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26/11/2019

'Queremos o Lula candidato': em entrevista ao DCM, Gleisi Hoffmann fala dos planos do PT. Por Pedro Zambarda

Foto: Reprodução

Gleisi e Lula: “Ele será nosso candidato”

No dia 24 de novembro, Gleisi Hoffmann foi reeleita como presidente do PT.

 

A deputada recebeu 558 votos dos 792 delegados do Partido dos Trabalhadores. Disputou a presidência com Margarida Salomão e Valter Pomar. Gleisi foi eleita pela primeira vez ao comando da legenda em 2017, depois de uma indicação de Lula pela corrente majoritária Construindo um Novo Brasil (CNB).

 

Antes disso, ela foi ministra-chefe da Casa Civil de Dilma Rousseff e senadora pelo Paraná.

 

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Um dia depois da sua eleição, realizada no 7.º Congresso Nacional do PT na Casa de Portugal, centro de São Paulo, Gleisi deu entrevista ao DCM.

 

Falou sobre o futuro da legenda, as alianças, o fator Lula para organizar a oposição e as candidaturas de 2020 e 2022.

 

Diário do Centro do Mundo: Em qual direção, o PT vai andar? A eleição de 2020 é muito importante para o partido como um todo?

 

Gleisi Hoffmann: Temos algumas questões de atuação referencial do partido. A linha geral do PT vai se manter na defesa dos interesses do povo brasileiro, da vida das pessoas.

 

O foco será todo contra a agenda que é imposta pelo governo Bolsonaro, que exclui os pobres do orçamento, reduz salários, quer cobrar taxa de desempregado através do seguro-desemprego, propõe a desoneração da cesta básica e corta programas assistenciais.

 

Vamos também rever nossas ações nas redes sociais, internet e ter uma atenção especial com o trabalhador precarizado, fruto desse processo de uberização da economia.

 

DCM: A ação do partido será mais direta?

 

Gleisi: Será de denúncia do plano neoliberal e de comparação aos planos dos nossos governos. O que nós tivemos nos quase 13 anos de governos Lula e Dilma para o povo brasileiro.

 

Lançamos uma revista no Congresso do PT sobre o nosso legado na área do desenvolvimento social, econômico, na área de gestão e com todos os dados.

 

DCM: O projeto que teve participação do ex-ministro [Aloizio] Mercadante?

 

Gleisi: Não, aquele foi um plano de recuperação de emprego e renda para tirar o povo da crise econômica. Essa revista é um balanços dos governos em si.

 

Claro que, além da ação com o povo, nossas atitudes serão contra o desmonte do Estado brasileiro. As privatizações, as vendas de empresas públicas, o entreguismo, a expulsão do orçamento público, a queda dos investimentos.

 

DCM: Podemos dizer que o PT nos próximos anos fará denúncia?

 

Gleisi: Denúncia e forte oposição. A agenda neoliberal deles é uma coisa absurda. Estamos voltando para a década de 90. Até antes, se você pensar melhor.

 

Estamos voltando ao Chile de Pinochet. O Guedes andou por lá e está querendo aplicar aqui. É muito retrocesso.

 

Se a gente não tiver uma reação contundente para barrar isso, vai ficar muito difícil para o povo recuperar o Estado brasileiro como um indutor de crescimento.

 

DCM: A liberdade de Lula ajuda o PT a ter contundência contra essa agenda de Bolsonaro, do bolsonarismo e de Paulo Guedes?

 

Gleisi: Não há dúvida alguma. O presidente Lula já polarizou o debate. Ele já colocou na principal pauta política a questão da economia e a questão social. Tanto que o Bolsonaro está correndo atrás agora. Eles querem fazer projetos agora para afirmar que tem ‘ação social’.

 

Falam em aumentar o Bolsa Família em R$ 6,81, mas aumentam a desoneração da cesta básica. A visão deles não é essa.

 

A visão deles não é social.

 

Quando eles fazem alguma coisa nesse campo, eles demonstram que não estão plenamente convencidos do que estão fazendo. Para eles, o papel do Estado não é ajudar o país, nem o povo. O Estado para eles não media as relações. Não há equilíbrio com o Estado. Para eles, serve para governar para 30% da população no máximo e para garantir, especialmente quem tem recursos, cada vez mais dinheiro.

 

DCM: Quando as eleições de 2018 acabaram, vimos muitos deputados eleitos pelo PSL. Agora o próprio Bolsonaro está saindo da legenda para criar a sua. A extrema direita parece fragmentada. Isso pode fortalecer o PT, que tem uma grande bancada e pode fazer alianças?

 

Gleisi: Acredito que o PT se fortalece pelo relacionamento direto com o povo brasileiro. Se fortalece com os vínculos, com as necessidades, de se colocar como porta-voz da resistência popular e da defesa do que as pessoas precisam para viver. Para mim, não é só o tamanho de bancada, composição partidária, mas sim a linha política que a esquerda precisa adotar.

