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07/11/2023

Café, banho, mais cachaça: mitos e verdades para curar a ressaca, inclusive a moral

Foto: Reprodução

Spoiler: apesar de culturalmente disseminado, café puro e forte não funciona, tampouco banho gelado

O especialista explica ainda que, quando ingerido, o etanol funciona como um “spray” no corpo e chega a todos os lugares pelo sangue. No cérebro, ele inicialmente causa prazer, mas pode provocar amnésia alcoólica e embriaguez, além de cobrar um preço semelhante ao fígado. Por isso, se tomou mais whisky do que devia, comemorou — ou lamentou — o resultado da final do campeonato em demasia ou quer apenas se preparar caso alguma situação dessas aconteça, veja o que pode ser útil no momento de lidar com os efeitos da bebedeira.

 

Lembrete: cada pessoa responde de forma diferente. Por isso, há itens que podem funcionar melhor com alguns do que com outros, e como regra geral para a ressaca — e para a vida — quanto mais líquido, melhor, pois a água atua como “gasolina” da metabolização. A única exceção é, claro, mais álcool.

 

Nem o forte, nem o fraco. O líquido quente e amargo pode ajudar o paladar e o “bafo de álcool”, mas não tem relação farmacológica com os efeitos da ressaca. Em uma barriga já sensível pelo álcool, inclusive, o café pode piorar a situação da pessoa.

 

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No entanto, nem tudo está perdido para os amantes de café: a cafeína pode ajudar levemente na dor de cabeça de algumas pessoas que já estão acostumadas com a bebida como remédio, mas apesar da dica, “nenhum médico prescreve café para ressaca”, brinca o psiquiatra.

 

— Trabalho na área há muito tempo, então já ouvi frases como: “Doutor, quando tem fogo na mata, a única forma de acabar é colocando fogo no outro lado” — conta Guerra.

 

Há quem diga que o remédio para curar os efeitos da cachaça é… mais cachaça. A medida, comum em regiões mais interioranas, “é um erro absurdo do ponto de vista médico”, avalia o presidente do CISA, pois a adição de álcool no corpo que já está sofrendo os efeitos da bebida pode atrasar as consequências, mas a conta chega de qualquer forma.

 

KIT RESSACA

 

Comumente dado em festas de casamento, formaturas e demais celebrações, itens encontrados no “kit ressaca”, como Engov, Epocler e sal de frutas, agem, no máximo, como placebo. Alguns desses medicamentos, inclusive, têm o uso contraindicado junto a bebidas alcoólicas, como é o caso do Engov.

 

Para ajudar nas dores, remédios com ibuprofeno ou dipirona são mais aconselhados, pois aspirina pode irritar ainda mais o estômago e outros tipos de analgésicos, associados ao álcool, podem sobrecarregar o fígado.

 

Não é difícil encontrar recomendações de ovo cru e/ou cozido para ajudar na ressaca. A “base científica” costuma ser a presença do aminoácido cisteína, que “desempenha um papel no metabolismo do álcool”. No entanto, não existem estudos para apoiar a hipótese, além do risco da intoxicação com salmonella.

 

— Se fosse pela cisteína, já teriam feito um comprimido com a substância isolada, que seria mais fácil — argumenta Guerra.

 

Banhos são comuns durante a embriaguez, um estado anterior à ressaca, e podem ajudar com eventuais vômitos, mau odor e outros estados característicos de quem está “alto”. Mas no “pós”, o resultado prático é nulo, e não tem efeito na metabolização do álcool. O mesmo vale para mergulhar a cabeça em água gelada, que apesar de proporcionar um prazer momentâneo, não é prático cientificamente.

 

Também é comum a associação entre marcas de bebidas — e seus respectivos preços — e ressacas mais fortes ou mais fracas. No geral, tanto faz para o fígado se a garrafa foi cara ou barata. O mesmo vale para o tipo de bebida, já que o volume costuma compensar a diferença de teor alcoólico.

 

— A cerveja tem um teor alcoólico de aproximadamente 4% e costuma ser servida em copos ou latas de 330 ml. Isso dá aproximadamente 14 gramas de álcool puro, a mesma quantidade presente em 150 ml de vinho ou em uma dose de whisky ou cachaça (50 ml) — explica o psiquiatra.


Cor, temperatura, presença ou não de gás e/ou gelo também não alteram a sensibilidade ao álcool e, consequentemente, não mudam os sintomas da ressaca.

 

Há, porém, bebidas feitas de forma artesanal, que podem apresentar substâncias mais prejudiciais ao corpo humano. Segundo Guerra, somente nesses casos que o corpo vai diferenciar as bebidas.

 

— Conheço pessoas que falam que correm e sentem o álcool evaporar através da pele — menciona o representante do CISA.

 

Exercícios físicos contribuem na ressaca, mas de outra forma. E assim como a hidratação, quase sempre é aconselhável, pois acelera o metabolismo e, consequentemente, colabora na performance das células responsáveis pela eliminação do etanol do corpo. Leves caminhadas já ajudam.

 

A pesquisa “Os jovens e beber com moderação no Brasil”, realizada pelo Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica) a pedido do CISA, revelou neste ano que preocupações de ordem social, como o medo de “dar vexame”, ser julgado ou se prejudicar no trabalho, são determinantes para adultos entre 18 e 24 anos moderarem o consumo de álcool, mais até do que os potenciais efeitos ao corpo.

 

Em eventuais falas inapropriadas, faltas a compromissos, ligações para um(a) ex ou traições, a psicóloga Isabella Oliveira, que atua com redução de danos e riscos ao uso prejudicial de álcool e outras drogas, avalia que o jeito é lidar com as consequências.

 

— Muitas pessoas usam o álcool como desculpa para fazer coisas que são passíveis de julgamento moral — destaca Isabella. — Não tem muito uma dica, a pessoa tem que arcar com as escolhas — acrescenta.

 

No entanto, a psicóloga afasta o sentimento de “culpa” que o relaxamento provocado pela bebida possa provocar, desde que dentro do bom senso.

 

— O caminho é se despir da moral cristã que somos incluídos e se colocar como um sujeito de desejos. Largar um pouco o julgamento e curtir o que quiser curtir — conclui.

 

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Tanto para a ressaca moral quanto para a física, não existem fórmulas ou receitas milagrosas. A recomendação dos especialistas fica sempre a cargo do uso moderado, visto que não há níveis seguros da ingestão do álcool, da hidratação e do consumo de alimentos, sobretudo de digestão lenta, como arroz integral, peixe e frango antes da “farra”. 

 

Fonte: O Globo

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