Keiko Fujimori, candidata que representa a direita, e Pedro Castillo, nome da esquerda, durante debate no dia 30 de maio
Na esteira dos protestos e transformações políticas no Chile, da onda de manifestações contra o governo de Iván Duque, na Colômbia, da eleição de Luis Arce, do Movimento ao Socialismo (MAS), na Bolívia e do enfraquecimento da oposição liderada por Juan Guaidó e Leolpoldo López na Venezuela, a eleição presidencial deste domingo no Peru causa pânico entre setores de direita sul-americanos.
Se o candidato de extrema esquerda Pedro Castillo, do partido Peru Livre, conseguir derrotar a conservadora Keiko Fujimori, do Força Popular, o Peru se uniria a uma frente de governos esquerdistas num momento de crescente tensão social na região.
É público o vínculo do candidato do Peru Livre com o MAS e com o governo de Nicolás Maduro. Uma das primeiras consequências da eleição de Castillo seria a saída do Peru do Grupo de Lima, criado por iniciativa de Lima para pressionar pela recuperação da democracia na Venezuela.
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A Argentina de Alberto Fernández já abandonou o grupo e hoje está entre os países que defendem uma solução negociada para a crise venezuelana, que inclua a participação do governo chavista — em sintonia com vários outros governos, entre eles o de Joe Biden. Fernández foi ainda mais longe, e retirou seu país da denúncia apresentada por vários países e pela Organização de Estados Americanos (OEA) contra o Estado venezuelano no Tribunal Penal Internacional, em Haia, em 2018, por supostos crimes de lesa-Humanidade.
'Revés doloroso'
Se Castillo vencer, Maduro provavelmente será convidado para a posse, além das mais altas autoridades do governo cubano, que têm forte vínculo com Vladimir Cerrón, polêmico fundador do partido de Castillo e, como Keiko, envolvido em processos de corrupção. Para a oposição venezuelana, seria um revés doloroso, em meio a um processo global de revisão do reconhecimento ao "governo interino" de Guaidó. Isso explica por que López e sua mulher, Lilian Tintori, foram até Lima fazer campanha por Keiko.
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— Estamos vindo do futuro e no futuro, se for implementado um modelo como este, o que vem por aí é escuridão, fome, desolação e tristeza. Não queremos isso para o Peru, queremos uma democracia forte, sólida — declarou López em evento na capital peruana. — Com toda a humildade, lhes pedimos que melhorem sua democracia e não permitam que uma proposta autoritária, que promove a violência, o confronto, a divisão, destrua todo um país — discursou o líder opositor venezuelano.
Fonte: O Globo