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07/08/2018

Preso há 20 anos, Maníaco do Parque recebeu mil cartas de amor em um mês. VEJA HISTORIAS

Foto: Elias Eberhardt 05/08/1998 / Agência O Globo

Condenado a 268 anos de cadeia, Francisco de Assis Pereira chegou a dizer para uma funcionária da polícia, em 1998

Durante mais de um ano, Francisco de Assis Pereira aterrorizou a região próxima ao Parque Estadual Fontes do Ipiranga, entre São Paulo e Diadema, mais conhecido como Parque do Estado.

 

Entre 1997 até a sua captura, em 4 de agosto de 1998, na cidade gaúcha de Itaqui, o motoboy assassinou 11 mulheres e estuprou outras nove, que conseguiram escapar da morte.

 

O Maníaco do Parque, como ficou conhecido, escolhia suas vítimas — jovens até 24 anos — a quem fazia falsas promessas de emprego ou de ensaios fotográficos. Bom de papo, chegou a dizer a uma funcionária do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que foi até a carceragem ver de perto o serial killer: "em meia hora de conversa, você sairia comigo", conforme edição do jornal O Globo de 14 de agosto de 1998.

 

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Estranhamente, logo após sua prisão, o assassino começou a receber cartas de amor de mulheres que não conhecia. Elas se solidarizavam com o criminoso e queriam começar um relacionamento com ele. Em um mês, Frederico já colecionava mais de mil cartas na cadeia e, em 2002, até se casou com uma das remetentes. Esse fascínio mórbido exercido sobre tantas mulheres foi analisado pelo jornalista Gilmar Rodrigues no livro "Loucas de amor - mulheres que amam serial killers e criminosos sexuais (Editora Ideias a Granel)", lançado em 2009. No mesmo ano, o diretor Alex Prado lançou o filme "Maníaco do Parque".

 

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A maneira de agir do criminoso chamou atenção da polícia e da sociedade na época. Isadora, Selma, Elisângela, Raquel, Patrícia, Rosa, Michelle, Fabiana, Kelly e Rosana (a 11ª não foi encontrada) conheceram Francisco, de 30 anos, nas imediações do parque, onde costumava patinar. Após conversar com as moças, ele as atraía para um recanto e lá, depois de estuprá-las, tirava da pochete uma pequena corda ou um cadarço de tênis e as estrangulava. A maioria das vítimas era deixada nua, e algumas foram encontradas com marcas de mordidas pelo corpo.

 

Polícia ignorou suspeita de pai da vítima

 

 

A lista de assassinatos poderia ter sido menor, se a polícia tivesse ouvido, em 13 de fevereiro, o pai de Isadora, Cláudio Fraenkel, que foi até a delegacia para falar do sumiço da filha três dias antes e do uso de cheques dela por Francisco. "Apesar das evidências e dos apelos, a polícia não relacionou Francisco ao desaparecimento de Isadora", disse Cláudio na edição do GLOBO de 8 de agosto. Na ocasião, o assassino disse à polícia que tinha namorado a moça e que ela fizera compras com dois cheques, devolvidos pelo banco por assinatura falsa. "Fui categórico em dizer que ele estava mentindo. A minha revolta é que acreditaram na versão dele e não na minha", completou o pai da estudante de 18 anos, cujo corpo só foi encontrado em 7 de agosto, carbonizado. Após depor à polícia, em fevereiro, Francisco resolveu voltar ao local do crime e queimou os restos mortais de Isadora, para dificultar o reconhecimento.

 

O primeiro corpo encontrado no parque, em 4 de julho, por um rapaz que entrara na mata à procura de uma pipa, foi o da comerciária Selma Ferreira Queiroz, 18 anos, desaparecida dois dias antes. Em seguida, a polícia achou os restos de Patrícia Gonçalves Marinho, balconista, 24 anos, e desaparecida desde 17 de abril, e o de Elisângela Francisco da Silva, 21 anos, que havia sumido em 9 de maio. No dia 12 de julho, os jornais publicaram o primeiro retrato falado, feito com a ajuda de várias mulheres violentadas, que haviam dado queixa às delegacias que circundam o parque. Assustado com a notícia, Francisco juntou suas coisas e fugiu, de carona e ônibus, passando pelo Paraguai, Mato Grosso do Sul e Argentina. Ele estava se preparando para encontrar "a namorada argentina" que conhecera em Alvear, cidade portenha próxima a Itaqui, quando foi preso, em 4 de agosto. Após participar de pescaria, ele havia ido tomar banho na pensão de um pescador e foi reconhecido por sua mulher, que vira o retrato falado do suspeito na TV e chamou a polícia.

 

Pais falam sobre o filho na TV

 

Vítimas do 'Maníaco do Parque'

 

Em 8 de agosto, os pais de Francisco, Nélson Pereira e Maria Helena de Souza Pereira, participaram do programa "Cidade Alerta", da TV Record, antes de visitar o filho na cadeia e pediram perdão a Claudio Fraenkel e aos pais das jovens mortas. "Não consigo acreditar que meu filho tenha se transformado nesse monstro. Mas, como ele confessou os crimes à polícia, terá que pagar por isso", disse o pai. Chorando muito, Maria Helena completou: "Tudo isso está sendo um choque para nossa família. Não sei o que dizer. Quero apenas pedir perdão ao senhor Cláudio e a todos os pais que tiveram suas filhas assassinadas".

 

As notícias sobre o Maníaco do Parque continuaram ocupando as capas dos jornais, e sua transferência do DHPP para a Casa de Custódia de Taubaté, em 14 de agosto, provocou um grande tumulto: um grupo de mais de 200 pessoas aguardava a saída do criminoso, que foi escoltado até o camburão por 20 policiais, sob os gritos de "assassino", "lincha", "trucida", "justiça" e "vai morrer". Ao chegar ao presídio, mais de 500 pessoas o esperavam, pedindo, aos gritos, "o linchamento do maníaco", como o jornal informou no dia seguinte.

 

Francisco confessou 11 assassinatos. No primeiro processo, em 30 de setembro de 1999, o juiz Luiz Augusto de Siqueira, da 16ª Vara Criminal, o condenou a 121 anos de prisão, por estupro e assassinato de cinco vítimas e violência sexual e roubo contra outras dez mulheres, além de atentado violento ao pudor. Em 25 de julho de 2002, foi condenado a mais 121 anos em processos por homicídio e ocultação de cadáver. Com o terceiro julgamento, a sentença do Maníaco do Parque totalizou 268 anos de prisão em regime fechado.

 

Casamento com catarinense

 

 

Após Taubaté, o Maníaco do Parque passou pelos presídios do Belenzinho e Itaí, onde ocupava cela junto com outros criminosos sexuais. Conforme entrevista publicada no "Diário de S. Paulo" em outubro de 2005, ele era casado com a catarinense Jussara Gomes, de 60 anos, que o visitava semanalmente, e pleiteava à Justiça visitas íntimas. O casal se conheceu em 1999, durante uma audiência, e após três anos de correspondências, se casaram por procuração. O Maníaco também tornou-se pregador do Evangelho. Francisco poderá ser libertado em 2028, após completar o tempo máximo de reclusão estabelecido pela legislação brasileira, 30 anos.


Fim de linha

 

Conhecido como Maníaco do Parque, Francisco de Assis Pereira chega

a São Paulo, após ser preso na cidade gaúcha de Itaqui: 11 assassinatos

confessados (Fotos: Elias Eberhardt 05/08/1998 / Correio do Povo).

 

 

O Globo 

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