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04/12/2020

'Anitta é uma personagem que criei para ter força. As fraquezas são minhas, da Larissa'

Foto: Reprodução

Anitta

“Nunca estive tão feliz em minha existência.” Se a autora dessa declaração em pleno 2020 não morasse na Barra da Tijuca, no Rio, mas na fictícia e paradisíaca Shangri-lá, daria para pensar que se trata de uma personagem de alguma fantasia distópica ou de uma mocinha otimista da novela das 6.

 

Alcançar tal estado de espírito neste ano dificílimo, em que uma pandemia tirou a vida de tanta gente e fez, literalmente, o mundo parar, parece mesmo ficção.

 

Anitta até é uma personagem, mas de si mesma, da pessoa física Larissa Macedo, nascida em Honório Gurgel, no subúrbio carioca. E quis registrar para seus 50 milhões de seguidores nas redes sociais, em agosto, quando passava férias na Itália, que nunca havia sido tão feliz em seus 27 anos quanto naquele momento. “Sinto informar, mas tô feliz pra caralho!”

 

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Larissa diz que a disposição para enfrentar qualquer momento difícil, como este de pandemia, está em sua família, mas também em seu alter ego, Anitta. “Anitta é uma personagem que criei para ter força. As fraquezas são minhas, da Larissa”, afirma à Marie Claire. Ela diz que odeia se sentir vulnerável, o que acontece quando se depara com mentiras sobre ela. “Sou muito verdadeira e lidar com algo que não é real me desestabiliza.” Curiosamente, foi só quando, pela primeira vez em dez anos de carreira, Larissa tirou o foco de sua fonte de força, Anitta, que encontrou a felicidade. “A rotina de trabalho faz a gente esquecer o que já fez e ficar olhando para o que está construin­do. Ter ficado parada e presa em casa por tanto tempo me obrigou a pensar em tudo o que fiz. E só tinha coisa incrível”, diz a cantora brasileira de maior sucesso dentro e também fora do país.

 

Anitta usa: Vestido Versace vintage; brincos Maria Dolores; sandália Santa Lolla (Foto: Caroline Lima)

 

Religiosa, seguidora do candomblé, Anitta diz que descobriu sua nova potência tendo que aprender “na marra” a ficar em isolamento. “Passei a cuidar da minha alimentação, do meu sono, a me presentear com momentos, com férias.” Quando a pandemia do novo coronavírus foi declarada, a cantora, que já gravou com Madonna e com Cardi B, usava as mesmas redes sociais para desabafar que estava triste e vivendo uma montanha-russa emocional. O ano de 2020 estava programado para ser um divisor de águas em sua carreira fora do país, com o lançamento do primeiro álbum internacional, uma apresentação no Coachella, maior festival de música pop dos Estados Unidos, e participação em programas de TV norte-americanos. Tudo foi adiado. “Precisei passar de um estilo de vida todo programado para um ‘vamos ver o que vai dar’. No início, foi difícil. Sabia como seria a minha vida até o final do ano. Agora, tô adorando não saber”, diz. “Dei­xei pra trás pressa, ansiedade e agonia.”

 

 O verbo “deixar”, aliás, é o que mais tem usado neste ano em que passou a falar bem menos palavrões. Agora, quer seguir o fluxo das coisas e, por isso, afirma não ter expectativas para 2021, a não ser a de encontrar um novo amor e viver um relacionamento tranquilo. “Ainda não tive uma pessoa para ser meu parceiro, ou parceira, tanto faz, e gostaria de vivenciar essa situação.” De resto, quer ser levada pela vida. “Temos que levar essa lição de 2020, de não criar expectativa. Se acontecer, bem. Se não acontecer, tá tudo bem também.”

 

Anitta usa: Vestido Tarcisio Brandão, calcinha HaighT, brincos Maria Dolores (Foto: Caroline Lima)

 

A decisão que tomou em 2019 de não ser mais administradora da própria carreira pelo cansaço de não aguentar mais fazer os dois papéis, de artista e empresária, a ajudou a encarar todas as incertezas profissionais deste ano com mais leveza. “Não tenho mais este compromisso de ‘eu preciso ser a número 1’. Se eu tivesse essa pressão, pode ter certeza de que quem estaria comandando a minha carreira seria eu.” Diz também que não lhe falta mais nada a conquistar profissionalmente. “Já ‘tiquei’ toda a minha lista de afazeres.” Traba­lhar como atriz, dirigir e escrever estão entre as novas possibilidades vislumbradas. A cantora adoraria interpretar, por exemplo, Carmen Miranda, em uma cinebiografia sobre a artista, como suge­riu um site internacional. “Gostaria de fazer algo fora do universo da Anitta poderosa, como as pessoas estão acostumadas a me ver.” Para conseguir ser uma Penélope Cruz na atuação, como já declarou ter como meta nessa área, retomou as aulas de teatro durante a quarentena. Estudar é o que mais ama fazer, diz, e foi esse o seu ponto de apoio em 2020. Além de interpretação, fez aulas virtuais de francês, piano e política – esta última com Gabriela Prioli, advogada, professora e apresentadora da CNN.

 

A politização de Anitta neste ano surpreendeu muita gente. Antes de começar as aulas em formato de live, para quem quisesse assistir, a artista assumiu sua ignorância sobre o tema, pedindo explicações básicas, como a diferença entre os poderes Legislativo, Judiciário e Executivo, e foi alvo de chacota. Desde a última eleição presidencial, em 2018, vinha sendo cobrada por fãs para se posicionar politicamente, principalmente quando surgiu o movimento #EleNão, liderado por mulheres, pedindo que Jair Bolsonaro, que tem um histórico de declarações misóginas, não fosse eleito. Muitas figuras públicas postaram a hashtag e foram a manifestações em capitais como São Paulo e Rio. “Não dá para me posicionar sem que eu saiba do que estou falando. Não falo para dez pessoas, falo para 50 milhões de seguidores”, justifica. “Eu não queria entrar em nenhuma campanha, por mais que muitas pessoas estivessem entrando. Não queria participar de nada que, sozinha, não conseguisse levar uma conversa até o fim com propriedade de saber o que estou falando.”

