21 de Maio de 2024 - Ano 10
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Internacional
06/03/2024

'Armas ao sul, fentanil ao norte': o impacto devastador do tráfico da droga na fronteira entre México e EUA

Foto: Reprodução

Paramédicos em Tijuana tem visto um número crescente de suspeitas de overdose de fentanil no turno da noite

A cena vista pelos paramédicos de Tijuana ao entrar no bar 'La Perla', nas primeiras horas da manhã, foi pesada.Dois homens estavam inconscientes - um homem corpulento esparramado no chão, seu amigo caído em uma cadeira - e com a vida por um fio.Mais uma vez, os serviços de emergência da cidade tinham sido chamados após uma suspeita de overdose de fentanil – algo cada vez mais comum nos turnos noturnos, segundo o paramédico Gabriel Valladares.

 

"Está piorando. Estamos vendo cada vez mais, e é sempre fentanil", diz ele.“Geralmente vemos duas ou três overdoses por noite. Mas já tivemos seis ou sete casos em uma única ligação – provavelmente porque todos consumiram a mesma substância”, acrescenta Gabriel.Integrantes da equipe de paramédicos rapidamente iniciaram a massagem cardíaca nos dois pacientes, enquanto outros prepararam doses de Narcan, o medicamento mais eficaz para reverter uma overdose de fentanil.

 

Os dois homens talvez não soubessem que estavam tomando fentanil. Como o opioide é barato e fácil de produzir e transportar, os cartéis de drogas mexicanos começaram a misturá-lo a drogas recreativas como a cocaína.A cidade fronteiriça mexicana sofre com uma grande epidemia de drogas. Mas o presidente do país, Andrés Manuel López Obrador, minimiza a extensão do problema.

 

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“Não produzimos fentanil aqui. Não consumimos fentanil aqui”, disse ele no ano passado. Após a fala polêmica, ele prometeu apresentar nova legislação ao Congresso para proibir o consumo de fentanil e outros opiáceos sintéticos.Os que trabalham na linha de frente de Tijuana temem que isso seja pouco ou chegue tarde demais.

 

Apreensão de drogas em Tijuana

 

O diretor dos serviços forenses do Estado, César González Vaca, conta que há mais de um ano seu departamento testa todos os cadáveres que chegam aos necrotérios em duas cidades fronteiriças, Mexicali e Tijuana, para detectar a presença de fentanil.O estudo mostrou que cerca de um em cada quatro corpos em Mexicali continha fentanil, diz ele, e em julho passado, as estatísticas para Tijuana eram de um em cada três.

 

“Parece que quanto mais perto estamos da fronteira, mais vemos o consumo dessa droga”, explica González Vaca. “Infelizmente, não podemos comparar com outros Estados da República, pois, na Baixa Califórnia, somos o primeiro Estado a realizar esse estudo”, acrescenta, incentivando os seus pares de todo o país a ajudarem a construir um quadro nacional mais claro.Quem trabalha com os vivos em Tijuana também acha que o presidente subestimou a escala da crise no México.

 

Nellie

 Fotos: Reprodução

 

Prevencasa é um centro de redução de danos da cidade que oferece troca de seringas e atendimento médico para dependentes químicos. A diretora, Lily Pacheco, seleciona aleatoriamente duas agulhas usadas e dois frascos de medicamentos vazios de sua unidade de descarte.Todos os quatro itens testam positivo para fentanil. A cidade está inundada com a droga, diz Pacheco.

 

"É claro que o fentanil existe. Sugerir o contrário é uma falta de reconhecimento dessa realidade. Temos as provas aqui mesmo", diz ela, apontando para as tiras de teste."As overdoses que vemos, e todos aqueles que morreram por causa do fentanil também fazem parte dessa evidência. Ignorar o problema não o resolverá. Pelo contrário, as pessoas continuarão morrendo."

 

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No final da nossa entrevista, surge subitamente uma imagem ainda mais visceral que os testes de fentanil em seringas descartadas.Lily Pacheco é levada às pressas para fora, onde alguém está tendo uma overdose na rua. Ela também carrega Narcan doado por uma instituição de caridade dos Estados Unidos, após ter tido seu financiamento federal cortado, e salva a vida do homem.Ele teve a sorte que muitos não tiveram. 

 

Fonte: BBC

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