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Novos líderes da Síria nomeiam primeira mulher para liderar Banco Central em mais de 70 anos
Foto: Reprodução

O novo governo da Síria nomeou Maysaa Sabrine como a primeira mulher a liderar o Banco Central da Síria em mais de 70 anos, confirmaram autoridades oficiais nesta segunda-feira. Antes, Sabrine atuava como vice-governadora da instituição sob o regime de Bashar al-Assad, derrubado por uma ofensiva rebelde em 8 de dezembro.

 

Apesar da nomeação, os Estados Unidos e outros governos ocidentais ainda estão céticos sobre como os rebeldes tratam as mulheres sírias, e um governo inclusivo pode ser fundamental na remoção das rigorosas sanções ao país.

 

Segundo a agência Reuters, Sabrine substituirá Mohammed Issam Hazime, que ocupava o cargo desde 2021. Ela também será uma das poucas mulheres nomeadas para um cargo de alto escalão pelos rebeldes agora no controle de Damasco.

 

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Desde a tomada rebelde, liderada pelo grupo Hayet Tahrir al-Sham (HTS), o Banco Central tem implementado reformas econômicas, como o fim da necessidade de pré-aprovações para importações e exportações e a redução de controles sobre moedas estrangeiras. Mas, apesar das mudanças, o Banco Central e a Síria permanecem sob sanções rigorosas dos Estados Unidos.

 

Como nova líder do Banco Central, Sabrine terá o desafio de estabilizar a moeda e as reservas cambiais, enquanto define políticas para estimular o crescimento. A inflação extrema tem forçado os sírios a carregar grandes quantias de dinheiro para suprir necessidades básicas, e quase um terço da população vive em pobreza extrema, segundo reportagem do Wall Street Journal.

 

Para Diana Rayes, membro não residente do Projeto Síria no Atlantic Council, um think tank de Washington, a nomeação de Sabrine é vista como um avanço para uma governança mais inclusiva e sinaliza o foco na estabilização macroeconômica e recuperação do país. Decisões do tipo são acompanhadas de perto, tanto pelos sírios no país quanto pela diáspora, como reflexo das prioridades das novas autoridades.

 

— Decisões como essas estão sendo observadas de perto pelos sírios, tanto dentro do país quanto na diáspora, pois servem como indicadores das prioridades e da direção da autoridade interina — disse Rayes ao WSJ.

 

Mas apesar das promessas do HTS de tratar todos os sírios igualmente, céticos temem que isso pode mudar após obter aprovação internacional — o grupo ainda é considerado terrorista pela ONU, pelos Estados Unidos e por alguns países europeus.

 

A nomeação de Aisha al-Debs como chefe de assuntos femininos na semana passada já havia gerado controvérsias devido a comentários depreciativos sobre direitos das mulheres, incluindo críticas a organizações de empoderamento feminino, associando-as ao aumento de divórcios no país.

 

Tais declarações levaram a pedidos por sua demissão, mas o ministro interino das Relações Exteriores afirmou que o governo apoia o papel ativo das mulheres e reconhece suas capacidades na sociedade síria. "A mulher síria tem lutado por muitos anos por uma pátria livre que preserve sua dignidade e status", escreveu Asaad al-Shaibani no X. "Trabalharemos para defender as causas das mulheres e apoiar totalmente seus direitos."

 

Antes da tomada de poder, o HTS controlava um pequeno enclave no Noroeste da Síria, onde as mulheres têm pouca visibilidade pública e quase todas usam véu. Mas agora, com a queda do regime de Assad, os rebeldes assumiram áreas maiores, incluindo a capital Damasco, conhecida por maior diversidade e liberdade para as mulheres.

 

Autoridades em Washington, segundo o WSJ, ainda avaliam se devem suspender as sanções restritivas à Síria e ao HTS, e afirmam que esperam ver um governo inclusivo tomar forma no país.

 

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— Apoiamos totalmente um processo político liderado e de propriedade da Síria que resulte em um governo inclusivo e representativo, que respeite os direitos de todos os sírios, incluindo as mulheres e as diversas comunidades étnicas e religiosas da Síria — disse a Secretária de Estado Assistente para Assuntos do Oriente Próximo, Barbara Leaf, aos repórteres no início deste mês, após se reunir com os líderes do HTS em Damasco. 

 

Fonte: O Globo

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