Luxo do 'apê' de Zé Roberto da Compensa e outros no Compaj assombrou até secretário de Segurança e comandante do Exército

Foto: Divulgação

Naquilo que é chamado de cela, não falta nada para o conforto do traficante Zé Roberto

Aquilo que todo mundo já sabia foi provado hoje (29) pela ação do Governo do Estado, por intermédio da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas e apoio do Exército Brasileiro: presidiários “famosos”, que mandam e desmandam nos presídios de Manaus, gozam de regalias que fogem até da imaginação da maioria dos cidadãos.

Como de praxe, drogas, armas e telefones celulares, bebidas alcóolicas e outros objetos foram encontrados logo de cara na revista que em que o Exército empregou 10 detectores para localizar objetos metálicos escondidos nas celas e outras instalações do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), no km 8 da BR-174 (Manaus-Boa Vista), onde estão os maiores criminosos do Estado, a maioria traficantes e líderes de facções criminosas que determina a morte de rivais dentro e fora dos presídios.

Militar do CMA usa detector de metal na revista em cela do Compaj

(Fotos: Divulgação / Reprodução da internet)

Chamou particular atenção do secretário de Segurança Pública, delegado Sérgio Fontes, e do comandante Militar da Amazônia (CMA), general-de-exército Theophilo de Oliveira, o padrão de luxo da cela do traficante José Roberto Fernandes Barbosa, de 42 anos, o “Zé Roberto da Compensa”, o mesmo que por muito pouco não ganhou em maio o direito de ficar 30 dias em casa para tratar de um joelho machucado em “peladas” (partidas de futebol) dentro do Compaj.

Despensa da "cela" de Zé Roberto é abastecida

de alimentícios. Tem até panela de pressão

É uma cela, mas poderia ser apartamento de luxo

Um amplo espaço com paredes e pisos revestidos de cerâmicas e porcelanas, com mesa de jantar, frigobar, sistema de som e TV, colchão ortopédico, ventiladores e todos os utensílios de uma cozinha, além de uma despensa bem abastecida com alimentos. Essa é a cela de Zé Roberto no Compaj. Totalmente diferente das dos demais detentos sob custódia do Estado.

Para Sérgio Fontes, isso não deveria ocorrer porque diferencia um preso de outro. O secretário de Segurança fez questão de afirmar que essa questão não é de sua alçada, porque a gestão do sistema prisional é de outra pasta.

Artefato explosivo também foi achado nas celas dos presos

O secretário agradeceu ao comandante do Exército pela parceria e adiantou logo que os demais presídios do Estado vão passar pela mesma inspeção. Fontes leva em conta que boa parte da criminalidade em Manaus parte de ordens oriundas de dentro dos presídios.

Diversas armas, como facões, estoques (arma branca caseira) e celulares foram encontrados na vistoria de hoje. O general Theophilo disse que o equipamento é para auxiliar a segurança do Estado. “Esta parceria vai continuar, pois a nossa ideia é realizar ações em todos os presídios de dois em dois meses. Ficaremos à disposição”.

Armas artesanais foram achadas de cara pela tropa no Compaj

Bonates, na ‘marca do pênalti’, diz que o luxo é ordem de juiz e presos 'necessitam'

O secretário de Administração Penitenciária do Estado, coronel Louismar Bonates, não apareceu no Compaj durante a operação da SSP e do Exército. De acordo com policiais, essa seria a senha do Governo do Estado para mudança que possivelmente vai fazer na administração do sistema prisional, bastante abalado com recentes mortes dentro dos presídios por ordem de grupos criminosos, dos quais Zé Roberto é um dos líderes.

Em entrevista à imprensa nesta tarde, Bonates disse que há no presídio 25 celas com esse padrão de conforto. “Elas são chamadas de motel, para visita íntima. E não é só frigobar que há nas celas. Temos também freezers em todas as alas”, disse o secretário. Bonates acrescentou que tudo isso é para cumprir determinação do juiz da Vara de Execuções Penais. “Ele tem conhecimento e determinou”.

O secretário de Administração Prisional do Estado justificou assim as regalias: “Nesse clima, em um sistema superlotado e a pessoa tendo de tomar água de torneira, não tem quem aguente”, afirmou Bonates, para acrescentar em seguida que é preciso “dar um mínimo de dignidade humana para a pessoa que está lá cumprindo pena por um fato ilícito e tem que pagar”.

Bonates disse que “pegaram” só a cela de Zé Roberto para mostrar, mas, segundo ele, há outras com as mesmas benesses de confortabilidade. “Estamos com problema de doença de pele nos presídios por conta da umidade e estamos buscando algo que seja mais barato do que cerâmica para colocar em todas as celas”, disse o coronel da reserva da Polícia Militar.

CMA mandou tropa preparada para qualquer situação anormal

Experiência militar em outras situações

De acordo com policiais militares que participam da operação de revista que começou nos primeiros minutos da manhã de hoje, o equipamento dos militares já havia sido usado em ações no exterior, como Haiti e Nicarágua, para socorrer vítimas de catástrofes naturais. O instrumento localiza objetos metálicos e similares ainda que estejam enterrados ou escondidos sob paredes e pisos de concreto, que geralmente escapam às vistas das revistas comuns.

Já nos primeiros raios do sol a tropa do Exército já estava posicionada

Presos não deram um “pio” na revista

Um efetivo de pelo menos 160 homens do Batalhão de Choque da Polícia Militar e do Exército percorreu celas e pavilhões do presídio, além de revista pessoal em presos. O Compaj abriga cerca de 1.200 presos no regime fechado e uma quantidade não revelada no semiaberto. É sabido que há uma boa porção deles nas ruas, considerando que diariamente a polícia os capturam praticando novos crimes.

28/05/2015 | 15:10
Notícia urgente! Justiça muda de ideia e manda traficante Zé Roberto de volta ao Compaj