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31/08/2022

Caso de brasileiro que teve cabeça perfurada por barra mostra que cérebro é capaz de se recuperar

Foto: Reprodução

Em 2012, um operário da construção civil do Rio, de 24 anos, teve uma barra de ferro atravessada na cabeça. Quem testemunhou a cena jamais poderia esperar que o homem sobrevivesse. Hoje, ele tem vida praticamente normal.

 

Depois de dez anos estudando o caso, cientistas brasileiros e americanos conseguiram comprovar o motivo do "milagre": o lado do cérebro não afetado pelo acidente assumiu as funções da área lesionada. A descoberta inédita, publicada na revista Lancet, abre caminho para novos tratamentos.

 

O acidente foi em 16 de agosto de 2012. Ele amarrou um vergalhão de 2,5 metros de comprimento. Fez sinal a um colega que estava a 15 metros de altura para que puxasse a barra de ferro. Quase chegando ao seu destino, o vergalhão se soltou e caiu na cabeça do trabalhador. Foi um impacto de cerca de 300 quilos. A barra entrou pelo lado superior direito da cabeça, e a ponta saiu entre os olhos.

 

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Mesmo com o vergalhão atravessado na cabeça, o jovem chegou ao hospital lúcido e orientado. Foi submetido a uma cirurgia de seis horas e ficou duas semanas internado. Segundo os médicos que o atenderam, ele perdeu aproximadamente 11% de massa encefálica.

 

A perda foi do lado direito do córtex pré-frontal. Essa região do cérebro é uma das mais importantes: responsável pela tomada de decisões, comanda impulsos, atenção, raciocínio, planejamento das ações e controle das emoções.

 

HISTÓRICO

 

O único registro disponível na história da medicina de acidente similar indicava que o operário teria alterações comportamentais significativas. Foi em 1848. O operário americano Phineas Gage, de 25 anos, sofreu um acidente muito parecido com o do brasileiro. Perdeu cerca de 15% de massa encefálica. A única diferença foi que, no caso de Gage, a barra de ferro entrou pelo lado esquerdo da sua cabeça.

 

Os relatos mais conhecidos da época, no entanto, dão conta de que, após o acidente, o americano se tornou agressivo e grosseiro. São recorrentes as descrições de que ele "não era mais o mesmo homem".

 

Pesquisadores da Fiocruz, da UFRJ, no Rio, e da Escola de Medicina Albert Einstein e da Universidade de Nova York, nos EUA, decidiram acompanhar o caso recente. Queriam traçar paralelos. O trabalho é fruto da tese de doutorado de Pedro de Freitas, sob orientação do professor Renato Rozental, pesquisador da UFRJ e da Fiocruz.

 

A pesquisa contou com recursos não disponíveis na época do acidente com o americano: exames como tomografia, eletroencefalograma, ressonância magnética, modulação da atividade elétrica cerebral e exames neuropsicológicos para avaliar as disfunções no lobo frontal e estimar as consequências da lesão.

 

O operário brasileiro não apresentou alterações no comportamento. A única sequela do grave acidente é uma epilepsia pós-traumática. É comum em caso de ferimentos graves na cabeça e é controlável com medicamentos. Os pesquisadores começaram, então, a questionar os relatos relacionados a Phineas Gage. Descobriram outras impressões, menos conhecidas. E sustentam que ele não teria tido alterações comportamentais.

 

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"Os relatos da época em que ele morou no Chile (de 15 a 20 anos depois do acidente nos EUA) não descrevem um homem grosseiro. Lá, ele trabalhou como cocheiro, lidava com cavalos, que são animais sensíveis, e com o transporte de passageiros em charrete. Era tido como uma pessoa educada, sensível e responsável.", conta Renato Rozental. "Nosso estudo acabou contribuindo também para a compreensão do caso de Phineas Gage, considerado um dos grandes mistérios da neurociência."

 

Fonte: R7

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