25 de Abril de 2024 - Ano 10
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Meio Ambiente
03/04/2023

Energia verde e desenvolvimento industrial: o exemplo de Gansu

Foto: Reprodução

A política de Reforma e Abertura, lançada oficialmente em 1976 pelo então presidente Deng Xiaoping, possibilitou o rápido desenvolvimento industrial da China, que em poucas décadas tornou-se responsável pela maior parte da produção mundial de bens de consumo.

 

Mas isso teve um custo: sem dinheiro para investir em fontes de energia renováveis, a industrialização chinesa se desenvolveu com base em uma matriz energética baseada na queima de carvão, trazendo poluição severa para muitas cidades chinesas, com péssimas consequências para a saúde e a qualidade de vida da população.

 

Há ainda uma outra limitação daquele modelo de desenvolvimento: sua natureza exportadora levou a indústria a se concentrar no leste do país, perto dos portos para facilitar o escoamento da produção. Isso aumentou a lacuna de desenvolvimento entre o leste e o oeste do país.

 

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Para corrigir tais problemas, a China precisou adotar uma estratégia abrangente que engloba, dentre outros pontos, a transição para fontes de energia limpas, o desenvolvimento industrial do centro-oeste do país e uma mudança no foco de sua política industrial, da quantidade para a qualidade. Mas para efetivar tal estratégia, o país teria que lidar com duas outras questões práticas: infraestrutura e tecnologia.

 

No caso da primeira, foram necessários grandes investimentos para garantir o funcionamento adequado das cadeias de suprimentos e a interligação logística do país para atender demandas do crescente mercado interno, causando a rápida expansão das redes ferroviária e rodoviária chinesas, e a busca por rotas terrestres de comércio exterior via Ásia Central, que resultaram nos trens de carga China-Europa e nos investimentos em infraestrutura na Ásia Central por meio da iniciativa Cinturão e Rota, também conhecida no Brasil como Novas Rotas da Seda.

 

Já a segunda se refere ao desenvolvimento de um novo modelo industrial, adaptado às novas necessidades e normas ambientais da China e baseado em inovação, automação, tecnologia de ponta e novas fontes de energia.

 

O desafio tornou-se ainda maior quando a China anunciou suas ambiciosas Duas Metas de Carbono: atingir o pico da emissão de gás carbônico até 2030 e a neutralidade de carbono até 2060.

 

A província de Gansu, no noroeste da China, tornou-se um exemplo do sucesso dessas novas políticas: por estar distante dos grandes centros industriais, o enorme potencial de geração de energia solar e eólica da província era subaproveitado. Somente nas últimas décadas isso começou a mudar, graças ao deslocamento de diversas indústrias para Gansu.

 

Um bom exemplo disso é o Parque Industrial Químico da Nova Área de Lanzhou, uma zona de demonstração da absorção de indústrias transferidas. Com área de 150 quilômetros quadrados, o parque industrial foca em quatro setores chave: expansão da indústria petroquímica, produtos químicos especiais, novos materiais e pós-processamento de materiais.

 

Lá é desenvolvido o Projeto Sol Líquido, o primeiro projeto piloto da China sobre uso de energia solar para síntese de metanon pela hidrogenação do dióxido de carbono. Tal tecnologia é um avanço que promete tornar a indústria química menos dependente da queima de combustíveis fósseis.

 

Neste mesmo parque industrial há uma fábrica de folhas de cobre de alto rendimento, mais finas que um fio de cabelo e fabricadas por máquinas em ambiente livre de poeira, para bateriais de veículos elétricos, pertencente à empresa Hailiang New Energy Materials. O uso de veículos elétricos nas grandes cidades chinesas tem contribuído para a melhoria da qualidade do ar.

 

Mas é preciso atentar, que energia solar e eólica possuem uma desvantagem em relação à queima de combustíveis: a intensidade, ou mesmo falta, de vento ou luz é varia naturalmente, afetando a produção de eletricidade, ao contrário da queima de combustíveis pode ser ajustada de acordo com a demanda. Por esse motivo, dependemos, em algum grau, das usinas termoelétricas.

 

Uma boa notícia é que as termoelétricas de hoje em dia poluem menos e são mais eficientes. A maior parte da eletricidade usada no Parque Industrial de Pingliang (Zona de Alta Tecnologia) é proveniente da usina Huaneng Pinliang, uma termoelétrica a carvão que também disponibiliza vapor para o aquecimento dos imóveis no inverno.

 

Um upgrade recente aumentou a eficiência da usina e reduziu significativamente a emissão de poluentes, ao mesmo tempo que a empresa implementou um programa de economia e reuso da água usada na produção de energia.

 

Para ajudar a China a atingir as duas metas de carbono, a State Grid Corporation inaugurou em Pingliang seu primeiro escritório de negócios de créditos de carbono no noroeste do país. Com foco em consumidores individuais e pequenas e médias empresas, o escritório democratiza o acesso ao mercado de créditos de carbono, normalmente restrito às grandes empresas, permitindo que cada um dê sua contribuição para o meio ambiente e lucre com isso.

 

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A experiência de Gansu nos mostra que a China não apenas está no caminho certo para atingir as duas metas de carbono, mas també desenvolve tecnologias e práticas capazes de ajudar outros países a atingirem a neutralidade de carbono.

 

Fonte: Revista Fórum

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