Análise: Inter tenta amarrar Athletico, mas repete erros fora e sai em desvantagem

O Inter enraizou em seus jogadores o plano de neutralizar a velocidade do Athletico-PR e fazer mais do que apenas se defender no gramado sintético da Arena da Baixada, na quarta-feira. Mas a estratégia tardou a sair do plano das ideias.

Um pouco pela própria postura e muito pela imposição do rival, a equipe foi encurralada em uma noite de excessos defensivos e amargou a derrota por 1 a 0 no jogo de ida da final da Copa do Brasil.

O consenso entre os colorados é de que o resultado passa longe de ser abominável ao sonho de conquistar o bi após 27 anos. Há confiança de que a equipe tem plenas condições de reverter a desvantagem para erguer o título no jogo da volta, na próxima quarta-feira, às 21h30, no Beira-Rio. Especialmente pela força caseira que beira os 80% de aproveitamento em 2019.

Veja também

Athletico vence o Inter e abre vantagem na decisão da Copa do Brasil

Escalações mostram evolução do Fla desde a última derrota para o Santos no Maracanã

Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Mas a crença tão forte no fator local como diferencial na hora decisiva também provoca a sensação de que o Inter entrou em campo para fazer do jogo de ida mero protocolo. Para fazer os 90 minutos passarem como um sopro - de muita pegada na marcação - à espera de um 0 a 0 que não se concretizou.

"O jogo está aberto, o Athletico fez uma boa partida, mas vamos levar para o Beira-Rio, com a força do grupo, da nossa torcida, com humildade. Vai ser 90 minutos de muita intensidade, que o Inter vai buscar o jogo e o resultado para levar esse título" (Marcelo Lomba)

Ataque contra defesa no 1º tempo

A tônica da partida ficou evidente tão logo Raphael Claus fez soar o apito inicial, com saída para o Athletico. Assim como as estratégias diferentes das duas equipes. Os donos da casa logo impuseram seu jogo de aproximação e velocidade em triangulações, sempre com os laterais ou extremas bem colados às linhas de lado para abrir espaço.

Ao Inter, restou se defender com compactação ferrenha em frente à área de Marcelo Lomba. Em seu 4-1-4-1 habitual, a equipe passou boa parte do primeiro tempo com os 10 jogadores atrás da linha da bola - que mal tocou. O Athletico teve um total de 73% de posse de bola, contra 27% do Inter, durante os 45 minutos iniciais.

Esta imagem diz muito do que é o jogo até aqui, com todos os jogadores de linha no campo de ataque athleticanos e oito colorados congestionando a grande área. Athletico encurrala o Inter no campo de defesa e tem 77% de posse de bola #finalnoGE pic.twitter.com/NNrYwO98Pn

— Eduardo Deconto (@_eduardodeconto) September 12, 2019

O Colorado fez um primeiro tempo de transpiração para fechar espaços. E deu certo. O Athletico abria seu jogo com os laterais e insistiu em cruzamentos bem rebatidos pela defesa do Inter. Mesmo sem a bola, os gaúchos permitiram apenas cinco finalizações do Athletico. E respondeu com quatro conclusões.

O Furacão só conseguiu ser mais incisivo quando atraiu o Inter a se adiantar um pouco. A equipe saía na transição com Bruno Guimarães e Wellington em velocidade, buscando tabelas com Marco Ruben.

- O Ahtletico tem em casa a posse, um jogo de velocidade. Se você agride alto, eles tentam fazer a construção para usar às costas da marcação a velocidade. Quando você consegue pressionar um pouco mais a saída, tira essa característica. Eles tiveram até 35, 40 minutos, mas não nos criaram perigos - analisa Odair.

Mais um erro compromete estratégia

O Inter equilibrou as ações no segundo tempo e chegou a criar chances com Patrick e Guerrero. Foi justamente em um momento de maior igualdade nas ações que a equipe sofreu o gol. E em uma espécie de déjà-vu - aquela sensação de filme repetido.

Aos 12, Edenílson tentou uma jogada de efeito no meio-campo e acabou desarmado. Bruno Guimarães progrediu em velocidade, chamou a tabela com Marco Ruben, mas foi desarmado por Rodrigo Moledo. O zagueiro saiu para fazer combate ao centroavante, que aparou a sobra e foi mais rápido: encontrou o volante livre dentro da área para fuzilar Lomba.

Curiosamente, um erro de Edenílson deu início a uma pane de quatro minutos em que o Inter sofreu dois gols na derrota por 2 a 0 para o Flamengo, pela Libertadores. Nesta quarta-feira, porém, não houve apagão.

Odair sacou Nico López para o ingresso de Wellington Silva, que tornou o Inter mais incisivo. Depois, Nonato entrou na vaga de Edenílson, também com contribuição ofensiva ao ficar mais com bola e também pisar na área. A equipe conseguiu criar chances - a principal delas com Rodrigo Lindoso dentro da área.

Meia hora de postura mais agressiva foi suficiente para o Inter encerrar a partida com mais finalizações que o Athletico - 10 a 9. As estatísticas refletem o equilíbrio tão falado por dirigentes e pelo técnico Odair Hellmann após a partida. Mas não a ponto de deixar tudo igual para o duelo da volta.

- Penso que o confronto em número de oportunidades foi muito parecido. Talvez um empate. A bola deles entrou, a nossa não - resume Odair.

Mas o Inter também passou por um susto - e tanto - que poderia ter comprometido a briga pelo título. Rony fez grande jogada individual, limpou toda a defesa colorada e saiu na cara de Marcelo Lomba. O atacante chutou forte, mas o goleiro foi ainda melhor e espalmou para escanteio.

Curtiu? Siga o PORTAL DO ZACARIAS no Facebook, Twitter e no Instagram.

Entre no nosso Grupo de WhatApp.

Após a derrota em Curitiba, o Inter precisa vencer por dois gols de diferença no duelo da próxima quarta-feira, às 21h30, no Beira-Rio, para conquistar o bicampeonato da Copa do Brasil. Uma vitória por um gol leva a decisão aos pênaltis.

Antes, a equipe tem um compromisso pelo Brasileirão. No próximo domingo, às 11h, o Colorado enfrenta o Atlético-MG no Independência, pela 19ª rodada, a última do primeiro turno.

Globo Esporte