Dia Internacional da Mulher: A Origem
Hoje, 8 de março, comemora-se o Dia Internacional da Mulher. Mas por que um dia como esse existe? O que estamos celebrando?
Para responder essas perguntas, é preciso voltar um pouco no tempo.
Origem do Dia da Mulher
No Brasil, é muito comum associar o Dia da Mulher ao incêndio ocorrido no dia 25 de março de 1911 na Triangle Shirtwaist Company, em Nova York, quando 146 trabalhadores morreram, dos quais 125 eram mulheres. Esse episódio trouxe à tona as más condições enfrentadas por mulheres na Revolução Industrial.
No entanto, registros anteriores a 1911 apontam reivindicações de mulheres que contribuíram de forma significativa para que um momento fosse dedicado às suas causas. Confira alguns desses eventos importantes:
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FATOS MARCANTES NO MUNDO
1857: 129 operárias são trancadas e queimadas vivas pelos patrões dentro de uma fábrica de tecidos em Nova York (EUA). Elas reivindicavam a redução da jornada de trabalho de 16 para 10 horas, igualdade de salários, tratamento digno nas fábricas e o direito à licença-maternidade.
1903: Profissionais liberais norte-americanas, em união com as sufragistas, criam a Women’s Trade Union League, uma associação cujo principal objetivo era ajudar as trabalhadoras a exigirem melhores condições de trabalho.
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1908: No mês de junho, em Londres, milhares de mulheres aderem a uma manifestação em prol da igualdade econômica e política no país, a Women’s Sunday (Domingo das Mulheres), que inclui uma ampla campanha pela redução da jornada laboral e pela melhora das condições de trabalho.
1909: Em fevereiro deste ano, também na cidade de Nova York, cerca de 15 mil mulheres vão às ruas exigir melhores condições de trabalho. Elas trabalhavam até 16 horas por dia, seis dias por semana, quase sempre também aos domingos.
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1910: Na Europa, Clara Zetkin, professora, jornalista e política marxista alemã, propõe em reunião da Segunda Conferência Internacional das Mulheres Socialistas a criação de um dia em que as mulheres do mundo todo deveriam se unir para dar voz às suas lutas e reivindicações.
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1911: A proposta de Zetkin, que incluía uma jornada anual de manifestações por direitos iguais, pelo direito de votar e pelo socialismo é aprovada e culmina no primeiro dia oficial da mulher, comemorado, a princípio, no dia 19 de março, posteriormente sendo reajustado para o dia 8 de março – data que permanece até hoje.
1912: Operárias da indústria têxtil da cidade norte-americana de Lawrence, Massachusetts, entram em greve por melhores condições de trabalho. As manifestações duram três meses e são reprimidas com grande violência pelas autoridades.
As mulheres caminham com o slogan “Pão e Rosas”, onde o pão simboliza a estabilidade econômica e as rosas uma melhor qualidade de vida. O slogan é uma referência ao poema escrito por James Oppenheim, em 1911.
Veja o poema em tradução livre abaixo:
PÃO E ROSAS ( JAMES OPPENHEIM)
Enquanto vamos marchando, avançando através do belo dia,
um milhão de cozinhas escuras e milhares de fábricas cinzentas
são tocadas por um sol radioso que subitamente abre,
e o povo ouve-nos cantar: Pão e rosas! Pão e rosas!
Enquanto vamos marchando, avançando,
Lutamos também pelos homens
pois eles são filhos de mulheres,
e como mães os protegemos.
Não mais seremos exploradas desde o nascimento até à morte
os corações morrem de fome, assim como os corpos.
Dai-nos pão, mas dai-nos rosas também!
Enquanto vamos marchando, avançando,
milhares de mulheres mortas
gritam através do nosso canto o seu antigo pedido de pão;
exaustas pelo trabalho, não conheceram a arte, nem o amor, nem a beleza.
Sim, é pelo pão que lutamos, mas também lutamos por rosas!
À medida que vamos marchando, avançando
trazemos conosco dias melhores.
Erguem-se as mulheres e isso significa
Que se ergue a humanidade.
Basta de agonia para o trabalhador e de ócio para o malandro:
o suor de dez que trabalham para um que nada faz.
Queremos compartilhar as glórias da vida: pão e rosas, pão e rosas!
Não permitiremos a exploração desde o nascimento até à morte;
os corações morrem de fome, assim como os corpos :
Pão e rosas, pão e rosas!
1917: Neste ano, na Rússia, outro marco envolvendo o Dia da Mulher acontece. No dia 8 de março, um grupo de operárias sai às ruas para se manifestar contra a Primeira Guerra Mundial e a fome advinda dela. Essa manifestação é o pontapé inicial da Revolução Russa.
1975: O Dia Internacional da Mulher (dia 8 de março) é finalmente oficializado pela ONU neste ano, que também ganha o título de Ano Internacional da Mulher pelo mesmo órgão. O objetivo é lembrar as conquistas políticas e sociais das mulheres.
Fotos: Reprodução
IMPORTÂNCIA DO DIA INTERNACIONAL DA MULHER
Hoje, o Dia Internacional da Mulher é uma data não somente de homenagens, mas para ser lembrada como um marco na reivindicação da igualdade de gênero e dos direitos das mulheres, sem esquecer-se de sua origem nas lutas de mulheres operárias das fábricas nos Estados Unidos e em alguns países da Europa.
"O sentido de uma comemoração como Dia Internacional da Mulher é trazer à luz a memória de uma luta para que as tragédias – como a morte de operárias vítimas de um incêndio criminoso – não se repita".
Explica a mestre em filosofia e educação, Dalva Aparecida Garcia.
No Brasil, a data é marcada por protestos nas principais cidades, com manifestações em defesa pelos direitos das mulheres e protestos contra a criminalização do aborto e contra o feminicídio, já que o país tem a quinta maior taxa de feminicídio do mundo.
Além disso, a violência contra a mulher, incluindo ameaças, torturas psicológicas, agressões verbais e as violências física e sexual ainda tem números perturbadores. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, no último ano, 536 mulheres foram vítimas de agressão física a cada hora no Brasil.
Infelizmente, com o passar do tempo, a data ganhou um aspecto mais comercial, lotando as floriculturas e aumentando o preço do chocolate. Comemorar o Dia Internacional da Mulher vai além de mandar flores e doces. A ideia é conservar, reafirmar e promover conquistas e direitos.
"Em um momento em que as estatísticas apontam para o crescimento do feminicídio, em que o conservadorismo se alicerça alimentando concepções que pareciam ultrapassadas, é mais do que preciso fazer com que as vozes femininas ecoem com acordes diversos".
Conclui a mestre Dalva Aparecida.
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