mostra sua incoerência e inconsistência", diz o texto. "A França e a Europa continuam a apoiar este comunicado, como esperamos de todos os membros signatários."

 

O primeiro-ministro do Canadá, um país afetado como a Europa e o resto do mundo pelas novas tarifas americanas sobre as importações de aço e alumínio, reiterou que essas tarifas eram "um insulto" ao seu país, dada a história entre as duas nações, que lutaram juntas desde a Primeira Guerra Mundial.

 

Assim como a União Europeia, Trudeau confirmou que seu país iria adotar medidas de retaliação em julho.

 

- Os canadenses são educados e razoáveis, mas não vamos nos deixar pressionar - disse o primeiro-ministro, que pouco antes havia elogiado o consenso alcançado pelos sete sobre uma série de questões.

 

Um texto que não resolve o conflito em curso, mas que foi bem recebido por todos como um passo para aliviar a tensão e avançar em um diálogo.

 

Poucas horas depois, ferido por essas palavras, o bilionário americano reagiu no Twitter a bordo do Air Force One. "Baseado nas falsas declarações de Justin em sua conferência de imprensa e em que o Canadá cobra tarifas enormes a nossos fazendeiros, trabalhadores e companhias, ordenei a nossos representantes não apoiarem o comunicado", tuitou do avião que o leva a Cingapura.


Trump qualificou também Trudeau de "muito desonesto e fraco".

 

O presidente americano também reiterou a ameaça de impor tarifas "aos carros que inundam o mercado americano", em uma decisão que aponta inicialmente para a Alemanha, outro membro proeminente do G7.

 

Os tuítes de Trump foram divulgados horas depois do fim da Cúpula do G7, quando os participantes começavam a ir embora do Canadá.

 


Primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, em coletiva de imprensa

de encerramento do G7 (Foto: AFP / Lars Hagberg)


O gabinete de Trudeau informou que as críticas do primeiro-ministro canadense a Trump na conferência de imprensa foram apenas uma reiteração do que ele já tinha lhe dito pessoalmente.

 

Berlim disse que "apoia a declaração em que eles concordaram coletivamente", segundo um porta-voz.

 

Já a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, ignorou os ataques de Donald Trump sobre o comércio, insistindo que o Ocidente ainda estava trabalhando "coletivamente", quando a conturbada cúpula do G7 foi encerrada.

 

 'Falatório criativo'

 

O presidente russo, Vladimir Putin, ironizou "o falatório criativo" dos países do G7 e os convidou a "se concentrar nas questões concretas próprias de uma verdadeira cooperação".

 

Durante a cúpula, o G7 pediu à Rússia que pare com suas tentativas de "minar os sistemas democráticos" e rejeitou uma proposta de Trump de reintegrar o país ao grupo. A Rússia foi excluída após a sua anexação da Crimeia em 2014, condenada como um ataque à soberania da Ucrânia.

 

Os Estados Unidos são o primeiro mercado estrangeiro para as marcas de carros europeias.

 

A Alemanha está particularmente preocupada: os automóveis representam um quarto do que o país exporta para os Estados Unidos. A fatia de mercado das marcas alemãs para o segmento de carros de luxo está acima de 40%, de acordo com a Federação Alemã de Automobilismo (VDA).

 

As atuais tarifas alfandegárias são efetivamente diferentes entre a União Europeia e os Estados Unidos. A Europa tributa as importações de veículos de fora da UE, incluindo os americanos, em 10%.

 


A chanceler alemã, Angela Merkel (Foto: AFP / SAUL LOEB)


Nos Estados Unidos, Audi, Volkswagen e outros de origem estrangeira são taxados a 2,5%.


"Não surpreende, então, que os alemães nos vendam três veículos para cada carro americano exportado para a Alemanha", escreveu Peter Navarro, consultor de assuntos comerciais de Trump, em recente coluna no New York Times.

 

Trump muitas vezes se queixa, em particular, de ver muitos Mercedes em Nova York... mas poucos carros americanos nas ruas europeias.

 

Para avaliar a equidade do comércio com seus parceiros, o bilionário se concentra em uma única questão: esse país tem um déficit comercial ou excedente com os Estados Unidos? No caso da Alemanha, tem um excedente.

 

 

O Globo

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