Experiência com esperma de ratos no espaço pode garantir sobrevivência humana além da Terra
Diante de crises globais como pandemias, desastres naturais e mudanças climáticas, a ideia de colonizar outros planetas deixa de ser ficção científica e se torna uma possível estratégia de sobrevivência. A reprodução fora da Terra, porém, ainda é um mistério científico que pesquisadores começam a explorar.
Uma das iniciativas mais promissoras vem de Teruhiko Wakayama, um professor do Centro Avançado de Biotecnologia da Universidade de Yamanashi, no Japão. Amostras de espermatozoides de camundongos liofilizados estão atualmente armazenadas na Estação Espacial Internacional (ISS), protegidas contra radiação.
Em 2025, essas amostras retornarão à Terra para avaliação de sua viabilidade reprodutiva. “Nossa meta é estabelecer um sistema seguro e permanente para preservar recursos genéticos da Terra no espaço, para que a vida possa ser revivida mesmo após uma destruição catastrófica”, afirma Wakayama.
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Wakayama já realizou avanços significativos na biotecnologia. Em 1997, participou da clonagem do primeiro camundongo a partir de células adultas. Depois, sua equipe desenvolveu um método de liofilização que permitiu armazenar espermatozoides de camundongos por até seis anos na ISS. De volta à Terra, as amostras foram reidratadas e deram origem a camundongos saudáveis. Os pesquisadores estimaram que esses espermatozoides poderiam permanecer viáveis por até 200 anos em espaço profundo, embora isso ainda seja insuficiente para viagens interestelares.
Atualmente, o cientista testa uma nova tecnologia que protege amostras de espermatozoides armazenadas em temperatura ambiente contra a radiação. A ideia é garantir sua preservação por tempo indeterminado no espaço.
Desde os anos 1980, cientistas têm enviado seres vivos ao espaço para investigar como a reprodução ocorre em microgravidade. Em 1989, ovos de galinha fertilizados foram enviados ao espaço em um experimento patrocinado pela rede de fast-food KFC, apelidado de “Chix in Space.”
Em 1992, girinos nascidos na missão Endeavour enfrentaram dificuldades para nadar e respirar. Já em 2007, uma barata chamada Nadezhda deu à luz 33 filhotes concebidos em órbita, que apresentaram exoesqueletos mais escuros que o normal. Ir para os mamíferos seria o próximo passo dos cientistas, com desafios bem mais complexos.
Além dos riscos biológicos, o espaço impõe severos impactos à saúde humana. A radiação cósmica pode causar mutações genéticas e aumentar o risco de câncer, enquanto a microgravidade afeta a visão, o sistema imunológico e enfraquece ossos e músculos. Esses problemas são considerados prioritários antes que estudos sobre reprodução avancem.
Os danos ao DNA de gametas podem gerar anomalias genéticas nas futuras gerações. Além disso, na falta da gravidade, o desenvolvimento de embriões humanos pode ser prejudicado.
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Apesar do foco inicial para os ratos, os pesquisadores pretendem fazer aplicações mais amplas do método para cachorros domésticos e gado para alimentação, fator essencial para possíveis colônias humanas em outros planetas. O projeto já foi aceito pelo Agência Espacial Japonesa, segue em desenvolvimento e deverá ser lançado nos próximos dois anos.
Fonte: Extra