Não é só impressão sua: os sabichões sabem muito menos do que acham que sabem
Ninguém gosta de sabichões. Ainda mais quando se trata de política. E um novo estudo, da Universidade de Michigan, comprovou o que muita gente suspeitava: as pessoas que acham que “sabem de tudo” superestimam o que realmente sabem.
A pesquisa pegou justamente o viés político para analisar. Ela se concentrou em testar pessoas que acham que suas visões são melhores -e mais corretas- que outros pontos de vista. Para isso, os cientistas adotaram dois critérios. Primeiro, compararam o grau de conhecimento dos sabichões com o de outras pessoas. Depois, avaliaram se eles eram bons em procurar novas informações.
No primeiro teste, os participantes precisaram relatar suas opiniões sobre alguns tópicos, e aqueles que achavam que suas opiniões eram as mais corretas precisavam justificar isso.
Os pesquisadores perguntaram o quanto os participantes achavam que conheciam sobre o assunto e, após isso, fizeram quizzes completos testando seus conhecimentos. Não deu outra: em quase todos os testes, os “sabichões” estavam superestimando seu próprio conhecimento. “Enquanto os participantes mais humildes às vezes até subestimavam seus conhecimentos, os que se viam como ‘superiores’ tendiam a pensar que eles sabiam muito mais do que realmente sabiam”, disse Michael Hall, autor do estudo.
Os 'sabichões' costumam achar que sabem muito sobre assuntos
diversos, mas o conhecimento que possuem é raso
Na segunda parte da experiência, os pesquisadores mostraram aos participantes artigos de notícias sobre diversos temas políticos, e pediram que eles selecionassem quais gostariam de ler.
Os sabichões nem titubearam: a maioria pegou artigos que confirmavam seus pontos de vista. E o pior, eles sabiam disso: quando os pesquisadores perguntaram a eles que tipo de artigos haviam escolhido, os sabichões prontamente admitiam que haviam escolhido textos que sustentavam suas próprias opiniões. “Nós pensamos que se as pessoas ‘superiores’ mostrassem uma tendência a buscar um conjunto equilibrado de informações, elas poderiam alegar que chegaram à sua ‘opinião correta’ por meio de um pensamento crítico e ponderado sobre ambos os lados da questão”, disse Hall. Mas, como visto na pesquisa, não foi isso que aconteceu.
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O estudo também afirma que os “sabichões” evitam opiniões contrárias porque aquilo em que eles acreditam está fortemente ligado aos seus valores. Eles não querem ter suas convicções morais desafiadas – ou até negadas. No fim, a pesquisa confirma velhas palavras de Millôr Fernandes: quem sabe tudo, é porque anda muito mal informado.
As pessoas menos humildes, com síndrome de superioridade, não se enxergam
como iguais, mas como melhores que as outras pessoas (Fotos: Reprodução)
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