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19/11/2020

Crise no Fla: falta de harmonia sem Rafinha e Jesus, 'herança' de Dome e cargos para aliados

Foto: Reprodução

Rafinha, Diego, Filipe Luis e Diego Alves, a geração 85

O vestiário do Flamengo fala, apesar do silêncio dos jogadores e da diretoria após nova derrota para o São Paulo. Há um ambiente confuso no futebol do clube e não é de hoje. A eliminação da Copa do Brasil, consumada em meio a um surto de lesões de jogadores, é apenas um dos efeitos colaterais. Nem entre o elenco e a direção, o que se reflete nas mudanças recentes na comissão técnica. O excelente grupo, que até agora dava conta pela elevada técnica, não resistiu a uma série de questões extracampo que interferem nos jogos.

 

O cenário já se avizinhava no momento da saída de Jorge Jesus. Até o início da pandemia, havia harmonia plena no grupo de jogadores e funcionários e deles para com o comando do futebol, do vice-presidente Marcos Braz.

 

O adeus do português intensificou mudanças na pasta, e os atletas tentaram tomar as rédeas diante do vácuo de poder. Jesus, que centralizava todas as decisões, não deixou nenhum de seus métodos como herança, e o processo de reformulação iniciado no ano passado aumentou.

 

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Indicações pessoais


O sinal de que o clima não estava dos melhores e poderia piorar foi a saída de Rafinha para a Grécia, em agosto, após a chegada de Domènec Torrent. Desde então, o dia a dia no Ninho do Urubu passou por mudanças sensíveis. O lateral era fundamental para a harmonia do grupo. Cabeça da chamada geração de 1985 — ano do nascimento de alguns dos jogadores veteranos —, que conta com Diego Alves, Filipe Luis e Diego Ribas, Rafinha unia todos. Os mais novos, os mais velhos, os estrangeiros e até os evangélicos nos churrascos e pagodes recorrentes. Desde que saiu, o elo se afrouxou. Não há racha no elenco. Longe disso. Só não existe a mesma harmonia, aquela liga que levou às conquistas em 2019.

 

Assim, alguns interesses pessoais começaram a aparecer. Os atletas passaram a ter voz mais ativa na escolha de profissionais da comissão técnica. E conseguiram. O que fez o vice de futebol ceder. No meio deles, ficou o chefe do departamento médico, Márcio Tannure. Enquanto Marcos Braz indicou Diego Paiva, seu fisioterapeuta pessoal, que nunca havia trabalhado em clubes, os jogadores receberam aval para ter o preparador físico Rafael Winick, professor particular de atletas como Diego Ribas, Filipe Luis e Rodrigo Caio.

 

Tannure alegara que tentava oxigenar o setor com novas ideias. Demitiu o médico Gustavo Caldeira, que se destacava e era muito elogiado internamente, mas teve que "engolir" o retorno de Marcelo Soares, que trabalhara no clube com José Luiz Runco há alguns anos, em outra metodologia. Outros profissionais tambem saíram. Na verdade, o que pesou para a demissão, mesmo com a boa fase e o time ainda em viés de alta, foram a vaidade e a política interna, por alguns começarem a ganhar mais destaque que outros. O chefe do departamento trouxe para seu lado Fernando Bassan, amigo do Hospital Vitória, mas não conseguiu evitar o retorno do preparador físico Alexandre Sanz, outra indicação de Braz, que chegou a ser afastado ano passado da função e participou da campanha eleitoral da gestão atual.

 

A influência sobre a comissão técnica não para por aí. O goleiro Diego Alves ainda centraliza as discussões por renovação de contrato e tenta prevalecer na questão financeira depois de não ter seus desejos atendidos. Ele repreendeu a demissão do preparador de goleiros Nielsen Elias e não queria mais trabalhar com o atual, Wagner Miranda. Braz vetou em meio às negociações.

 

Em meio às demissões, Diego Alves deve fazer exigências para renovar com o  Flamengo; goleiro mira o Mundial de Clubes | Bolavip Brasil

Foto: Reprodução 

 

A perda dos processos de trabalho


Recentemente, a chegada do técnico Domènec Torrent foi a principal aposta pessoal do vice de futebol, sem consultar os jogadores. Não deu certo, o grupo não comprou a ideia, mesmo com o pedido de ajuda do dirigente antes da apresentação. Apesar da boa vontade, Dome foi criticado internamente por não conseguir implementar um método de trabalho, o que prejudicou o time na parte física. A equipe, por outro lado, não escondeu o entusiasmo com a chegada de Rogério Ceni. O novo técnico encontra um Flamengo fragmentado. Não apenas pelas baixas oriundas das lesões, mas com processos de trabalho deteriorados. Goza, porém, da boa vontade de todos no Ninho do Urubu.

 

Após as trocas na comissão técnica, também piorou a comunicação entre as áreas. O modo de trabalhar do Centro de Excelência em Performance, que é comandado por Tannure desde 2016, consequentemente sofreu prejuízo na tentativa de evitar tantas lesões.

 

O Flamengo não tem desde o ano passado o fisiologista Daniel Gonçalves e o fisioterapeuta Fred Manhães, ambos no Palmeiras hoje, o preparador físico Diogo Linhares, que foi para o Japão, mesmo destino do fisioterapeuta Fabiano Bastos, que deixou o clube na última semana. Também abriu mão do psicólogo Alberto Filgueiras em 2019. Ceni, assim que chegou, se assustou com o número de lesões, a queda física e o abatimento emocional.

 

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A numerosa comissão de Jorge Jesus implementou suas ideias entre junho de 2019 e o começo de 2020, e sua saída forçou um processo de reconstrução de filosofia que ainda não encontrou um novo norte. Sai rodízio, entra rodízio, o Flamengo ainda parece perdido.

 

Fonte: O Globo 

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