Augusto Aras
Depois de matutar no fim de semana, o procurador-geral da República, Augusto Aras, mudou de tática. Se na sexta-feira passada, em videoconferência com colegas do Conselho Superior do Ministério Público, descontrolou-se, hoje, novamente reunido com grupo, pregou o diálogo. Resta saber quanto tempo vai durar.
A mesma proposta de temperança já havia sido feita na sexta-feira por um subprocurador quando o grupo opositor ao atual PGR queria ler uma nota com críticas à condução de Aras no caso da investigação de supostos abusos cometidos pela Força-Tarefa da Lava-Jato em Curitiba. A sugestão de então, feita pelo subprocurador José Eleares, era de que se evitasse exposição externa das divergências. E que se discutisse internamente, sem escaramuças públicas.
Aras ouviu a nota recheada de críticas por ter o próprio PGR falado publicamente de investigações internas contra colegas. Ficou irritado e rebateu em tom para lá de duro. Ao final, nem esperou os colegas. Levantou-se da mesa e deixou os demais colegas a ver uma mesa vazia com a reunião de sexta-feira encerrada de supetão.
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Hoje, pareceu seguir o conselho da discrição. Abriu nova reunião falando em evitar "embates desnecessários". Após a declaração a reunião deixou de ser transmitida. Sob argumento de que havia questões administrativas a tratar no Conselho Superior, o encontro passou a ser reservado. Assim, as divergências ficaram para serem resolvidas a portas fechadas.
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A investida contra a Lava-Jato veio pelo Diário Oficial, também sem alarde. A corregedoria do MPF abriu uma "correição extraordinária" para apurar a existência de supostos processos invisíveis no sistema eletrônico do MPF de Curitiba. Assim, Aras parece querer preservar a si e também o MPF da lavação de roupa suja sobre suas divergências. Se isso vai durar, é difícil saber.
O Globo