Com areia, gramado da Arena da Amazônia é detonado por atletas. VEJA

A Arena da Amazônia recebeu dois jogos nestas terça e quarta-feira, pela primeira rodada do Campeonato Amazonense. Na abertura, terça, o Manaus FC venceu o São Raimundo-AM por 3 a 0.

Na quarta, foi a vez do Amazonas FC bater o Fast por 2 a 1. Mas os resultados, infelizmente, não foram os protagonistas dos espetáculos.

O que mais chamou atenção, negativamente, foi a condição do gramado da Arena da Amazônia, que não estava bom. Cheio de areia e com a grama até pintada em algumas partes, o gramado foi reprovado por jogadores e técnicos.

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O goleiro Nelsinho, do São Raimundo, afirmou até que torceu o pé ao pisar num buraco. Ele foi substituído ainda no primeiro tempo da partida de abertura. Na saída, com dor e irritado, ele explicou a torção.

- Na hora que fui chutar, pisei num buraco com meu pé de apoio e estou sentindo muita dor. O gramado não está nada bom, não está fácil - disse o arqueiro, que teve lesão solidarizada pelo treinador rival da estreia, Welington Fajardo, durante entrevista concedida após a vitória por 3 a 0.

- O mínimo que poderia acontecer, na minha opinião, era preservar esse gramado. Nós somos operários do futebol. Os jogadores que jogam o Campeonato Amazonense precisam estar o tempo todo em forma para levar o pão de cada dia. Quando você vê um atleta se machucando por causa do gramado, ficamos chateado. Porque é um pai de família que está deixando de exercer sua profissão, que é jogar futebol - afirmou.

Nelsinnho e Fajardo não foram os únicos a criticarem o estado desgastado do gramado. O atacante Maikon Leite, do Amazonas FC, foi mais um a reclamar do gramado. Ele marcou o gol da vitória da Onça Pintada sobre o Fast.

O gramado não está ideal, mas não atrapalhou ninguém, conseguimos jogar da mesma maneira que estávamos pensando. Vamos torcer para que melhore, porque o espetáculo será sempre melhor - finalizou.

Quem também fez duras críticas ao gramado foi o zagueiro do Manaus FC, Thiago Spice. Através de sua rede social, ele lamentou o estado da grama.

A única parte triste do espetáculo é a situação do gramado da Arena da Amazônia, com grandes falhas no gramado. Uma pena qu edeixaram chegar a esse ponto, uma das Arenas mais bonitas do Brasil. Lamentável - concluiu.

O último jogo profissional que a Arena recebeu antes da abertura do estadual de 2020, nesta terça, havia sido no dia 18 de agosto de 2019, na final da Série D, há mais de cinco meses. De lá para cá, o estádio vinha sendo palco de campeonatos de base e, principalmente, peladas e jogos amadores.

Governo vê "boas condições"

A Fundação Amazonas de Alto Rendimento (Faar), que desde a extinção da Secreteria de Juventude, Desporto e Lazer (Sejel) vem sendo responsável pela manutenção da Arena da Amazônia e de outros dois estádios construídos para Copa do Mundo, o CT Ismael Benigno e CT Carlos Zamith, "justificou" os problemas apresentados em uma nota respondida ao Grupo Rede Amazônica, afiliada do Grupo Globo.

De acordo com o comunicado, "o trabalho de revitalização, que deveria ter sido realizado pela empresa responsável a partir do dia 29 de dezembro de 2019, data acordada entre a mesma e a Faar, só começou a ser executado no dia 11 de janeiro." A Faar ainda afirmou que, por conta deste atraso, "decidiu no início do ano finalizar o antigo acordo e trocar a empresa responsável".

Assim como outros estádios que sediaram a Copa do Mundo, como Mané Garrincha, em Brasília, e Maracanã, no Rio de Janeiro, a Arena da Amazônia desde sua inauguração sempre foi tratada pela Greenleaf. A nota, porém, não deixa claro se a ruptura de vínculo foi com a Greenleaf ou com outro parceiro.

No dia 17 de janeiro, quatro dias antes da abertura, o GloboEsporte.com recebeu uma foto do gramado, tão arenoso quanto na estreia oficial e longe da condição ideal, e conseguiu contatar um engenheiro da Greenleaf, que preferiu não comentar o assunto

No dia 15, em entrevista à CBN Amazônia, o diretor da Faar, Caio André, também não comentou nada a respeito da quebra de contrato com a Greenleaf. E não falou sobre o atraso para início da revitalização, pelo contrário. Garantiu que os gramados do Ismael Benigno (a Colina), Carlos Zamith (Coroado) e Arena da Amazônia estariam em perfeito estado para receber as partidas.

- Os estádios, como todo o ano, foram paralisados no final de dezembro para reforma, manutenção, receber nova grama, para que consigam suportar toda a temporada de 2020. Tenho visitado todos os dias os três gramados. Eles estarão em plenas condições para receber os jogos deste ano - finalizou.

Fotos: Reprodução

A Faar, por fim, também afirmou que "o gramado se encontrava em boas condições de nivelamento e sem a presença de elevações ou buracos".

Nota na íntegra

Sobre a situação do gramado da Arena da Amazônia na estreia do Campeonato Amazonense 2020, na terça-feira (21/01), a Fundação Amazonas de Alto Rendimento (Faar) esclarece que o trabalho de revitalização, que deveria ter sido realizado pela empresa responsável a partir do dia 29 de dezembro de 2019, data acordada entre a mesma e a Faar, só começou a ser executado no dia 11 de janeiro. O atraso de 13 dias, por tanto, não permitiu que o gramado estivesse em perfeitas condições para o início do campeonato.

Em virtude do não cumprimento da data para o início da revitalização, a Faar decidiu no início do ano finalizar o antigo acordo e trocar a empresa responsável, estando desde o dia 11/01 trabalhando com uma nova prestadora de serviço, que segue atuando na revitalização, (que inclui o trabalho de raspagem, aplicação de areia, adubo e grama), realizada comumente neste período do ano. De acordo com prazo estimado pelos técnicos, em cerca de dez dias o gramado estará revitalizado totalmente.

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Ainda assim, a Faar esclarece que para a partida de ontem o gramado se encontrava em boas condições de nivelamento e sem a presença de elevações ou buracos. Dessa forma, as alegações de lesão sofrida pelo goleiro do time do São Raimundo não procedem, uma vez que a lesão ocorreu em um lance normal do jogo, ao qual todos os atletas estão sujeitos.