Alvo de polêmica e protestos, homenagem proposta pela prefeita de Anguillara Veneta foi aprovada por Câmara Municipal nesta segunda-feira (25). Presidente brasileiro deve receber título pessoalmente durante viagem na próxima semana.
Apesar de protestos de ativistas e até grupos religiosos, que se opunham à homenagem, foi aprovada nesta segunda-feira (25) a concessão da cidadania honorária da cidade italiana de Anguillara Veneta ao presidente brasileiro Jair Bolsonaro.
O presidente deve receber o título pessoalmente durante sua viagem à Itália, na próxima semana.
A proposta foi feita pela prefeita, Alessandra Buoso, que justifica que um bisavô de Bolsonaro nasceu ali, e recebeu nove votos a favor e três contra na Câmara Municipal, de acordo com a agência italiana de notícias Ansa.
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Segundo o deputado ítalo-brasileiro Luis Roberto Lorenzato, do partido de ultradireita Liga, a ideia de conceder o título surgiu após brasileiros terem contatado autoridades da cidade e informado que pesquisas indicaram que o presidente brasileiro era descendente de um habitante de Anguillara Veneta que migrou para o Brasil.
“Pavimentada a possibilidade de uma visita diplomática brasileira, de comum acordo entre as partes, como sinal de reconhecimento, pensou-se em conferir a cidadania honorária”, diz uma nota divulgada pelo deputado em redes sociais.
A proposta da prefeita foi assinada no dia 20, mesmo dia em que o Senado brasileiro apresentou o relatório final da comissão da CPI da Pandemia, que atribuiu nove crimes a Bolsonaro (saiba mais aqui), incluindo crime contra a humanidade.
Questionada sobre o assunto, a política italiana disse que não estava ciente, de acordo com a Deutsche Welle. Ela afirmou que a homenagem não tem motivação política. "Pensei nas pessoas do meu país que migraram para o Brasil e construíram uma vida até chegar à Presidência, levando o nome de Anguillara Veneta para o mundo", disse Buoso em entrevista à Ansa.
A cidade, a 80 quilômetros de Veneza, tem apenas 4 mil habitantes.
Indignação
A homenagem provocou indignação em parte da classe política local. Antes da votação desta segunda-feira, a parlamentar Vanessa Camani, integrante da assembleia legislativa regional do Vêneto, lançou uma campanha nas redes sociais contra o título de cidadão a Bolsonaro.
"Não à cidadania a um racista, misógino e negacionista", afirma ela, que é membro da direção nacional do Partido Democrático (PD), de centro-esquerda.
A homenagem à nomeação também foi alvo de críticas de grupos religiosos e ativistas antibolsonaristas na Itália. Em carta à prefeita de Anguillara Veneta, padres missionários italianos baseados no Brasil se dizem "ofendidos, entristecidos e desconcertados".
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"Como cidadãos italianos que trabalham no Brasil há anos a serviço do povo brasileiro e da Igreja Católica brasileira (somos missionários, religiosos e 'Fidei Donum'), nos sentimos profundamente entristecidos e desconcertados. Nós nos perguntamos sobre quais méritos? Como um homem que durante anos, e continuamente, desonra seu país pode receber honra na Itália?", diz o texto.
Fonte: G1