Exames em 338 trabalhadores da indústria de carne suína apontam que 10% já haviam sido infectados pelo patógeno
Cientistas chineses anunciaram nesta segunda-feira (29) a identificação de um subtipo de vírus da gripe em porcos que apresenta potencial para gerar uma nova pandemia. O novo patógeno é variedade predominante do vírus influenza em fazendas de suínos na China desde 2016, em 10 regiões diferentes, e sua contenção requer medidas "urgentes", dizem os pesquisadores.
O grupo, liderado por Honglei Sun, da Universidade Agricultural da China, publicou uma descrição do vírus na revista científica "PNAS", da Academia Nacional de Ciências dos EUA. Classificado num estudo com a sigla "G4 EA" (genótipo 4 da variedade Eurásia/aviária), o vírus é um derivado do H1N1, grupo de vírus do qual um outro subtipo causou a pandemia de gripe de 2009, que matou cerca de 250 mil pessoas no mundo.
Um dos aspectos preocupantes do novo vírus, de nome provisório "G4 EA H1N1", afirmam os cientistas, é que ele já parece ter alta capacidade de infectar humanos, algo que surgiu de várias evidências.
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Primeiro, o vírus tem estrutura biomolecular parecida com a variedade que causou a pandemia de 2009. Segundo, ele infectou bem células humanas cultivadas em laboratório. Terceiro, ele infectou bem furões, mamíferos que tem padrão de vulnerabilidade similar ao humano. E, por último, exames de anticorpos feitos em trabalhadores da indústria da carne suína mostraram que vários deles já haviam sido infectados pelo vírus.
De 338 operários que se submeteram ao teste, uma parcela de 35 (10,4%) apresentou anticorpos para o G4 EA H1N1. Entre os mais jovens, de 18 a 35 anos, a prevalência foi o dobro, de 20%.
O monitoramento de vírus em porcos faz parte de um trabalho de rotina da vigilância em gripe na China, já que esses animais são considerados os "caldeirões" biológicos onde tipos diferentes de influenza se misturam e adquirem novas características. Poucos vírus, porém, ganham o status de risco que o G4 EA H1N1 recebeu.
De 179 vírus de gripe suína identificados pelos cientistas entre 2011 e 2018, o G4 foi aquele apontado com maior risco de gerar uma epidemia em humanos.
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"Controlar os vírus G4 EA H1N1 prevalentes em porcos e monitorar populações humanas, especialmente trabalhadores na indústria da pecuária suína, são medidas que devem ser implementadas com urgência", afirmam Sun e colegas no estudo.
O Globo