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17/10/2019

Ansioso por causa do Enem? Saiba até que ponto isso é saudável e veja 7 dicas

Foto: Divulgação

A ansiedade pode ser um dos principais inimigos de quem fará a prova

Raphaele Farias, de 17 anos, prestará o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em novembro, com a expectativa de ser aprovada em medicina. Desde o início do ano, ouve frases como “você não pode fazer nada além de estudar”, “não se distraia”, “essa prova vai definir seu futuro”. Diante da pressão, a jovem começou a ficar ansiosa – chegou a ter duas crises. 

 

“No Brasil, a gente é submetido a um teste, em uma data específica, em que várias coisas podem dar errado. Meus pais e professores são compreensivos, mas a cobrança vem de mim mesma”, diz Raphaele. “Tive duas experiências mais fortes de ansiedade: na primeira, senti uma angústia enorme. Meus pensamentos ruins triplicaram de velocidade. Na segunda, tive palpitação, chorava muito”, conta.

 

Mas afinal, é normal se sentir assim? Segundo a psicóloga Cristiane Alasmar, do Hospital Sírio Libanês (SP), a ansiedade é esperada nessa etapa da vida. “É um momento de mudança, em que o jovem precisa decidir o que quer para a vida dele”, explica. “Envolve concorrência com outras pessoas, competição, expectativa da família e da sociedade. É natural que sinta essa pressão – desde que não afete sua saúde física e emocional.”

 

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Rita Calegari, psicóloga do Hospital São Camilo (SP), diz que chega a ser desejável se sentir ansioso. “Fico mais preocupada quando percebo que o adolescente está totalmente tranquilo, com zero de ansiedade. Minha dúvida é: será que está entendendo o quão importante é essa fase de vestibulares?”, diz.

 

Ela explica que é natural e saudável criar expectativas – seja para um processo seletivo de emprego, um primeiro dia de trabalho ou uma prova. Os candidatos ficam assustados, porque percebem que, pela primeira vez, depende deles dar uma resposta positiva à família e aos professores.

 

“Encaro como algo interessante ao crescimento do jovem. Bem-vindos ao mundo dos adultos”, diz Calegari.


Alerta


Mas atenção: a ansiedade não pode interferir na saúde do candidato. Quando Raphaele menciona que teve palpitação, percebeu que era momento de pedir ajuda. Conversou com a mãe e procurou a psicóloga da escola onde estuda.

 

Isabella Canto, de 17 anos, conta que também teve crises de ansiedade. “Procurei minha família, porque é bom saber que não está sozinho. Mas não reduziu meu mal-estar. É tanta pressão, que explode a bomba. Eu já tinha um quadro de depressão e de fobia social, então é mais difícil. A terapia está me ajudando a racionalizar”, diz.

 

A psicóloga Calegari menciona os sintomas que devem ser um sinal de que a ansiedade está merecendo atenção. “A rotina começa a ser interferida pela insônia ou excesso de sono, falta de apetite ou excessos na alimentação, alergias, alteração no funcionamento do intestino”, diz. “O jovem fica mais irritado e nervoso. Esses desequilíbrios mostram que ele está ansioso além do limite do saudável”, completa.

 

Durante as crises, o adolescente pode também ter falta de ar, tontura, taquicardia, dor de estômago. “Esses sintomas físicos mostram que é hora de procurar ajuda profissional”, explica Alasmar, do Sírio Libanês.

 

É importante que, nessa fase, os pais saibam entender o pedido de ajuda dos filhos. Segundo Calegari, devem evitar o “isso não é nada”. “Tão importante quanto pedir auxílio é saber ouvir o socorro. A família não deve sentir que fracassou na educação do adolescente. O caminho não pode ser o da culpa”, diz. O ideal é procurar um auxílio psicológico e não deixar que o jovem se isole.

 

Abaixo, confira dicas de como lidar com a ansiedade:

 

1- Fazer terapia: “É uma alternativa excelente, que ajuda na tomada de decisões e no processo de aprender a lidar com as dificuldades”, diz Alasmar. A especialista reforça que existem projetos gratuitos de assistência psicológica, principalmente em clínicas de universidades que oferecem a graduação em psicologia. “Há também terapias em grupo, nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Costumam funcionar bem para adolescentes, porque conhecerão outras pessoas em situações parecidas”, recomenda.

 

2- Respirar: Pode parecer estranho, mas a respiração é essencial para acalmar em momentos de ansiedade. “Leio bastante sobre métodos de inspirar e expirar. Percebi que, tendo saúde mental, interpreto melhor as questões e me mantenho concentrada”, conta Amanda Proença, de 17 anos, que fará o Enem nesse ano.

 

Contar até 8 inspirando, e depois até 8 ao expirar pode ajudar a tranquilizar o jovem.

 

3- Praticar esportes: Atividades físicas colaboram para a sensação de bem-estar e de relaxamento, por causa da liberação da endorfina. Também ajudam a regularizar o sono.

 

Bruna dos Santos, de 19 anos, tentou fazer terapia, mas não se sentiu confortável. Foi praticando muay thai que ela encontrou uma forma de controlar a ansiedade. “Faço aulas três vezes por semana. Isso me ajuda muito na parte de concentração e de socialização, porque acabo conversando com quem está praticando o exercício”, conta. “O gasto de energia também melhora muito meu sono.”

 

4- Cuidar da alimentação: Segundo Rita Calegari, a equação para passar por situações de estresse de uma forma saudável sempre vai incluir uma alimentação balanceada. “É preciso evitar junk food e priorizar o consumo de frutas, vegetais, legumes e proteínas. E, claro, se manter ativo. Pode ser até um passeio no parque, com regularidade”, diz.

 

5- Fazer simulados ao longo do ano: Cursinhos e colégios costumam oferecer simulados do Enem. Pode ser uma boa oportunidade para se habituar ao formato da prova e aprender a administrar o tempo disponível. “Isso diminui a ansiedade, porque você sabe o que está te esperando lá na frente”, diz Isabella.

 

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6- Ter atividades de lazer e conversar: Ter momentos de lazer, pelo menos no fim de semana, não é perda de tempo. É um investimento na saúde mental. Além disso, conversar com outros estudantes que estejam em situação semelhante também ajuda a diminuir a ansiedade. As redes sociais podem facilitar essa aproximação com outros vestibulandos.

 

7- Procurar ambientes calmos: É importante procurar lugares que tragam a sensação de bem-estar. Vale colocar uma música calma e respirar fundo. “Não gosto de ficar em locais agitados, porque não me trazem paz nesse momento. Tenho até um hábito curioso: arrumar meu quarto me ajuda a focar em outra tarefa. Parece que estar em um ambiente sob controle me acalma”, comenta Raphaele.

 

Raphaele Farias, de 17 anos, teve duas crises de ansiedade. Ela quer cursar medicina. — Foto: Arquivo pessoal

Raphaele Farias, de 17 anos, teve duas crises de ansiedade. Ela quer cursar medicina. — Foto: Arquivo pessoal

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