Bolsonaristas emplacam narrativa de 'perseguição' nas redes e dominam repercussão sobre operação da PF contra Ramagem

Alvo de mandados de busca e apreensão por parte da Polícia Federal nesta quinta-feira, o deputado federal e pré-candidato à prefeitura do Rio, Alexandre Ramagem (PL), recebeu o endosso de seus apoiadores nas redes sociais. Segundo um levantamento da consultoria Arquimedes, feito a pedido do GLOBO, 65% das postagens que mencionaram o ex-chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) foram em sua defesa.

De acordo com a pesquisa realizada entre quinta-feira (25) e às 15h desta sexta-feira (26), 295 mil publicações foram feitas sobre o tema no X (antigo Twitter). De um lado, a repercussão favorável a Ramagem foi encabeçada pelo próprio ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que publicou um vídeo antigo no qual o deputado se defendia sobre a acusação de que a Abin teria realizado o monitoramento ilegal de pessoas durante a sua gestão.

O ex-presidente publicou a versão de Ramagem junto a data em que o vídeo fora gravado, em 15 de março de 2023.

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Na avaliação do pesquisador da Arquimedes, Pedro Bruzzi, essas gravações foram bem recebidas pelo eleitorado bolsonarista:

— O fato do delegado Ramagem ter vídeos do ano passado explicando sua versão foi percebido como um álibi forte — avalia Bruzzi.

Além dos vídeos antigos, a base de apoio recorreu a narrativa de "perseguição" e suposto uso político da Polícia Federal. O filho 03 do ex-presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) foi um dos que o caso de Ramagem com o do líder da oposição, Carlos Jordy, que se tornou alvo da PF na semana anterior.

"O que os deputados têm em comum? A possibilidade de serem prefeitos das maiores cidades do Rio de Janeiro", escreveu. Jordy é investigado no escopo da "Lesa-Pátria", que apura os ataques antidemocráticos do 8 de janeiro.

Eduardo foi acompanhado do próprio Jordy e de outros políticos como o seu irmão, o vereador do Rio Carlos Bolsonaro (Republicanos), o senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) e o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG).

Por outro lado, perfis contrários a Ramagem alcançaram 35% do debate, solicitando que a lista de pessoas supostamente monitoradas pelo software da Abin fosse disponibilizada pelas autoridades.

Entre os políticos está o deputado federal e pré-candidato à prefeitura do Rio, Tarcísio Motta (PSOL), que compartilhou a notícia de que a ex-promotora do caso Marielle Franco, Simone Sibilio, teria sido uma das monitoradas ilegalmente.

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“Por quê? Para quê? A mando de quem? Como? Com a cumplicidade de quem? Essas perguntas precisam de respostas urgentes”, disse. 

Fonte: O Globo