"Depois dos ataques, 90% das crianças nos hospitais israelenses têm sintomas de ansiedade". Quem revela isso é o psicólogo uruguaio Leo Wolmer, que vive há 40 anos em Israel.
O Fantástico conversou com vários especialistas que estudam como a guerra afeta a saúde mental de crianças e adolescentes em Israel e na Faixa de Gaza. Segundo Wolmer, elas "são afetadas desde muito pequenas. Vemos reações em crianças de um ano, de dois anos", diz.
A guerra e o medo são capazes de afetar a capacidade aprender, geram alterações na fala e fazem com que elas cresçam preparadas para revidar a qualquer conflito, explica Ionara Rabelo, psicóloga dos Médicos Sem Fronteiras, que atuou na Síria e na Palestina.
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Tem criança que para de falar, o que chamamos de mutismo seletivo. Tem outras que têm medo de dormir, tem pesadelos e ficam acordadas. Algumas estão completamente agitadas fisicamente", conta ao Fantástico Haim Omer, psicólogo e professor da Universidade de Tel Aviv.
A brasileira Ellen Dorella, que mora em Israel e é dona de uma escolinha para crianças de zero a três anos, diz que, por estarem inseridos no cotidiano de conflitos, as crianças já reconhecem até as diferenças entre sirene e alarme, entre outros.
"Outro dia, passou uma ambulância e, na mesma hora, uma menina falou assim: 'não se preocupem, é uma ambulância'". Ver uma criança de dois anos falar isso é de partir o coração", conta Ellen.
Na Faixa de Gaza, o chefe do maior centro de saúde mental do território, Yasser Abujamei, tem aplicado seus conhecimentos clínicos nas crianças.
"Nossas crianças convivem com a guerra há muito tempo. Essas explosões atuais trazem memórias de perigo e tristeza", diz. "Como psiquiatra, tento passar uma mensagem de esperança, de um futuro melhor. Digo que nós vamos sobreviver. Se eu não fizesse isso, seria desastroso."
Yasser lembra que, mesmo após o cessar-fogo e ainda que as coisas melhorem, os traumas seguirão presentes nas vidas de crianças e adolescentes do Oriente Médio.
Ainda sobre o futuro dos pequenos, visando amenizar as possíveis sequelas mentais, a psicóloga Ionara frisa que é preciso de adultos saudáveis para que as crianças sejam, também, saudáveis.
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"Depende das condições, da continência que essa criança tem. O quanto a família consegue proteger, o quanto ela tem uma escola que tenta tranquilizá-la, qual a capacidade dessa rede protetora de prover tranquilidade, bem-estar. Porque, com criança, a gente precisa de ter adultos que estejam tranquilos para cuidar dessas crianças", explica a psicóloga dos Médicos Sem Fronteiras.
Fonte:G1