17 de Junho de 2024 - Ano 10
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Internacional
02/08/2018

Zimbábue: presidente procura líder da oposição para reduzir tensão

Foto: Siphiwe Sibeko / Reuters

Capital do país foi palco de protestos violentos após primeiros resultados que davam vitória ao governo

O presidente em exercício do Zimbábue e candidato à Presidência, Emmerson Emmerson Mnangagwa, disse num tuíte nesta quinta-feira que estava "em comunicação" com o líder e candidato da oposição, Nelson Chamisa, para tentar reduzir a tensão após a violência da quarta-feira na capital do país, Harare. Na ocasião, a divulgação dos resultados da eleição legislativa, com a vitória do governismo, levou os seguidores de Chamisa a protestar nas ruas da cidade, erguendo barricadas e queimando pneus. Tropas do Exército intervieram e três pessoas foram mortas.


We have been in communication with Nelson Chamisa to discuss how to immediately diffuse the situation, and we must maintain this dialogue in order to protect the peace we hold dear.

 

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Presidente pede investigação

 

Escrevendo no Twitter, Mnangagwa disse que pediu uma investigação independente sobre os atos de violência. O presidente ofereceu suas condolências às vítimas e disse que os responsáveis seriam levados à Justiça. O Movimento pela Mudança Democrática (MDC), partido de Chamisa, acusou os militares de usar força excessiva nos protestos. Em novembro do ano passado, quando ajudaram a depor o ditador Robert Mugabe, que governou por 37 anos a ex-colônia britânica, os militares haviam sido aclamados nas ruas.


I am therefore calling for an independent investigation into what occurred in Harare yesterday. We believe in transparency and accountability, and those responsible should be identified and brought to justice.

 

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Observadores internacionais da ONU, da União Europeia e da Comunidade Britânica condenaram a violência e pediram calma ao país. O reconhecimento internacional do resultado eleitoral nas primeiras eleições sem Mugabe desde a independência, em 1980, é fundamental para que o Zimbábue consiga atrair os investimentos necessários a uma economia em frangalhos, na qual a pobreza afeta 70% da população.

 

Nesta quinta pela manhã, Harare estava mais calma, mas os soldados ainda vagavam pelas ruas cheias de pedras e brasas dos incêndios provocados pelos manifestantes. Eleitores da oposição diziam que as tropas haviam ordenado o fechamento do comércio e determinado que as pessoas deixassem o Centro da cidade. Mnangagwa negou que tenha havido qualquer ordem nesse sentido, mas o país está assolado por boatos de difícil comprovação veiculados pelas redes sociais.


— Agora eles [o governo] estão mostrando quem realmente são — lamentou o jornaleiro Farai Dzengera. — Achamos que eram nossos salvadores em novembro [quando o presidente Robert Mugabe foi deposto e Mnangagwa assumiu], mas fomos enganados.— Agora eles nos mandam sair da cidade. O que podemos fazer? Vamos sair. Eles é que governam o país.


O porta-voz da Presidência, George Charamba, criticou o que chamou de "notícias falsas destinadas a desestabilizar o país".


— Minha mensagem para todos os zimbabuanos é que hoje é um dia de trabalho normal. Eles devem retomar sua rotina — disse Charamba na TV estatal.


Enquanto os eleitores da oposição estão concentrados majoritariamente na capital, os do partido oficial Zanu-PF (União Nacional Africana do Zimbábue-Frente Patriótica), que governa desde a independência, se concentram no interior do país.


Desconfiança nas ruas

 

Para Mnangagwa, o mais importante agora é "seguir em frente e deixar para trás os trágicos eventos de ontem [quarta-feira]". Mas os eleitores de Chamisa estão desconfiados, sobrebretudo depois que o opositor declarou sua vitória na disputa pela Presidência antes da divulgação de qualquer resultado.


— Estamos só esperando para ver o que os soldados vão fazer, já que não nos querem aqui na cidade — reclamou Isaac Nyirenda enquanto tomava uma cerveja. — Quem pode argumentar com alguém com uma arma na mão?

 

Para analistas, o recurso ao Exército é um sinal de que as coisas não mudaram tanto assim no país.


— Recorrer às tropas revela a verdade incômoda de que, oito meses depois da deposição de Mugabe, o Exército continua sendo a força política mais importante — atesta Piers Pigou, especialista em política africana do International Crisis Group, centro de estudos de crises internacionais.


O vice-presidente da Comissão Eleitoral, Emmanuel Magade, afirmou em entrevista coletiva que "não houve trapaça, absolutamente" por parte do partido governista, o Zanu-PF. Pela lei, o resultado das eleições presidenciais deve ser divulgado até sábado.


O Globo

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