Elas não se configuram como uma consulta, sempre procure seu médico antes de tomar qualquer decisão sobre seu estado de saúde
Você pode participar mandando suas questões sobre a menopausa. As perguntas selecionadas serão respondidas pela médica ginecologista e colunista do GLOBO Marianne Pinotti e publicadas na próxima quinta-feira. Importante ressaltar que as discussões tratadas aqui vão ajudar a esclarecer dúvidas. Elas não se configuram como uma consulta, sempre procure seu médico antes de tomar qualquer decisão sobre seu estado de saúde.
Metade da população do planeta, deve passar, já passou ou está passando pela perimenopausa e menopausa. No entanto, o assunto ainda é cercado de estigma, dúvidas e falta de informações, mesmo entre a classe médica. Para ajudar as mulheres a viver essa fase da melhor forma possível, a ginecologista americana Mary Claire Haver escreveu o livro "A Nova Menopausa" (editora Intrínseca).
A menopausa é inevitável. Não é opcional. Nós, 100% de nós, passaremos por isso mas não há nada para se ter medo. É o último terço da sua vida, deve ser o melhor — diz. Na entrevista a seguir, ela fala sobre tabu, sintomas (que vão muito além de fogachos), reposição hormonal e bem-estar. Por que está se falando tanto sobre menopausa agora?
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Por três grandes motivos. Primeiro, as mídias sociais. Elas se tornaram um lugar para mulheres compartilharem histórias e encontrarem outras mulheres passando pela mesma coisa. Desde sempre, a menopausa foi envolta em segredo e vergonha e ninguém falava sobre isso. É um sinal de envelhecimento e temos esse sistema de valores baseado na cultura feminina jovem. E, de repente, as mulheres estão começando a compartilhar que todas estão passando pelas mesmas coisas.
O segundo motivo é que a Geração X não está disposta a tolerar o status quo. É a minha geração, tenho 56 anos, e minhas amigas estão olhando para esses sintomas horríveis que estão sofrendo, não só ondas de calor, mas o ganho de peso e a confusão mental, e elas dizem "eu não quero largar meu emprego", "não quero me divorciar", "não quero todas essas coisas", mas se algo não mudar, esse é o caminho. Então, o que podemos fazer sobre isso?
E elas não estão dispostas a ficar sentadas quietas e simplesmente aceitar isso tudo. Combinado a isso, elas estão olhando para suas mães, suas avós, suas tias e veem as doenças que as estão atormentando. E dizem: quero viver as últimas décadas da minha vida com a melhor saúde possível. Éramos forçadas a viver sem os benefícios de nossos hormônios sexuais por 30, 40 anos e, agora, estamos vendo doenças crônicas, doença cardíaca, demência e osteoporose, fraturas, incapacidades e fragilidades.
Ninguém espera viver para sempre, mas as mulheres querem viver mais saudáveis.Um pouco, mas acho que está mudando. E as mídias sociais estão ajudando. Nos EUA, e tenho certeza de que em outros países, estamos começando a ver líderes, celebridades, pessoas de destaque falando aberta e honestamente sobre a menopausa. Acabei de subir no palco com Oprah Winfrey, Halle Berry, Naomi Watts e Maria Shriver, todas falando sobre sua experiência.
E essas mulheres estão prosperando, estão dizendo “Estou vivendo minha melhor vida agora. Estou mais feliz do que nunca, mais saudável do que nunca. E quero que você se sinta assim também.” E para muitas mulheres é um ponto de inflexão em direção ao fim. Elas se sentiam invisíveis, como se ninguém se importasse, sendo enganadas por médicos, que não são treinados sobre a menopausa. Então, acho que está mudando, mas ainda temos um longo caminho a percorrer.
Seria curada. Quando olhamos para o National Institutes of Health, que fornece financiamento para estudos de pesquisa para coisas que não são pagas pela indústria, em 2023, menos de 1% do orçamento foi para pesquisas sobre menopausa. É metade da população que passa por isso. E quando as mulheres percebem isso, elas pensam “peraí”. Está na hora. Nos devem séculos de pesquisa.
Fotos: Reprodução
Sim, absolutamente. E é o mesmo sobre as reclamações. Se um homem disser “oh, eu tenho esse sentimento, eu tenho essa dor”, vão procurar a causa da dor. Se uma mulher tem dor, “é algo da sua cabeça”. É uma rejeição categórica. No meu programa de treinamento, falávamos da "mulher reclamona", era o que as mulheres na casa dos 40 anos representavam. “Elas ficam um pouco nervosas, reclamam muito, não há muito que possamos fazer por elas.” E era assim em outras partes do país, não era só meu programa, isso era em todo lugar. Não nos ensinavam nada, não havia nada a dizer.
O exame de sangue é normal, não há nada óbvio. Ainda não estamos treinando os médicos para reconhecer a perimenopausa e a menopausa fora as ondas de calor. Já foram feitos estudos com pacientes homens versus mulheres entrando com as mesmas queixas nos hospitais, e compararam diagnósticos, quanto tempo de espera etc.
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Descobriram que as mulheres esperam mais nas emergências, são mais propensas a receber um sedativo, um medicamento ansiolítico ou um antidepressivo em vez de medicamentos específicos para as queixas, sendo que elas estavam entrando com um ataque cardíaco, dor no peito, falta de ar. Outros estudos mostram que quando as mulheres têm um ataque cardíaco, 50% são diagnosticadas incorretamente. Isso não é culpa de um médico. É um problema sistêmico e mundial.
Fonte: O Globo