26 de Abril de 2024 - Ano 10
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Educação
25/03/2019

Queniano é eleito o melhor professor do mundo; conheça sua história

Foto: Reprodução

Peter Tabichi foi premiado como um "professor excepcional" dentro e fora da sala de aula

Um professor de ciências da zona rural do Quênia, que doa a maior parte de seu salário para apoiar os alunos mais pobres, ganhou um prêmio de US$ 1 milhão (R$ 3,9 milhões) ao ser eleito o melhor professor do mundo.


Peter Tabichi, membro da ordem religiosa franciscana, ganhou o Global Teacher Prize de 2019, conferido pela Fundação Varkey, organização de caridade dedicada à melhoria da educação para crianças carentes.


Tabichi foi elogiado por suas realizações em uma escola sem infraestrutura, em meio a classes lotadas e poucos livros didáticos.


Ele quer que os alunos vejam "a ciência é o caminho certo" para ter sucesso no futuro.


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O prêmio, anunciado em uma cerimônia em Dubai, reconhece o compromisso "excepcional" do professor com os alunos em uma parte remota do Vale do Rift, no Quênia.


Ele doa 80% de seu salário para apoiar os estudos dos seus alunos, na Escola Secundária Keriko Mixed Day, no vilarejo de Pwani. Se não fosse a ajuda do professor, as crianças não conseguiriam pagar por seus uniformes ou material escolar.


Melhorando a ciência


"Nem tudo é sobre dinheiro", diz Tabichi, cujos alunos são quase todos de famílias bem pobres. Muitos são órfãos ou perderam um dos pais.


Seu objetivo é que os estudantes tenham grandes ambições, além de promover a ciência, não apenas no Quênia, mas em toda a África, diz.

 


Muitos alunos caminham mais de seis quilômetros para

chegar a escola no Vale do Rift (Foto: Getty Images)


Ele venceu entre outros dez mil indicados de 179 países, entre eles a professora Debora Garofalo, que ensina matérias de tecnologia em uma área carente de São Paulo.


Mas Tabichi diz que enfrenta "desafios com as instalações precárias" de sua escola, inclusive com a falta de livros ou professores.


"A escola fica em uma área muito retoma. A maioria dos estudantes vêm de famílias muito pobres. Até pagar o café da manha é difícil. Eles não conseguem se concentrar, porque não se alimentaram o suficiente em casa", contou em entrevista publicada no site do prêmio.


As classes deveriam a ter entre 35 e 40 alunos, mas ele acaba ensinando grupos de 70 ou 80 estudantes, o que, segundo o professor, deixa as salas superlotadas.


A falta de uma boa conexão de internet faz com que ele vá até um café para baixar os materiais necessários para suas aulas de ciências. E muitos dos seus alunos andam mais de 6km em estradas ruins para chegar à escola.


No entanto, Tabichi diz que está determinado a dar aos alunos uma chance de aprender sobre ciência e ampliar seus horizontes.


Seus estudantes foram bem sucedidos em competições científicas nacionais e internacionais, incluindo um prêmio da Sociedade Real de Química do Reino Unido.


Fora da sala de aula

 

Professor queniano doa 80% de seu salário para apoiar os estudos dos seus alunos


Tabichi diz que parte do desafio tem sido persuadir a comunidade local a reconhecer o valor da educação, o que leva a visitar famílias cujos filhos correm o risco de abandonar a escola.


Ele tenta mudar a mentalidade de pais que esperam que suas filhas se casem cedo - encorajando-os a deixar as meninas continuarem seus estudos.


O professor também ensina técnicas de cultivo mais resistentes aos moradores dos arredores, já que a fome é uma realidade frequente na região.
"Insegurança alimentar é um grande problema, então ensinar novos jeitos de plantar é uma questão de vida ou morte", disse em entrevista à Fundação Varkey.


Além do contato com as famílias, a atuação de Tabich se estende aos "clubes da paz" que ele organiza na escola, para representar e unir as sete tribos presentes ali. A violência tribal explodiu no Vale do Rift depois da eleição presidencial de 2007 e houve muitas mortes em Nakuru.


"Para ser um grande professor você tem que ser criativo e abraçar a tecnologia. Você realmente tem que abraçar essas formas modernas de ensino. Você tem que fazer mais e falar menos", ele disse à fundação.

 

Em salas que deveriam ter entre 35 e 40 alunos, professor acaba

ensinando grupos de 70 ou 80 estudantes (Fotos: Reprodução)

 

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O prêmio


O prêmio conferido a ele busca elevar o status da profissão de docente. O vencedor do ano passado foi um professor de arte do norte de Londres, Andria Zafirakou.


O fundador da premiação, Sunny Varkey, diz esperar que a história de Tabichi "inspire os que procuram entrar na profissão e seja um poderoso holofote sobre o incrível trabalho que os professores fazem no Quênia e em todo o mundo, diariamente".


"As milhares de indicações e inscrições que recebemos de todos os cantos do planeta são testemunho das conquistas dos professores e do enorme impacto que eles têm em as nossas vidas", diz.

 

BBC Brasil

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