Colapso de mina de sal-gema é ponta do iceberg de décadas de negligência ambiental. Uma CPI investiga o caso
Em 1976, uma sombra se erguia na paradisíaca costa de Maceió, em Alagoas: a chegada de uma fábrica para produzir PVC, material usado na fabricação de produtos plásticos.
Aberta pela Salgema Indústria Química S/A, a fábrica construída no bairro do Pontal da Barra – um trecho entre a laguna Mundaú e o mar – era estratégico, devido à abundância em seu subsolo de sal-gema, mineral fundamental para a produção do PVC.
Porém, quase cinco décadas depois, a área se tornaria palco de uma das maiores tragédias socioambientais do Brasil: a extração de sal-gema causou o afundamento do solo em áreas residenciais, provocando o deslocamento de 60 mil pessoas de cinco bairros pelo risco de desabamento de imóveis a partir de 2018.
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Em dezembro de 2023, o rompimento da Mina 18, às margens da laguna, trouxe ainda mais impactos às suas águas e entorno.Agora, o caso volta a ter destaque com os trabalhos de uma comissão parlamentar de inquérito para investigar os danos ambientais da região e as possíveis falhas e omissões do governo e da companhia na extração de sal-gema. Ao mesmo tempo, as vítimas buscam justiça levando a empresa e suas subsidiárias internacionais a um tribunal na Holanda.
Foto: Reprodução
Para além dos impactos humanos, a área de restinga e manguezais, outrora uma paisagem idílica, foi transformada pelo avanço da indústria. “Era um verdadeiro paraíso ecológico”, disse ao Diálogo Chino o professor e ecologista aposentado José Geraldo Wanderley Marques, um dos mais longevos e firmes ativistas contrários ao empreendimento.
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Nos manguezais, aves costeiras como garças, maçaricos e colhereiros, encontravam habitat. Além disso, caranguejos, siris e peixes dependiam desse ecossistema para se alimentar e reproduzir. Com a instalação da fábrica, a região tornou-se hostil para todas essas formas de vida.
Fonte: O Eco