01 de Maio de 2024 - Ano 10
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03/04/2024

Como funciona a vacina brasileira contra a cocaína

Foto: Reprodução

Desenvolvida por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a vacina pode ser a primeira antidrogas do mundo

Pesquisadores brasileiros desenvolveram, no ano passado, uma vacina contra o uso de cocaína, droga usada por cerca de 22 milhões de pessoas em 2021, segundo estimativa da Organização das Nações Unidas (ONU).

 

A vacina foi desenvolvida por cientistas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e chegou a ganhar o Prêmio Euro Inovação na Saúde em outubro do ano passado, que resultou em 500 mil euros (cerca de R$ 2,6 milhões), investidos nos estudos sobre a vacina.

 

O medicamento já passou pela fase de testes pré-clínicos, com ratos e primatas. Agora, espera pelo teste em humanos e, se aprovada, a vacina brasileira pode ser a primeira anticocaína e antidrogas no mundo.Chamada de Calixcoca, a vacina é uma alternativa terapêutica contra a dependência química da cocaína. Ela funciona bloqueando a passagem da substância até o cérebro através da produção de anticorpos.Desse modo, os usuários não iriam sentir a sensação gratificante que a cocaína provoca quando ativa a “área de recompensa” do cérebro. Isso poderia impedir o vício e a dependência de drogas.

  

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Para o professor Frederico Duarte Garcia, que liderou os estudos, a vacina possibilita a reinserção do dependente químico na sociedade. "Os nossos estudos pré-clínicos comprovam a segurança e eficácia do imunizante nessa aplicação. Ela aporta uma solução que propicia aos pacientes com dependência voltar a realizar seus sonhos”, afirmou.De acordo com o terapeuta Hanspeter Eckert, ouvido pelo site DW News, a vacina poderia vir a causar uma overdose caso sua primeira aplicação não fizesse efeito, e o usuário precisasse tomar uma dose mais alta, o que sobrecarregaria seu sistema.

 

Já Marica Ferri, do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência, defende que a cocaína em si não é um problema, mas sim seus efeitos físicos e mentais. Ela acredita que a vacina deve ser aplicada somente em usuários que já estão em terapias, pois não teria benefício em pessoas que não têm nenhum tipo de acolhimento.Garcia advertiu que a vacina não seria como uma "panaceia, sendo aplicada em um público-alvo específico, que deve ser definido após conclusão dos estudos.

 

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"Ela não seria indicada indiscriminadamente para todas as pessoas com transtorno por uso de cocaína", afirmou, em entrevista ao Portal UFMG. "É preciso fazer uma avaliação científica para identificar com precisão como ela funcionaria e para quem, de fato, ela seria eficaz”, alertou.O pesquisador também reforçou a importância do acompanhamento terapêutico junto com a aplicação da substância. “Usada em conjunto com a psicoterapia e medicamentos, essa nova vacina seria uma estratégia importante", declarou à Veja.

 

Vacina para dependência de cocaína e crack concorre a prêmio de inovação  tecnológica - Faculdade de Medicina da UFMG

( Fotos: Reprodução)

 

Em entrevista ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, do governo federal, Garcia contou que a ideia para desenvolver uma vacina contra a dependência química de cocaíba surgiu em 2014, quando o Ministério Público Estadual exigiu que os médicos deveriam declarar as grávidas dependentes para que seus filhos fossem a adoção. "Nosso ambulatório, de uma hora para outra, inundou-se de mulheres que, infelizmente, eram dependentes e estavam grávidas. Elas queriam, de alguma forma, manter a gravidez e a maternidade, inclusive como forma de superar a dependência", disse.

 

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A partir dali, os pesquisadores resolveram testar a nova estratégia. "Procuramos o professor Ângelo de Fátima , do departamento de Química da UFMG, que sintetizou uma molécula nova que se mostrou eficaz nas ratas grávidas". Os testes mostraram que os animais, recebendo cocaína de forma regular, tinham ganho de peso maior se comparado aos não vacinadas, menos abortos espontâneos e uma prole maior. Além disso, os ratinhos nasciam com os anticorpos para a cocaína e sentiam menos o efeito da droga, o que mostra que o efeito, provavelmente, é transmitido de uma geração para outra por via placentária e pelo leite materno. 

 

Fonte: O Globo

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