Inelegível até 2030, ex-presidente renova juras de fidelidade a americano: Ele gosta de mim
Jair Bolsonaro tem um sonho. Quer usar a vitória de Donald Trump nos Estados Unidos como trampolim para voltar ao poder no Brasil. O capitão está eufórico com o triunfo da extrema direita americana. “Quase tudo o que acontece lá acontece aqui”, proclamou.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, Bolsonaro definiu a conquista do republicano como um “passo importantíssimo” para recuperar seus direitos políticos. “Acredito que o Trump gostaria que eu fosse elegível”, justificou.
À espera de um afago, o capitão abanou o rabo e estendeu a pata. “Ele gosta de mim”, disse. “É como você se apaixonar por alguém de graça, né? Essa paixão veio da forma como eu tratava ele”, prosseguiu.
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Empenhado em demonstrar fidelidade, Bolsonaro se gabou de ter sido “o último chefe de Estado” a reconhecer a vitória de Joe Biden em 2020. “Ele não esquece isso”, emendou, referindo-se a Trump. A declaração fez lembrar sua política externa rastejante, ancorada na relação de vassalagem com a Casa Branca.
Com o passaporte apreendido, o ex-presidente enviou uma caravana de aliados para fazer figuração nos EUA. Até Gilson Machado, o sanfoneiro do Alvorada, pegou carona no voo da alegria. Depois de levar uma surra na eleição do Recife, o ex-ministro ressurgiu como papagaio de pirata na festa trumpista em Palm Beach.
Apesar da torcida do capitão, nada indica que o resultado da eleição americana vá ajudá-lo a limpar sua ficha no Brasil. Ele já foi condenado a oito anos de inelegibilidade por espalhar mentiras sobre a urna eletrônica e transformar o bicentenário da Independência num ato de campanha. Ainda será julgado por crimes mais graves, como o desvio de joias da Presidência e a tentativa de golpe para se perpetuar no poder.
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Numa passagem curiosa da entrevista, Bolsonaro disse que Michel Temer poderia ser seu companheiro de chapa numa candidatura imaginária em 2026. “Ele é garantista, é um ex-presidente”, elogiou. O capitão tem muitos defeitos, mas não pode ser chamado de medroso. Depois do que aconteceu com Dilma Rousseff, sonhar com Temer como vice é uma prova de coragem.
Fonte: O Globo