"As Filhas do Fogo", estreia deste final de semana em cinemas selecionados, teve seu trailer censurado no YouTube por conta das cenas de sexo
Muito popular nos anos 70 e 80, o cinema erótico foi se perdendo com o tempo. Tanto os apreciadores quanto os criadores de um cinema que abordava o sexo com desprendimento foram sendo sobrepujados por certa caretice e correção política.
O americano Adrian Lyne e o holandês Paul Verhoeven foram os últimos que conseguiram fazer do cinema erótico algo ainda acessível na indústria cultural. Uma das precursoras do “Nuevo Cinema Argentino”, Albertina Carri apresenta com “As Filhas do Fogo” uma oportuna contribuição para esse legado em processo de esquecimento.
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Seu filme, é bem verdade, não ostenta as credenciais comerciais trazidas por Sharon Stone ou Demi Moore no auge da beleza, mas também não precisa. A vocação aqui não é comercial, mas experimental. Se o sexo em seu viés pornográfico foi pasteurizado pela internet, Carri recobra inflexões valiosas com um filme francamente experimental e corajoso.
No longa, talvez o primeiro road movie erótico lançado nos cinemas brasileiros, três mulheres começam uma jornada poliamorosa em busca de prazer, diversão e novas formas de se relacionar afetivamente. Tudo com a Patagônia Argentina como cenário algo bucólico.
O trailer do filme, devido às cenas eróticas, foi censurado em plataformas como Facebook, YouTube e Instagram, mas pode ser visto sem cortes no site da produtora pornô brasileira XPlastic.
Veja o trailer em versão editada
Falta de força narrativa
As Filhas do Fogo é o novo exemplar do cinema
erótico argentino (Foto: Divulgação)
“Há algo no gozo que é irrepresentável”, reflete em um dado momento a cineasta que convence a namorada a se aventurar nessa jornada de poliamor. A ideia de documentar toda essa experiência é o gatilho para descobertas sexuais e uma busca incessante pelo prazer.
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“As Filhas do Fogo” é um misto de pornô feminista, em que se busca menos os estímulos visuais e mais uma contemplação, um ideário de tesão, com videografia. É arte que busca no sexo uma razão de existir. Há a articulação de ideias interessantes – a breve participação de personagens masculinos e a referência ao filme “Ghost – do Outro Lado da Vida” atendem por algumas delas -, mas o filme não consegue dar sustentação narrativa a todas.
Não é uma produção para revitalizar o cinema erótico e nem há essa pretensão por parte da realização, mas é uma experiência interessante para quem entende o cinema como um fluxo livre da arte e gosta especialmente de debater o sexo.
Gente / iG