 

Anitta usa: vestido Caio Vinicius X Camila Pedroza, hot pantS Haight, brincos Maria Dolores, pulseira Louis Vuitton, sandáliaS Santa Lolla (Foto: Caroline Lima)

 

Por isso, decidiu estudar. “Se agora vier alguém me entrevistar, vou saber o que falar. Não vai ser: ‘Ah, por que você postou tal hashtag?’, e eu responder: ‘Não sei’. Não tive uma educação que me estimulasse o interesse por política. E não me envergonho, porque essa é a educação oferecida para a maioria das pessoas no nosso sistema público de ensino”, diz ela, que vem de uma família pobre. Questionada se, com o conhecimento adquirido em política, poderia considerar o amigo Luciano Huck como possível opção de voto em 2022, Anitta diz que precisará voltar à sala de aula. “Pelo que conheço do caráter [dele], sim [votaria], mas precisaria estudar como para qualquer outra pessoa”, afirma. “Não dá para falar com propriedade sem ter visto propostas, postura e o direcionamento que ele vai adotar.”

 

Anitta tem manifestado seu descontentamento com Jair Bolsonaro e suas políticas ambientais, entre outras. No fim de outubro, quando o governo publicou um decreto liberando estudos para a privatização do Sistema Único de Saúde (SUS), a cantora tuitou que até pouco tempo atrás era usuária da rede pública. E questionou: “O projeto para melhorar a economia é matar quem tem menos? Aí diminui a pobreza no país?”. Seu perfil foi inundado de ataques, a maioria de cunho machista, dizendo, entre outras coisas, que uma mulher “que ganha a vida rebolando a bunda” ou que “só fala de sexo” não “é ninguém para opinar sobre política”. Dias depois, ouviu esse mesmo tipo de agressão, inclusive por parte de outras mulheres, quando criticou o comentarista Rodrigo Constantino por ele ter colocado a culpa de um estupro na vítima – num comentário feito por ele nas redes sociais sobre o caso da influenciadora Mariana Ferrer, que acusa o empresário André de Camargo Aranha de estupro.

 

Fotos: Reprodução

 

“Esses comentários dizem mais sobre quem fala do que sobre quem é tema dos ataques. A pessoa que está falando é desinformada, desprovida de conhecimento e educação. Acho importante a mulher sempre se impor”, defende. “Mas é uma linha tênue entre você rebater, mostrar força, e se afundar nesse negócio tóxico. Escolho umas mensagens para responder e dizer: ‘Ei, se manca, se mede, se mete no seu’.”

 

Neste ano, Anitta também teve que lidar com relacionamentos abusivos. Ela diz que, embora não pareça, se coloca nesse tipo de relação há muitos anos e, por isso, já consegue identificá-lo e está aprendendo a sair desse padrão. “É uma questão de coragem, de colocar para fora. E tem coisas que até hoje não tenho coragem [de colocar para fora]”, fala. A cantora diz que prefere não explorar esse tema porque ele será abordado, de “maneira profunda”, em sua nova série documental para a Netflix: Anitta Made in Honório, que estreia em 16 de dezembro. “Na série, as pessoas vão entender o porquê de eu ter tomado certas decisões na vida.”

 

Entre elas, está a de vir a público, em maio, para dizer que estaria sofrendo chantagens e ameaças por parte do colunista de celebridades Leo Dias, autor da biografia não-autorizada Furacão Anitta. Segundo Anitta, se ela não colaborasse com o jornalista, ele vazaria áudios e mensagens privadas dela. Dias negou qualquer tipo de chantagem e disse que a biografia foi feita em cola­boração com a cantora – o caso está na justiça. E, como Anitta previa, rolou um “exposed”, e áudios seus falando mal de outros famosos, como Preta Gil e Simaria, viralizaram. Ela diz que não perdeu nenhuma amizade com o ocorrido. “Pelo contrário, foi todo mundo muito compreensivo”, diz. “Já vinha me preparando para qualquer coisa que acontecesse na minha vida pessoal, e chegou o momento em que me senti preparada [para encarar as ameaças]. Podem botar o que for. Se existisse um nude meu por aí, tô superpreparada para o que vier.”

 

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O episódio, além de levantar a questão de possível abuso psicológico, fez com que algumas mulhe­res questionassem o fato de Anitta ter muitos desentendimentos com outras mulheres [ela interrompe a repórter para dizer que também tem com homens], como a ex-amiga Ludmilla – o que exaltaria a rivalidade em vez da sororidade. “Eu apoio 100% esse sentimento de sororidade. As pessoas precisam parar de dar mais valor a um desentendimento do que a 20, 30 parcerias de sucesso, de amizade”, diz. “Minha frase é: ‘Não quero guerra com ninguém’. Sou a mais pacífica, embora tenha fama de não ser. Tô sempre aberta a todos os entendimentos. Quem nunca teve desentendimentos na vida?”, ressalta. Quando não está bem com alguém, não finge. “Não sou de fingir ou fakear situações só para que o público me veja feliz o tempo inteiro. Essa não sou eu. Pessoas de verdade têm todas essas situações na vida delas: brigam, se entendem...”

 

Fonte: Marie Claire

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