Principais blocos deste domingo, 1º, são na Rua da Consolação e no Parque Ibirapuera. Máscaras de proteção contra o coronavírus já aparecem incorporadas às fantasias
O encerramento do carnaval 2020 em São Paulo neste domingo, 1º, foi dos grandes blocos com as cantoras Anitta e Daniela Mercury.
A carioca se apresentou no Parque Ibirapuera pela manhã e a cantora baiana encerra a programação no início desta tarde na Rua da Consolação, no centro da capital paulista.
Apesar do tempo nublado pela manhã, o bloco de Anitta lotou o parque e fez os foliões acordarem cedo para aproveitar o último dia de carnaval. A cantora escolheu o mico-leão-dourado como tema para a sua apresentação.
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O cabeleireiro Francisco Soares, 20, veio de São José dos Campos para acompanhar o trio. Com a fantasia do clipe Vai, Malandra, ele elogiou o carnaval feito pela cantora. “Maravilhosa. Ela sempre arrasa, vim só para vê-la. Sou fã”, diz Francisco.
O local foi um ponto elogiado pelos foliões. Apesar da lotação, havia espaço para quem queria dançar junto com Anitta. “Tá bem espaçoso e bem tranquilo, só não encontrei um banheiro”, comenta Rafael Lima, 31, que ficaria no parque para aproveitar também o Bloco da Preta, com a cantora Preta Gil.
Tradição
Há mais de cinco anos finalizando a programação do carnaval oficial de São Paulo, Daniela Mercury mais uma vez trouxe à Rua da Consolação uma apresentação com tom de protesto e reivindicação. O bloco começou com a música Swing da Cor e teve como tema Arte é Resistência. “Vamos nos colorir, vamos ocupar as ruas. Essa é a maior força contra qualquer opressão”, disse Daniela ao público.
Com uma multidão atrás do trio, Daniela deu o tom da folia com discurso político e axé de sobra. “A resistência é de amor, não de partidos. Temos que vencer essa injustiça social. Vencer no direito à moradia, nos direitos humanos e no direito à resistência”, disse a cantora, que foi ovacionada pelos foliões que a seguiam.
A artista tem fãs que a esperam religiosamente no último dia de folia paulistano para curtir a festa ao lado da rainha. “Sou fã. Acho que o discurso dela é necessário para esse momento que vivemos”, explica Vanessa Sampaio, 23.
Com um vestido pintado em cima do trio, Daniela disse estar "fantasiada de rainha das artes". Com o Triatro (trio elétrico + teatro), a expectativa da equipe de organização da cantora era levar pelas ruas da cidade pelo menos 1,5 milhão de pessoas e seguir até as 20h no sentido Praça da República.
Ao longo da passagem do bloco, os telões do Triatro da rainha baiana mostravam imagens de obras brasileiras que sofreram algum tipo de censura, segunda a organização. Entre elas, Democracia em vertigem, documentário indicado ao Oscar, e os livros Memórias Póstumas de Brás Cubas e Os Sertões.
Fantasia
Com Baianidade Nagô cantado à capela com o público, a rainha da pipoca reforçou que o carnaval é uma "ocupação de arte". Seguindo o trio, as amigas Vanessa Mello, 53, e Laura Rohmelt, 55, elogiaram a energia da baiana. "Ela mistura tudo. Arte, raças, ela é maravilhosa", disse Vanessa.
Mesmo com a preocupação com a epidemia do coronavirus, que já tem dois casos confirmados em São Paulo, os foliões encontraram uma forma de se proteger e curtir o carnaval ao mesmo tempo.
O analista de recursos humanos Paulo Bispo, 36, resolveu usar uma máscara facial no bloco. “Tá na onda do coronavírus e também não queria que as pessoas chegassem diretamente em mim. Foi uma forma de me preservar. Eu vim para curtir o som”, afirmou o folião, enquanto aguardava na fila do banheiro.
"Nesse bloco eu vim protegido, mas também tô usando a máscara como fantasia. É uma preocupação e a gente tem de se proteger", brincou o autônomo Wellington Oliveira, 21. A festa de Daniela, disse, é sempre animada e sem confusão e "chega até o final sem nenhuma briga".
Fotos: Reprodução
O bloco segue tranquilo, sentido Praça da República. A artista, que pelo quinto ano consecutivo encerra o carnaval paulista, percorreu por mais de sete horas a Rua da Consolação, seguida por um mar de gente. Como ela diz, “o carnaval só acaba depois da pipoca da Rainha”.
Estadão