 

Não me iludo com essa divisão entre os partidos de direita, não. Eles se dividem, vão para lá e vão para cá, mas estão todos unidos no mesmo propósito. É essa agenda neoliberal, porque eles votam em peso nela, e a questão do autoritarismo.

 

Para implantar essa agenda neoliberal, só pode ser através do autoritarismo. Neoliberalismo e democracia não combinam. Porque o povo não vai ficar quieto vendo seus direitos sendo retirados. Não vai deixar de se manifestar.

 

Essa aliança da direita do neoliberalismo que os leva para extrema direita tem como objetivo implantar uma agenda econômica de retrocessos.

 

DCM: Nem que seja à força?

 

Gleisi: Só pode ser à força. Eles estão preparando a repressão agora. Foi assim em todos os lugares do mundo. Não há uma maneira suave porque existe resistência. Por isso estão preparando um processo de repressão popular, de repressão do movimento social.

 

Estão construindo uma narrativa para afirmar que viveremos períodos de protestos de rua para eles justificarem a repressão. Isso vai acontecer, mais tempo ou menos tempo, só que eles querem dar para os movimentos de esquerda a pecha de arruaceiros, de que fazem terrorismo, para justificar uma repressão pesada.

 

Temos que ficar atentos a isso. É uma criminalização dos movimentos sociais e da política, da oposição. E o mercado financeiro não está preocupado com o regime político, se é democracia ou ditadura. Muito pelo contrário, o capitalismo se dá muito bem em ditaduras. Basta ver o que nasceu na Inglaterra vitoriana, que não era nem um pouco democrática.

 

DCM: A senhora declarou que o PT está dialogando com Boulos e Manuela D’Ávila. É um diálogo no sentido de fortalecer movimentos sociais?

 

Gleisi: Temos um diálogo com o Freixo também. O objetivo dessas alianças é também construir candidaturas, e muitas delas próprias. O Lula tem defendido isso com muita ênfase. É papel de um partido político se apresentar para a sociedade, mostrando programa e os seus quadros. É importante disputar esse programa na sociedade. Para isso nós somos criados. Então não tem razão para gente abrir mão de disputar eleições.

 

É claro que, em determinadas situações, com candidaturas mais fortes no campo da esquerda, nós queremos conversar. Hoje, por exemplo, o presidente Lula recebeu o Marcelo Freixo em São Paulo. Não pude estar porque tive que ir para Brasília.

 

Nós estamos conversando. Vamos falar com o PSB, com o PCdoB, queremos conversar com o PDT também, e cada partido tem sua estratégia. O que a gente tem é que combinar esse jogo eleitoral. Temos que acertar para que a estratégia do nosso campo político seja uma estratégia vitoriosa.

 

O PT quer, obviamente, fazer o maior número possível de prefeitos, vereadores. Isso é objetivo de qualquer partido político.

 

DCM: Por um lado, o Lupi, presidente do PDT, visitou o Lula quando ele estava preso. E temos o Ciro Gomes falando o que fala. Como ter uma aliança com o PDT considerando isso?

 

Gleisi: É isso mesmo. O nosso relacionamento é com o PDT, não com o Ciro Gomes. É um relacionamento do PT com o Carlos Lupi, com a direção do partido. Tivemos conversas com eles sobre vários temas, temos uma reunião de legendas de oposição, tivemos juntos na luta contra a Reforma da Previdência, defesa da Educação, frente nacional pela soberania contra o Bolsonaro, entre outros atos.

 

Nossa relação com o PDT é uma relação boa. Não é uma relação ruim. Não conversamos ainda sobre processo eleitoral, mas devemos conversar. Se tiver lugares onde a gente possa caminhar juntos, faremos um esforço para isso. Se não tiver, paciência.

 

Temos que ter acordo por ser do mesmo campo político. Para respeitabilidade e fortalecimento do campo da oposição brasileira.

 

DCM: Pode ser cedo para discutir, mas Lula é candidato em 2022?

 

Gleisi: Ia te falar de outro desafio que temos, que é a liberdade plena de Lula. Começou a ser feita Justiça para Lula com a decisão do Supremo Tribunal Federal de não reconhecer prisões após condenação em segunda instância. Foi uma vitória do Brasil e da democracia também.

 

Lula em liberdade, junto da gente, faz uma grande diferença. Ele é uma grande oposição, unifica esforços e é por isso que a gente insistia tanto na liberdade dele.

 

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Só que queremos o Lula livre plenamente. Para nós o julgamento importante é aquele que vai anular as decisões do Moro. Isso devolverá o direito de Lula de ser candidato. Direito político o Lula tem, porque isso só cai com trânsito em julgado. Só que queremos o Lula candidato. 

 

DCM

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